Que mal há num pandeiro? Em certo momento da peça, um policial esculacha um jovem Ismael Silva com seu pandeiro e o sonho de ver suas composições ficando famosas. O samba começou como um ritmo marginal, porém, ganhou o mundo. E um dos nomes mais importantes para que isso acontecesse foi Ismael Silva. Ele trouxe um ritmo diferenciado e fez o samba evoluir, de diversas formas. Dizem que ele criouo conceito de Escola de Samba.
Num sábado à noite, em Copacabana, na Arena Sesc, pude ver a peça “Professor Samba: uma homenagem a Ismael Silva”. Felizmente presenciei três talentosos atores vivendo vários personagens com imensa versatilidade. Édio Nunes, Jorge Maya e Milton Filho se revezam no palco, interagem, dançam, e, lindamente, cantam. Ou seja, com muita habilidade vivem Ismael Silva e se desdobram em diversas outras figuras, buscando resumir um pouco da biografia do homenageado e contar a história do samba.
A narrativa se desenrola em um contexto onde o gênero musical, nascido das rodas de samba e botecos, enfrenta preconceitos e, ao mesmo tempo, se fortalece.
A princípio a trama percorre o início do século XX no Rio de Janeiro. É por ali que o personagem principal conversa com seus amigos, descobre sua vocação para artista e sofre as consequências por suas escolhas. Vemos a famosa “malandragem” carioca aparecendo. Ainda por cima, há o sobrenatural, uma entidade que procura aconselhar Ismael para que ele não se perca.
“Professor Samba: uma homenagem a Ismael Silva” é teatro, é musical, é show de samba. E funciona muito bem como tudo isso. Ainda por cima, os figurinos e o cenário de Wanderley Gomes mantém a qualidade de sempre, levando a outros tempos com beleza e elegância, entre passado e futuro.
O espetáculo percorre momentos importantes da história cultural e social do Rio de Janeiro, lembrando figuras e eventos que marcaram época, a partir das rodas da famosa Casa da Tia Ciata.
O texto de Ana Veloso consegue ser engraçado e dramático. Ela também divide a direção com Édio Nunes, e, com eficiência, entregam um espetáculo dinâmico que usa muito bem o cenário, com as mudanças das mesas e músicos de dois lados da arena. As coreografia de Edio Nunes e Milton Filho são pontuais, belas, hipnotizantes. Tem sabor de comissão de frente. Puro suco de samba.
Por fim, a iluminação de Paulo Cesar Medeiros fornece a atmosfera necessária para a abertura de portas musicais e espirituais. Além disso, a peça, logicamente, traz grandes canções do samba e de Ismael e termina numa linda catarse coletiva.
Equipe Técnica e criativa:
Idealização e Direção artística: Edio de Nunes
Texto: Ana Veloso
Direção: Ana Veloso e Edio Nunes
Direção Musical: Wladimir Pinheiro
Elenco: Edio Nunes, Jorge Maya e Milton Filho
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Cenário e Figurino: Wanderley Gomes
Desenho de Som: Thiago Silva
Coreografias: Edio Nunes e Milton Filho
Músicos: Leo Antunes, Fabio D’Lélis (Felipe D’Lélis), Marlon Júlio (Leandro Miguel) e Marcos Passos
Ass. De Direção: Caio Passos
Ass. De Iluminação: Boy Jorge
Operadora de Luz: Yasmim Lira
Montagem de Luz: Yasmim Lira e Marcos Paulo
Operador de Som: Diogo Perdigão
Microfonista estagiária: Ana Bittencourt
Designer Gráfico: Romulo Medeiros
Fotos: Ernani Pinho
Cenotécnico: Beto de Almeida
Assessoria de Imprensa: Alessandra Costa
Mídias Sociais: Milton Filho e Leandro Melo
Direção de Produção: Leandro Melo
Produção: L&T Entretenimento
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