Imagine um mundo onde a adoção é proibida, mas crianças podem ser alugadas por agências regulamentadas como se fossem produtos. É nesse cenário distópico — e estranhamente familiar — que se passa “Devolva-me”, novo longa-metragem dirigido por Camila Cohen, com roteiro de Gustavo Calenzani e produção da Multiplot Filmes, prevista para estrear nos cinemas em 2026.
Com elenco de peso e uma abordagem sensível, poética e provocadora, o filme parte de uma ficção especulativa para tocar em temas reais e urgentes: adoção, rejeição infantil, empatia e laços afetivos que resistem às leis e às convenções sociais.
Um amor que não se devolve
Na trama, a jornalista Nathalia (interpretada por Josi Larger) decide alugar a pequena Sara (Ludy Larger), após frustradas tentativas de gravidez. O que começa como um experimento pragmático se transforma em uma relação de afeto profunda e inquebrantável. Quando o sistema ameaça separar as duas, Nathalia precisa desafiar regras, estruturas e até a lógica social para lutar pelo direito de ser mãe.
A história revela uma crítica ao sistema real de adoção, onde, no Brasil, milhares de crianças são devolvidas após processos malsucedidos — um abandono secundário pouco discutido, mas devastador.
“O filme ressalta um lado cruel da humanidade, sem empatia, sem compaixão, focando no sentimento de rejeição da criança. Na nossa ficção, as crianças são tratadas como produtos, avaliadas por notas de desempenho”, explica a diretora Camila Cohen.
Realismo e fantasia em metáforas visuais
Com elementos do realismo dramático e do fantástico, Devolva-me transita por símbolos e arquétipos: uma “locadora de pessoas” serve como cenário central, com personagens como Austero (governante), Hilária (comédia silenciosa) e Nice (ação). O boxe surge como metáfora da luta interna e social, a água como trauma, e o amor materno como força que não se regula.
Devolva-me constrói uma atmosfera atemporal, utilizando figurinos e elementos visuais que mesclam o antigo e o moderno, criando um universo visual próprio, que convida o espectador à reflexão.
Devolva-me promete atravessar a ficção
Curiosamente, a protagonista de Devolva-me também vive, fora das telas, um vínculo real com a adoção. Josi Larger é mãe de Ludy Larger, com quem compartilha a cena no longa. Josi aguardou cinco anos na fila de adoção até conhecer Ludy, então com oito anos.
“Sempre sonhei em fazer um filme que falasse sobre o sentimento da criança diante da rejeição e da ausência de afeto, mas de uma forma nova, provocadora, que realmente tocasse as pessoas”, afirma Josi, que também é produtora associada do projeto.
Ludy, que já sonhava em ser atriz antes de saber que sua futura mãe era do ramo, passou por intensa preparação para o papel. Sua entrega emocional e talento nato encantaram a equipe e reforçam o impacto afetivo do filme.
Apesar da coincidência temática, a história de Devolva-me não é baseada na trajetória pessoal de Josi e Ludy, mas a vivência real da dupla certamente emprestou profundidade e autenticidade à produção.
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Elenco estelar
Além de Josi e Ludy Larger, o elenco inclui nomes consagrados do cinema e da TV brasileira como Carla Cristina Cardoso, André Mattos, Renata Castro Barbosa, André Ramiro, João Velho, Giselle Lopez, Cosme dos Santos, Rodrigo Candelot, Maria Fernanda Kopacheski, Alexandre Amador, Angela Paz, entre muitos outros.
“Nosso filme é um convite à empatia, à reparação, e principalmente, à esperança”, reforça a diretora Camila Cohen.



