Crítica
‘O perigo de uma história única’, de Chimamanda Ngozi Adichie | Resenha
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Direto e certeiro, o livro “O perigo de uma história única”, da renomada escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, é uma obra que nos convida a ampliar nossa visão de mundo ao rejeitar a ideia de uma única narrativa. Ao fazermos isso, expandimos nossa consciência em relação a tudo e a todos.
Esse livro despertou em mim lembranças da percepção que tinha da África quando era criança. Acreditava que o continente era sinônimo de pobreza, doenças e problemas sociais. Embora seja verdade que muitos países africanos enfrentem desafios econômicos e sociais significativos, essa percepção simplista não leva em consideração os incríveis avanços, desenvolvimentos e a vasta e rica cultura dessa região.
Além disso, a cobertura midiática internacional muitas vezes reforça esses estereótipos negativos, focando principalmente em notícias trágicas, conflitos armados e tragédias, o que contribui para a perpetuação de preconceitos.
Mensagem
A mensagem de Chimamanda é um alerta contundente para o perigo de vivermos à sombra de uma única narrativa. Ela nos instiga a questionar o que ouvimos, desde a infância até os livros de história. As histórias têm um poder imenso, podendo tanto destruir como humanizar. Ao rejeitarmos a ideia de uma história única, abrimos espaço para um novo olhar sobre o mundo, as pessoas e até sobre nós mesmos.
Afinal, este pequeno livro é uma obra poderosa que nos conscientiza sobre os perigos de aceitar apenas um lado de uma história. “O perigo de uma história única” (adquira na Amazon) nos encoraja a explorar diferentes perspectivas e a valorizar a diversidade de narrativas que existem. Ao abraçarmos essa abordagem, enriquecemos nossa compreensão do mundo e nos tornamos mais empáticos e inclusivos.
Caroline Teixeira é estudante de Psicologia e Psicanálise, apaixonada por palavras, cultura e boas relações, acredita que a arte pode ser uma ótima ferramenta para a evolução da psique humana.

Cinema
Crítica | ‘O desafio de Marguerite’ mostra a potência da mulher
Filme estreia em 07 de dezembro no Brasil.
Publicado
52 minutos atrásem
1 de dezembro de 2023Por
Livia Brazil
O desafio de Marguerite foi destaque na primeira edição do Festival Internacional de Cinema de Biarritz. Além disso, foi apresentado na Sessão Especial do Festival de Cannes de 2023, onde venceu o prêmio do júri técnico CST Young Film Technician Award, pela direção de arte assinada por Anne-Sophie Delseries. O longa de Anna Novion estreia no Brasil no dia 07 de dezembro, com distribuição da Synapse Distribution.
O filme conta a história de Marguerite Hoffmann, uma estudante de 25 anos que está prestes a apresentar sua tese de doutorado. Mas, quando um erro técnico acaba com sua teoria, ela decide sair da universidade e aplicar o que aprendeu na vida real. A personagem foi inspirada em uma experiência pessoal da diretora e na trajetória de Ariane Mézard, uma das grandes matemáticas francesas da atualidade. “Ela foi a primeira pessoa que conversou comigo sobre matemática de uma forma artística e imaginativa, o que me interessa muito como cineasta”, diz Anna Novion.
A diretora conta também que, quando tinha cerca de 20 anos, ficou doente e precisou se afastar do convívio social por seis meses. Ao retornar, sentiu uma lacuna entre ela e as pessoas da mesma idade, como se não pertencessem ao mesmo lugar. Essa experiência de desconexão com o mundo e com as outras pessoas, aliada aos ensinamentos de Ariane, tornaram O Desafio de Marguerite possível de acontecer.
Para exemplificar, fique com o trailer:
Originalidade
O ponto alto do filme é, sem dúvida, sua temática diferenciada. A diretora se utiliza da matemática e do fato de Marguerite não ter outra vivência senão o estudo da ciência para mostrar como as pessoas arranjam artifícios dos mais variados para esconder suas fragilidades e se esconderem do mundo. É uma forma bastante criativa de tratar do assunto, principalmente por ser uma mulher. Temos muitos filmes retratando cientistas e estudiosos de áreas das Exatas homens, porém poucos que mostram mulheres cientistas.
O motivo disso aparece em O desafio de Marguerite e está no fato de se relacionar sempre mulheres a sentimentos e associar isso a algo negativo. Como o orientador de Marguerite diz, “matemáticos não podem ter sentimentos”, e a sociedade acredita que só mulheres os têm. E , além disso, que essa característica as resume. O filme mostra que não. E que é possível utilizar esses sentimentos ditos negativos no mundo científico para benefício próprio. E, também, como a mulher é desvalorizada no mundo acadêmico, principalmente em um tão masculino como o da matemática.

É muito original, também, a forma como os conflitos de Marguerite são resolvidos. Os caminhos que ela vai tomando a partir de sua saída da universidade. É um roteiro que não segue o óbvio. Ele te surpreende a cada passo tomado, e isso é muito surpreendente. Principalmente em um mundo tomado de obras audiovisuais previsíveis.
Ritmo diferente
Contudo, exatamente por não ser uma produção genérica e mais do mesmo, há um burilamento no roteiro, ele tem um ritmo diferente do que se vê por aí hoje em dia. Portanto, o espectador acostumado a um ritmo mais acelerado vai estranhar. Pode, inclusive, achar um pouco chato. É um filme cheio de silêncios, principalmente por causa da natureza contida de Marguerite. Ele te obriga a observar o tempo inteiro, assim como precisa fazer um matemático tentando provar uma hipótese. Isso não significa que é um filme chato ou lento demais. Por causa do ritmo, você entra aos poucos na vida e na cabeça de Marguerite, e esse tempo ajuda a compreender melhor a personagem.
Ella Rumpf brilha no papel de Marguerite, essa mulher que faz de tudo para se esconder do mundo e das pessoas. E que só sabe enxergar seu potencial no mundo acadêmico, mas não tem ideia de como enfrentar o mundo real. É bonito de ver como a atriz se entregou ao papel e a forma como ela retrata a personagens aos poucos se entregando e entendendo como o mundo funciona fora dos portões da universidade.
“Quando conheci Ella Rumpf, conversamos muito e eu simplesmente soube. Tive a sensação de que poderia haver uma conexão fascinante entre Ella e a personagem, e que daria à luz uma encantadora Marguerite. Ela exalava uma intensidade e um comprometimento que eu queria filmar”, disse Anna Novion.
É um filme encantador, que mostra a potência da mulher. Em qualquer área que escolha viver.

Ficha técnica
O DESAFIO DE MARGUERITE
Le Théorème de Marguerite | 2023 | França | 1h52 | Drama
Direção: Anna Novion
Roteiro: Anna Novion e Mathieu Robin
Elenco: Ella Rumpf, Jean-Pierre Darroussin, Clotilde Courau
Produção: TS Productions
Distribuição: Synapse Distribution
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