A exibição do dia 10 de outubro de Puan no Festival do Rio 2023 contou com a presença de um dos diretores do filme, além de parte da equipe. Além disso, estava presente,também, Tatiana Leite, produtora brasileiro do filme. Benjamín Naishtat, que dirigiu o longa com María Alché, disse ao público presente no dia que esperava que todos se transformassem em “Puaneiros”, como os que realizaram o filme. Digo aqui que é bem difícil não virar um.
Antes de mais nada, fique com o trailer:
Sinopse
Marcelo dedicou sua vida ao ensino de Filosofia na Universidade Pública. Seu mentor e chefe, o professor Caselli, morre repentinamente. Desorientado neste novo panorama, Marcelo imagina que herdará o posto deixado vago por seu mentor. O que ele não espera é que Rafael Sujarchuk, um filósofo carismático e pedante, formado nas melhores universidades europeias, também queira o posto. Entre seus múltiplos empregos como professor de Filosofia em periferias, na universidade e em particular para uma milionária de 80 anos de idade, ele também deve se preparar para concorrer a um cargo contra este forte adversário que parece encantar a todos. Os esforços desajeitados de Marcelo não parecem ser suficientes para conseguir o emprego, mas é realmente isso o que ele quer?”
Puan é uma coprodução brasileira e argentina. O longa ganhou dois prêmios no Festival de San Sebastian 2023: Melhor Roteiro para María Alché e Benjamín Naishtat e Melhor Ator para Marcelo Subiotto, intérprete de Marcelo, o protagonista. Está na mostra Coproduções com o Brasil da Première Latina no Festival do Rio 2023.
Está tudo nos detalhes
Puan não é uma comédia. Mas também não é um drama. Como disse Benjamín no dia 10, é um filme de perguntas. Que questiona. Deixa perguntas no ar. Para o espectador. Não sobre o filme. Não é um filme de final aberto nem nada. Mas é um filme que instiga, que incomoda em algumas partes, principalmente por vermos relações tão parecidas com a situação política e econômica do Brasil.
Puan nos mostra uma sociedade falida. Que valoriza mais o dinheiro, o status, do que a Educação, a cultura. Algo que vimos muito acontecer nos últimos anos no nosso país. Por isso o incômodo. Mas também a identificação.
Por que disse que está tudo nos detalhes? Como mencionado acima, não é uma comédia (apesar de alguns artifícios visuais comumente vistos em comédias, ou em filmes de suspense, como a câmera fechando em uma cena específica). Mas há humor. O povo argentino, assim como o brasileiro, consegue enxergar humor nos problemas (senão, como sobreviver?). E é aí que o público ri, na identificação dos problemas. Rimos para não chorar, não é esse o dito? Rimos nos pequenos atos, nas pequenas ações que vão se empilhando e se tornando, aos poucos, algo insustentável.
Roteiro de mestre!
Não é humor escrachado. É inteligente. É um roteiro muito bem escrito, feito da dupla de diretores que também o assinam. Eles conseguem construir uma narrativa que aproxima o espectador cada vez mais de Marcelo, mesmo quando não há conhecimento de Filosofia. Porque, além de deixar a Filosofia palpável (aliás, não tem como não fazer uma pequena associação à série Merlí, já que é um professor de Filosofia explicando a matéria de forma que todos entendem – e se apaixonam), fica clara, também, a relação com o tema central do filme: para onde o país – e o mundo – está se encaminhando? O que será que vai acontecer? Como dito, é um filme cheio de perguntas.
Exímia atuação
Não é difícil entender o motivo de Marcelo Subiotto ganhar o prêmio de Melhor Ator no Festival de San Sebastian 2023. Ele consegue fazer um Marcelo digno de dar pena. Suas expressões faciais e corporais demonstram, sem dificuldade, como ele está sempre um pouco desconfortável na vida. Já quando entra em sala de aula, se transforma. O ator consegue dar vida a essas dois Marcelos tão bem que nem parece a mesma pessoa. Sem contar que seus olhos expressam todo o amor que sente por Filosofia e pela faculdade onde leciona. E o espectador acompanha a olhos vistos como ele vai percebendo tudo que acontecendo ao seu redor e as reações em seu corpo. Realmente fenomenal.
Leonardo Sbaraglia também dá show como o exibido Rafael Sujarchuk. Desde que o ator aparece na tela, não precisa nem falar nada, é possível perceber quão pretensioso e vaidoso é. Um ótimo contraponto com Marcelo. Além disso, os dois têm uma química muito boa em cena.
Outro destaque é Gaspar Offenhenden, intérprete de Manolo, filho de Marcelo. O garoto é muito jovem, mas tem um papel bastante relevante, como é de costume em vários filmes, desde os anos 80, que têm uma criança que vira mestre do adulto. Gaspar atua com uma naturalidade que não é comum vermos em atores de sua idade. É pra ficar de olho!
No Festival do Rio 2023
O filme ainda não encerrou sua participação no Festival. Pode ser visto, ainda, em mais duas sessões. Na sexta-feira, dia 13, será exibido às 16h, no Estação Net Gávea 1. Já no dia 15, último dia de Festival, estará no Kinoplex São Luiz 1 às 16:15. Contudo, dessa vez, sem a presença da equipe do longa.
A saber, os ingressos podem ser adquiridos tanto na bilheteria dos cinemas como também no site da Ingresso.com.
Ficha técnica de Puan
Título original: PUAN (2023)
ARGENTINA / BRASIL / ITALIA / FRANÇA / ALEMANHA
Duração: 109min
Direção e roteiro: María Alché e Benjamín Naishta
Produção: Pasto & Pucará cine
Coprodução: Bubbles Project / Kino Produzioni / Pandora Film Produktion / Aterlier de Production / Infinity Hill
Distribuição Brasil: Vitrine Filmes – World Sales: Luxbox
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