Cantor, compositor, multi-instrumentista e arranjador, Gabriel Gabriel lança Na Medida, seu primeiro disco autoral, reunindo em 11 faixas uma síntese madura de ritmos, ideias e experiências acumuladas ao longo de uma trajetória intensa na música brasileira. O álbum nasce como um manifesto de equilíbrio: entre o urbano e o popular, a denúncia e o lirismo, a introspecção e a celebração coletiva.
Com uma carreira marcada por parcerias e colaborações com nomes centrais da MPB, como Gilberto Gil, João Bosco, Guinga, Milton Nascimento, Egberto Gismonti e Mestrinho, Gabriel construiu um repertório amplo também como instrumentista, dominando guitarra, saxofone, percussão, baixo, teclado e bateria. Fundador de projetos como o bloco Amigos da Onça, o Vulcão Erupçado e integrante do Cozinha Arrumada e do Forró da Taylor, o artista se consolidou como figura ativa e criativa da cena musical carioca, além de já ter se apresentado em festivais no Brasil e no exterior, passando por países como México, Itália e Polônia.
Essa multiplicidade se reflete diretamente em Na Medida. As faixas iniciais trazem um peso rítmico e uma pulsação crítica que dialogam com referências como O Rappa e Nação Zumbi, abordando temas como medo, desigualdade social e manipulação.
Logo o disco se abre para outras paisagens sonoras, como no primeiro single, Quero Viver em Paz, um reggae que propõe amor, consciência ambiental e harmonia como respostas possíveis ao caos cotidiano.
A espiritualidade e a cultura popular ganham destaque em Rainha do Mar, parceria com Xandy Carvalho, construída em ritmo de ijexá e dedicada a Yemanjá, evocando ancestralidade, fé e pertencimento. O álbum segue alternando atmosferas: das canções de amor aos momentos mais densos e introspectivos, como o blues Palavras Perdidas, que expõe fragilidades e silêncios com crueza emocional.
Um dos pontos altos do disco de Gabriel Gabriel surge na releitura de Ronco da Cuíca, de Aldir Blanc e João Bosco, em que Gabriel presta uma homenagem respeitosa aos mestres da canção brasileira.
A faixa ganha ainda a participação de Pedro Luís, reforçando o diálogo entre tradição e contemporaneidade. Já o segundo single, Não Fica de Bobeira, parceria com Hugo Ojuara, traz groove, soul e crítica social em clima festivo, impulsionado pelos coros da Família Ébano, reafirmando a coletividade como força de transformação.
O encerramento vem em tom íntimo e afetivo com Amor de Irmão, faixa-bônus dedicada ao irmão do artista, que funciona como síntese emocional do percurso proposto pelo álbum.
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Entre batuques populares, grooves urbanos, referências afro-brasileiras e ecos da canção social, Na Medida se afirma como um disco de estreia consistente, diverso e autoral. Um trabalho que traduz o momento de um artista que entende a música como espaço de encontro, reflexão e resistência, sempre buscando o ponto exato entre forma, conteúdo e sentimento.



