Arte contemporânea provocativa que traz uma tensão entre as tradições chinesas, a política e o mundo atual em que vivemos. Isso é a base do que Ai WeiWei apresenta na exposição Raiz WeiWei que fica até o dia 4 de novembro no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro e no Paço Imperial.
A saber, essa exposição reúne vários trabalhos marcantes da carreira do artista com outros inéditos, muitos deles produzidos por artesãos que trabalharam em ateliês montados pelo próprio WeiWei em vários Estados do Brasil.
WeiWei se considera um refugiado (apesar de estar mais para exilado), pois não pode voltar para seu país de origem. Muitas obras mostram soldados, imigrantes, barracas de acampamento, helicópteros de guerra, contando histórias em um estilo baseado nas imagens da mitologia grega. Por exemplo, há esculturas em porcelana da série Vasos Empilhados com Motivos de Refugiados (2017) e a instalação Odisseia (2016), que consistem em um papel de parede impresso com desenhos em preto e branco onde aparecem alusões a mitologia grega (Zeus e Europa) e situações pelas quais os refugiados passam. O sonho de uma nova vida de forma épica.
São bem óbvias as críticas ao regime ditatorial chinês. Muitas obras são em cima de câmeras de vigilância e algemas. Weiwei já foi preso, vigiado e espancado pelo governo chinês. Relevante ao extremo para refletir sobre liberdade de expressão e arte.
Algumas obras aludem ao sexo como F.O.D.A (2018), quatro esculturas em porcelana formam sigla com as primeiras letras de alimentos brasileiros: Fruta do conde, Ostra, Dendê e Abacaxi.
Impressiona a obra feita de pipa como uma raposa-mulher e uma em que WeiWei faz um tipo de dildo (objeto sexual) a partir da pedra jade, a qual tradicionalmente representa pureza na China. Assim que as crianças chinesas nascem, ganham um bracelete de jade. Provocação pura opondo tradição e sexo.
A exposição tem curadoria de Marcello Dantas e conquistou o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) como a melhor mostra de 2018
Em frente ao CCBB, entre o Boulevard Olímpico e a Igreja da Candelária está a fotogênica obra “Forever Bicycles” (“Bicicletas para sempre”) feita com mais de mil bicicletas de aço inoxidável. Uma clara referência a um dos meios de transporte mais utilizados na China. Quem sabe não inspira os cariocas para andaram ainda mais de bicicleta e os governantes a fazerem novas ciclovias?
Serviço:
Exposição: Raiz WeiWei – Ai Weiwei
De 21.08 a 04.11.2019
Endereço e Horário:
CCBB RJ – Rua Primeiro de Março, 66 – Centro – Rio de Janeiro (Quarta a Segunda 09 às 21h)
Paço Imperial – Praça XV (Terça a Sexta de 12h às 19h; Sábado e Domingo de 12h às 18h)