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Crítica

Uma noite memorável com o espetáculo ‘Meu Corpo Está Aqui’

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No palco do teatro temos cinco atores. Bruno Ramos é surdo não oralizado, Haonê Thinar é pessoa amputada, Juliana Caldas tem nanismo e Pedro Fernandes tem paralisia cerebral com cognitivo preservado e é usuário de cadeira de rodas. Ainda tem Jadson Abraão, intérprete de Libras. É a peça Meu Corpo Está Aqui.

Tive a honra de assistir ao espetáculo “Meu Corpo Está Aqui” e, devo dizer, foi uma experiência verdadeiramente inesquecível. É muito mais do que apenas uma peça teatral; é um mergulho profundo nas vidas e nas almas daqueles que compartilham suas experiências no palco.

Desde o momento em que as luzes se apagaram e os atores entraram em cena, fui levada a uma jornada emocional intensa. Eles compartilharam suas histórias, suas alegrias e lutas, seus desejos e desafios, de uma maneira que tocou profundamente meu coração e minha mente.

Ao falar abertamente sobre relacionamentos, corpos e desejos, os atores PCDs (pessoas com deficiência) também buscam mostrar sua humanidade plena e sua capacidade de amar, desejar e se relacionar. Desse modo, o espetáculo desafia as ideias limitantes que muitas vezes são associadas às pessoas com deficiência, colocando em evidência a sua individualidade e singularidade.

Aliás, veja abaxio o ator Bruno Ramos falando sobre seu trabalho em “Meu Corpo Está Aqui”, e siga lendo:

O que mais me impressionou foi a autenticidade e a entrega dos atores e atrizes PCDs. Eles não apenas compartilharam suas experiências, mas também desafiam estereótipos e preconceitos de uma forma corajosa e inspiradora. A representatividade e a visibilidade que este espetáculo oferece são vitais para uma sociedade mais inclusiva e empática.

“Meu Corpo Está Aqui” também me lembrou da universalidade da experiência humana. Independentemente de nossas diferenças, todos nós compartilhamos desejos, sonhos, e a busca por conexão e compreensão. A peça me fez refletir sobre como podemos ser mais empáticos e compassivos em nossas interações diárias.

Esta noite no teatro não foi apenas um entretenimento, foi uma lição profunda sobre a importância da inclusão e da aceitação da diversidade. Saí do espetáculo com um coração mais aberto e uma mente mais consciente. “Meu Corpo Está Aqui” é uma experiência que todos deveriam vivenciar. Não apenas assisti a uma peça, assisti a uma transformação cultural.

Ficha técnica

Texto: Julia Spadaccini e Clara Kutner

Direção: Clara Kutner e Julia Spadaccini

Elenco: Bruno Ramos, Haonê Thinar, Juliana Caldas e Pedro Fernandes

Direção de Produção e Coordenação Geral do Projeto: Claudia Marques

Diretor Assistente: Michel Blois

Produção: Fabricio Polido

Pesquisa de dramaturgia: Marcia Brasil

Colaboração de texto: Bruno Ramos, Haonê Thinar, Juliana Caldas e Pedro Fernandes
Figurino e Cenografia: Beli Araujo

Iluminação: Paulo Cesar Medeiros

Direção de Movimento: Laura Samy

Música: Luciano Camara

Visagismo: Cora Marinho

Assessoria de Imprensa: Ney Motta

Programação Visual: Felipe Braga

Fotografia: Renato Mangolin

Redes Sociais: Rafael Teixeira

Audiodescrição: Graciela Pozzobom

Intérpretes de Libras: Jadson Abraão e Thamires Alves Ferreira

Realização: Fábrica de Eventos

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Cinema

Crítica | ‘Pedágio’ tem atuações e direção impecáveis

Novo longa de Carolina Maskowicz estreia nos cinemas em 30 de novembro.

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Pedágio.

Pedágio entra em circuito no dia 30 de novembro. Todavia, ele esteve na programação do Festival do Rio e da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Com roteiro e direção de Carolina Markowicz, tem Maeve Jinkins e Kauan Alvarenga nos papéis principais. Também integram o elenco Aline Marta Maia, Isac Graça e Thomás Aquino, que, mais uma vez, faz par com Maeve (como na série Os Outros).

