Um festival com foco no cinema independente e com o propósito de dar destaque à produção nacional. Esse é o Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba. A princípio, ele acontece dos dias 07 a 13 de outubro, totalmente online (como tem sido com todos os festivais em 2020). Com sete mostras compostas de filmes brasileiros e internacionais, o festival exibe, durante uma semana, longas e curtas que mostram a relação do indivíduo com a arte.
Inicialmente, o filme de abertura será Para onde voam as feiticeiras, de Beto Amaral, Eliane Caffé e Carla Caffé. O longa, que reflete sobre preconceito, mostra encenações e improvisos de artistas LGBTQIA+ em São Paulo. Posteriormente, o encerramento fica por conta de Antena da raça. É um documentário feito por Paloma Rocha, filha de Glauber Rocha, e Luís Abramo. Aliás, contrapondo projetos de Glauber com imagens do Brasil de 2018, o doc extravasa as barreiras entre realidade e arte.
Além disso, os curadores afirmam que poderemos ver também, nas obras, uma tentativa de resgate da história de locais e pessoas. As escolhas podem ter sido efeito, talvez, desse ano tortuoso que vivemos. Afinal, fomos obrigados a olhar para dentro e revisitarmos nossas próprias histórias.
Para os amantes da sétima arte
Além da exibição de filmes, o espectador também terá acesso ao Seminário de Cinema de Curitiba. Ele é, sobretudo, para quem se interessa por aprender mais sobre a linguagem cinematográfica. O espectador poderá assistir a debates com profissionais atuantes da área. A saber, a participação é gratuita pelo canal do festival no YouTube.
Nessa edição, há seis filmes, entre longas de ficção e documentários, que são inéditos no país. Todavia, as produções mais aguardadas são as da Mostra Novos Olhares. Ela é dedicada a longas que não hesitam em ousar em sua estética. Portanto, veja um pouco mais sobre cada um deles.
Agora (Dea Ferraz)
Artistas e ativistas improvisam corporalmente seus sentimentos. O contexto macro-político se entrelaça às questões íntimas. A escassez de palavras favorece a aparição dos corpos em sua máxima potência. Dessa forma, a intenção é formular uma reflexão sobre um país a partir dos movimentos.
Letra Maiúscula (Radu Jude)
O longa romeno conta a história do adolescente Mugur, perseguido pela ditadura de Nicolae Ceausescu. Assim, o diretor narra os acontecimentos através da costura entre relatórios de segurança nacional e imagens televisivas da época. O filme nos lembra, a todo momento, que a História, assim como os discursos, está constantemente em disputa.
Los conductos (Camilo Restrepo)
O cineasta colombiano nos apresenta Pinky, jovem atormentado que busca orientação em forças opostas em Medellín. Logo após sair de uma seita religiosa, consegue trabalho em uma fábrica de camisetas. Porém, no processo, se depara com violentas rupturas. Todavia, arte o ajuda a enfrentar a situação.
O ano do descobrimento (Luis López Carrasco)
Em 1992, se celebrou a Exposição de Sevilha e os Jogos Olímpicos em Barcelona. Ao mesmo tempo, um levante de trabalhadores contra a reconversão industrial tomou as ruas. Com um bar onde pessoas conversam, ouvem rádio e assistem imagens na televisão como plano de fundo, o filme cava espaços para a exumação de traumas coletivos.
O que resta/Revisitado (Clarissa Thieme)
Clarissa Thieme é artista multimídia, pesquisadora e arquivista. Em 2010, realizou um curta-metragem onde registrou espaços que serviram de palco para a Guerra da Bósnia. Em seu novo longa, ela revisita esses lugares. Filma imagens estáticas do curta enquanto conversa com os moradores locais sobre o passado e suas vidas atuais.
Pajeú (Pedro Diógenes)
Sob um regime ficcional perfurado pelo encontro com espaços reais e ilustres desconhecidos, o filme refaz o curso do rio Pajeú, em Fortaleza. Por fim, a ideia é restaurar os pedaços de sua gente. Ao mesmo tempo, Pajeú uma relação entre a invisibilidade do rio, agora muito poluído, e a protagonista, Maristela, professora recém-chegada na cidade.
Por fim, os ingressos podem ser adquiridos no site do Olhar de Cinema, por R$5. Os filmes ficam disponíveis das 06h do dia de exibição às 05:59 do dia seguinte. Toda a programação se encontra no site https://olhardecinema.com.br.
A saber, no Olhar de Cinema há sete filmes com acessibilidade: cinco com janela de Libras (A alma do gesto; A flecha e a farda; O reflexo do lago; Para onde voam as feiticeiras; Um animal amarelo) e seis com audiodescrição (A flecha e a farda; Cabeça de nêgo; Cavalo; O reflexo do lago; Para onde voam as feiticeiras; Um animal amarelo).
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