Pipa é bem mais que um destino paradisíaco. Diria que pode ser uma bela jornada. Durante minha caminhada da Praia do Centro até Tibau do Sul, parando na encantadora Praia do Giz, encontrei muito mais do que paisagens exuberantes. Descobri poesia em cada curva das falésias e espiritualidade na areia.
A Praia do Giz foi onde escolhi descansar e curtir. Com suas águas rasas e cristalinas formadas pela maré baixa, esse trecho é perfeito para quem quer flutuar sobre um aquário natural. Ali, o tempo pareceu suspenso. A caminhada foi longa e deliciosa. A partir das 10h mais ou menos a maré começa a descer e vai assim até umas 15h, quando sobe. É a hora para caminhar. Para quem não quer fazer o passeio de barco, pode começar acordar, tomar café e sair andando. Aos poucos a maré baixa e você passa por onde tem que passar. A parte de pedras depois da Praia do Centro é a mais complicada e requer bastante cuidado. Depois fica tudo mais fácil, porém, essa parte não recomendo para principiantes.

O esqueleto da bolacha-do-mar: um símbolo
No caminho, um momento de conexão com a natureza me surpreendeu: um esqueleto de bolacha-do-mar repousava na areia. Peguei com delicadeza, agradeci e devolvi ao mar. Essa criatura frágil e curiosa — chamada de “dólar-da-areia” em algumas culturas — simboliza renovação, gratidão e fé. Muitos enxergam nela um sinal de boa sorte ou até uma mandala natural. Sou um desses. Senti muita alegria.

Vale saber mais. Conhecida popularmente como bolacha-da-praia, bolacha-do-mar ou dólar-da-areia, ela é um equinodermo, parente das estrelas-do-mar e ouriços, pertencente à classe Echinoidea. O nome científico mais comum para espécies encontradas no Brasil é Encope emarginata.
É um animal marinho de corpo achatado e arredondado, coberto por pequenas espículas (estruturas rígidas que parecem pelinhos). Vive enterrado em áreas arenosas do fundo do mar, geralmente em águas rasas. Alimenta-se de matéria orgânica presente na areia. O que encontrei seco na praia, muitas vezes branco ou bege, é seu exoesqueleto, chamado de testa, com desenhos parecidos com flores.
Com desenho que remete a uma mandala natural, a bolacha-do-mar simboliza harmonia, proteção e espiritualidade. Em algumas tradições cristãs, representa a crucificação de Cristo.
De Pipa a Tibau do Sul: onde o rio encontra o mar
Chegar a Tibau do Sul caminhando é como concluir um pequeno rito. A vista final revela o encontro do mar com a Lagoa de Guaraíras. No ar, o cheiro de sal e vegetação nativa, nas águas, o reflexo de um sol que não cansa de emocionar. É onde vários passeios de jipe e jardineira param. Pedi um café na creperia e vi sentado.
E aí, voltar tudo de novo na caminhada… Não. Do mirante, suba até o centrinho, perto do mercado Pai e Filho e pegue o pequeno ônibus até o centro de Pipa.

Porém, outra dica boa de sunset é curtir no fim da tarde, a luz dourada invadindo a Praia do Centro. O mar fica piscina. E, próximo ao Orishas Bar, contemplei o sol mergulhar lentamente no horizonte. O céu tingido de laranja refletia nas águas e nas peles dos que ali estavam. Isso foi em outro dia e é caso queira fazer o caminho inverso, a partir da praia de Tibau do Sul.
Chapadão e Praia do Amor: entre falésias e mirantes
De carro em Pipa, vale muito curtir o clássico mirante do Chapadão, com vista privilegiada da Praia do Amor. É uma das paisagens mais emblemáticas do Rio Grande do Norte. Com tons de terra vermelha e vegetação viva, é parada obrigatória para fotos — e para contemplação. Um sunset de respeito, sem dúvidas.

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Serviço – Pipa, RN
- Caminhada recomendada: Praia do Centro ? Golfinhos ? Madero ? Cacimbinha ? Praia do Giz ? Tibau do Sul
Duração: cerca de 2h30 com paradas e contemplações
Dica: vá com maré baixa, leve água, filtro solar e tempo livre - Pôr do sol: Mirante em Tibau do Sul, a partir do Orishas Bar (a pé) ou do mirante do Chapadão (de carro)
- Piscinas naturais: Melhor aproveitadas entre 10h e 14h, na maré seca, na Praia do Giz