O cinema brasileiro ganha fôlego com a estreia de Quatro Meninas, primeiro longa-metragem dirigido por Karen Suzane, que faz sua estreia mundial na Mostra Competitiva Nacional do 58º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, celebrando os 60 anos do evento. Com roteiro de Clara Ferrer, o filme será exibido no dia 15 de setembro, às 21h, no Cine Brasília, seguido por uma sessão com debate no dia 16 e outras duas sessões extras no Sesc Brasília.
Produzido por Marcello Ludwig Maia, da República Pureza Filmes, em coprodução com a holandesa PRPL, a Filtro Filmes, Telecine e Canal Brasil, o filme retrata a história de quatro jovens negras que, em pleno Brasil de 1885, ousam sonhar com liberdade. Tita, Lena, Francisca e Muanda vivem em um internato rural e decidem fugir após um romance proibido ameaçar a vida de uma delas. Para surpresa do grupo, as jovens brancas que dominavam suas rotinas decidem acompanhá-las — e juntas, abrem um novo ciclo de disputas, convivência e descobertas. A distribuição é assinada pela Filmes do Estação e ArtHouse.
“Como mulher negra, ver meu primeiro trabalho acolhido pelo Festival de Brasília é uma honra. O festival aponta para um futuro em que cineastas de diferentes culturas e regiões possam se fortalecer juntos”, declarou a diretora Karen Suzane.
O projeto, selecionado por iniciativas internacionais como o Hubert Bals Fund (2022) e o BoostNL Rotterdam (2023), reforça o protagonismo negro feminino por trás e diante das câmeras, ao explorar temas como afeto, resistência, pertencimento e poder — para além da dor histórica da escravidão.
II Simpósio Pretaenerd Academy promove cultura pop e dissidência como ferramentas de transformação
No mesmo mês da estreia de Quatro Meninas, o II Simpósio Pretaenerd Academy ocupa o ambiente digital com uma série de oficinas e mesas de discussão online — com acesso gratuito — sobre cultura pop, ficção especulativa, dissidências negras, gênero, neurodivergência e inclusão. O evento ocorre nos dias 16 de agosto, 13, 20 e 27 de setembro, e é promovido pela criadora de conteúdo, pesquisadora e fundadora da plataforma Preta, Nerd & Burning Hell, Anne Quiangala.
Entre os destaques da programação estão as mesas “Futuros e passados dissidentes”, “O rock é negro e dissidente, ponto!” e a oficina de encerramento “Imaginação radical dissidente”, com Isa e Pétala Souza. Os encontros buscam criar um espaço de trocas entre pessoas que se reconhecem fora dos estereótipos da intelectualidade e da nerdice, propondo um novo olhar sobre os produtos culturais que consumimos.
“Vamos celebrar identidades e práticas dissidentes com conteúdo crítico sobre livros, filmes e jogos que consumimos. A ideia é se reunir pelas diferenças e pelo desejo de pertencer”, afirma Anne.
Com 10 anos de história, a comunidade Preta, Nerd & Burning Hell conta com milhares de seguidores e propõe um ambiente de acolhimento e potência intelectual para pessoas negras, queer, neurodivergentes e outras identidades marginalizadas.
Representatividade e futuro: entre telas e páginas
As estreias de Quatro Meninas e a programação do Simpósio Pretaenerd dialogam ao evidenciar a importância de plataformas culturais comprometidas com a representatividade negra, protagonismo feminino, interseccionalidade e construção de futuros possíveis. Em comum, ambas as iniciativas destacam o quanto a presença de vozes negras no audiovisual e na produção crítica pode reescrever imaginários, expandir referências e reconstituir afetivamente as narrativas sobre o Brasil.
Serviço
Filme “Quatro Meninas”
Estreia mundial: 15 de setembro, 21h
Cine Brasília – Festival de Brasília do Cinema Brasileiro
Distribuição: Filmes do Estação e ArtHouse
II Simpósio Pretaenerd Academy
13, 20 e 27 de setembro de 2025
Transmissão online (YouTube e Twitch)
www.pretaenerd.com.br | @pretaenerd
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