A sinopse é a seguinte: uma mulher trabalha em um pedágio. Mãe solo, ela faz tudo por seu filho, porém, começa a se incomodar com vídeos performáticos que ele faz para a internet. Achando que uma terapia de conversão possa dar um basta ao que o filho faz, ela começa a juntar dinheiro para pagar uma cura gay ministrada por um famoso pastor internacional. Contudo, a forma que ela faz isso é ilegal.

Por enquanto, fique com o trailer do filme:

Brasil retratado

O filme mostra uma realidade muito comum: até onde uma mãe vai para proteger um filho. No caso, o que essa mãe acha que é proteção. Porque, para ela, colocá-lo em uma terapia de conversão é uma forma de proteção. Portanto, retrata também outra realidade mais comum ainda, infelizmente: o imenso preconceito que ainda existe contra pessoas LGBTQIAP+. E as consequências desse preconceito.

A diretora traz esse tema de uma forma muito original e criativa. Além de todo cenário não ser um que costumamos ver em filmes – todavia, afinal, é um cenário bastante brasileiro -, mostra uma mãe que tem um medo muito grande do que pode acontecer com seu filho em um lugar tão cheio de preconceitos, mas que não isola ou rechaça o filho. O longa também mostra a hipocrisia tão comum entre pessoas preconceituosas, que afirmam que ser gay é errado, mas não hesitam em trair seus companheiros sempre que há oportunidade, sendo que, segundo as regras que seguem, trair é tão errado quanto ir para a cama com alguém do mesmo sexo (enfim, a hipocrisia, não é mesmo?).

Revelação

Pedágio é um filme que consegue passar muito bem sua mensagem. E grande parte disso se dá por causa dos atores. Maeve Jinkings já é grande conhecida do público. Além de atuar em novelas, também participou de longas de renome, como O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, e Boi neon, de Gabriel Mascaro. Espera-se que ela se entregue à personagem, pois o público está acostumado com essa característica da atriz. E é o que ela faz. É possível ver como a mãe retrata ama aquele filho, e manda-lo para a dita terapia não vem de um lugar de maldade. Nem todas as outras coisas que faz. Vem de um lugar de cuidado e proteção extremos, já que, como é comum, ela é tudo que ele tem, mãe E pai.

Os atores Kauan Alvarenga e Maeve Jinkings e a diretora Carolina Maskowicz
em debate sobre o filme no Festival do Rio 2023. Imagem: Livia Brazil.

Contudo, Kauan Alvarengua, que dá vida ao filho, é uma grata surpresa, já que é novato nos longas. O jovem ator mostra um equilíbrio perfeito ao interpretar Tiquinho. Ao conversar com o ator, ele se mostrou muito feliz e chocado com a resposta do público ao filme e à sua atuação. Se continuar nesse caminho, Kauan tem muito a mostrar e a nos surpreender. E obviamente que as atuações incríveis são graças, também, à direção certeira de Carolina Markowicz.

Premiações

Pedágio foi exibido nos festivais de Toronto (Canadá) e San Sebastián (Espanha). Além disso, recebeu o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Roma (Itália). No Festival do Rio, venceu quatro categorias: melhor atriz (Maeve Jinkings), melhor ator (Kauan Alvarenga), melhor atriz coadjuvante (Aline Marta Maia) e melhor direção de arte. O longa também foi um dos pré-selecionados para a edição de 2024 do Oscar, mas Retratos fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, acabou sendo o escolhido.

A diretora Carolina Markowicz, e o ator Kauan Alvarenga conversaram um pouco comigo sobre a recepção do filme no Brasil e no exterior. Carolina também comentou sobre a mensagem de Pedágio e como é fazer cinema sendo uma mulher. Está tudo no vídeo abaixo.

Ficha técnica

PEDÁGIO

Brasil | 2023 | 101min.

Direção e Roteiro: Carolina Markowicz

Elenco: Maeve Jinkins, Kauan Alvarenga, Aline Marta Maia, Isac Graça e Thomás Aquino.

Produção: Biônica Filmes.

Distribuição: Paris Filmes.

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