Poucos grupos são tão conhecidos mundialmente quanto os Looney Tunes, a turma do Pernalonga e companhia continua atual mesmo após quase 100 anos de existência. Apesar de passarem por problemas com politicamente correto e o cancelamento de alguns personagens como o gambá Pepe Le Pew, algo criticado pela filha de Chuck Jones, um dos maiores diretores dos desenhos originais, e processos tumultuosos como o caso de Coyote Vs Acme (Dave Green, 2026), a franquia lança agora o seu primeiro longa metragem cinematográfico, completamente feito em animação 2d.
Antes de comentarmos o filme em si, é importante ressaltar alguns fatos. O filme intitulado Looney Tunes- O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu é a conclusão de uma série chamada Looney Tunes: Cartoons (Pete Browngardt, 2020), uma produção que reapresentou oficialmente os personagens para uma nova geração, após um processo difícil durante os anos 2010 em que diversos curtas em 3d foram lançados, sem alcançar sucesso, e os personagens foram jogados em um novo terreno com O Show dos Looney Tunes (Sam Register, 2011), uma série cancelada cedo demais, e outras produções que foram tirando mais e mais a alma lunática de seus personagens.
Apesar da força da franquia, a Warner optou por não lançar esta produção nem no serviço de streaming da MAX, e nem no cinema, justificando o fato por meio uma mudança de diretriz, felizmente, uma pequena distribuidora independente chamada Ketchup Entertainment, salvou o filme. Sendo distribuído no Brasil por meio da Paris Filmes, Looney Tunes- O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu é uma excelente adição ao número de franquias animadas televisas, que tiveram a graça de receber o tratamento de cinema.
Confira abaixo o trailer de Looney Tunes- O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu e continue lendo a crítica
Impressionante como Bob Esponja-O Filme (2004, Stephen Hillenburg) e Os Simpsons- O Filme (2007, David Silverman), foram lançados antes de uma franquia tão amada e tão longeva quanto os Looney Tunes, afinal, apesar de terem sido lançadas produções híbridas animação e live-action, como Space Jam (Joe Pytka, 1996) e Looney Tunes: De Volta À Ação (Joe Dante, 2003), esta é a primeira vez que temos uma animação 100% 2d, digna de tela grande, seja em questão de roteiro ou na construção dramática.
Looney Tunes- O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu, se inspira nos filmes B de ficção científica da década de 50/60, principalmente Vampiros de Almas (Don Siegel, 1956), e coloca Patolino e Gaguinho, juntamente com a porquinha Petúnia, no meio de uma missão para impedir uma invasão alienígena. Um fato curioso, é que os únicos Looney Tunes que aparecem na produção, são estes três, afinal, uma produção focando em todos da turma, não é um filme por si, é um caça níquel safado para atrair público, vide o problemático Space Jam: Um Novo Legado (2021, Malcom D. Lee).
A presença somente de Gaguinho e Patolino caiu como uma luva para a produção, afinal, Gaguinho é mais centrado e contido, enquanto Patolino é somente lunático, o que ocasiona atritos que engrandecem tanto a comédia quanto o núcleo dramático do filme, afinal, apesar da amizade desde berço, percebemos que a impulsividade do pato é demais para o porco aguentar, algo que nunca foi direcionado diretamente em outras esquetes do desenho.

Patolino, Gaguinho e Petúnia em cena de Looney Tunes: O Dia Que A Terra Explodiu- Divulgação Warner Bros. Entertainment Inc.
É importante ressaltar que o filme apresenta 11 pessoas com crédito na criação da história, o que percebemos ao longo da produção por meio de cenas que poderiam ser destacadas do meio e, com uma mudança ou outra, poderiam atuar de forma independente, sejam as propositais como a cena em que Patolino e Gaguinho procuram emprego, ou as não propositais, como as interações entre Gaguinho e Petúnia, porém, acredito que dentro de um filme com uma premissa tão maluca, como Looney Tunes- O Filme: O Dia Que A Terra Explodiu, os principais fatos a serem considerados são o respeito ao material original, as gags cômicas e o visual, e à isto temos pouquíssimas ressalvas.
A produção apresenta desde uma atualização humorística para a nova geração, como a tentativa de Patolino em se tornar influenciador, até as típicas palhaçadas clássicas dos Looney Tunes, mas, principalmente do pato mais amado da turma, um personagem que foi atualizado por Chuck Jones, mas, que em sua essência é exatamente o que o nome Patolino quer dizer: um pato doido.
Looney Tunes: O Dia Que A Terra Explodiu é uma narrativa perfeita para este Patolino “raiz”, afinal, vemos desde o seu flashback criança que o seu core lunático é constante, se tornando o personagem perfeito em um filme sobre uma invasão alienígena, a mando de um alien obcecado por chá de bolhas. Patolino atua como o personagem sempre presente em filmes de fim do mundo: aquele que diz a verdade e ninguém acredita. A ponto de nem mesmo o seu melhor amigo acreditar em suas loucuras.

Cena de Looney Tunes: O Dia que a Terra Explodiu- Divulgação Warner Bros. Entertainment Inc.
Gaguinho é o Ying para o Yang de Patolino, como a voz da razão, ele se recusa a abandonar o amigo, mesmo que não concorde com seu estilo de vida, ou suas escolhas, até que muda de opinião ao perceber como a impulsividade do pato pode colocar tudo a perder, desde em menor escala como o seu relacionamento com Petúnia, até na própria proteção do Planeta Terra. A produção apresenta uma mensagem clara de amizade presente desde o começo, apesar de não tão profunda quanto as da época de ouro da Pixar, ela é bem eficiente ao longo de rápidos 90 minutos, um tempo que nem sentimos passar por conta de um caótico e eficiente ritmo.
A produção apresenta um ritmo frenético, inclusive com diferentes estilos de animação experimentadas ao longo da produção, usos rápidos de metalinguagem tanto dentro da narrativa quanto fora dela, e uma agilidade visual que cresce muito ao se somar com a simples trilha de Joshua Moshier, intercalando momentos cômicos, juntamente com momentos de drama que mostram a verdadeira união e força destes personagens.
Sejam os fãs que cresceram juntamente com os Looney Tunes, ou as crianças que precisam ser introduzidas a eles, a produção apresenta algo para todo mundo, trazendo uma animação de qualidade, piadas eficientes, um respeito ao legado destes personagens tão icônicos, uma animação rica em detalhes e gags visuais, juntamente com um core dramático que emociona os fracos de coração
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Espero que consertem o erro na tradução do título: deveria ser “O dia EM que a Terra parou”!…