No coração do altiplano boliviano, onde o céu toca o sal e o tempo parece suspenso, repousa um cenário surreal: o Cemitério de Trens de Uyuni. Um verdadeiro museu a céu aberto, onde as máquinas que um dia impulsionaram o progresso agora se transformam em arte enferrujada, moldada pelo vento, pela areia e pela imaginação dos viajantes.
Localizado a poucos quilômetros do centro de Uyuni, o local impressiona com dezenas de locomotivas abandonadas em pleno deserto. É um ponto obrigatório para quem explora o Salar de Uyuni — o maior deserto de sal do mundo — e oferece uma mistura única de história, melancolia e beleza fotogênica.
Como chegar?
O acesso é simples: partindo do centro de Uyuni, são cerca de 3 km até o Cemitério de Trens. É possível chegar a pé (cerca de 30 minutos de caminhada), de bicicleta ou em uma curta corrida de táxi. Muitos tours para o deserto incluem uma parada por lá, especialmente na jornada rumo ao salar. Foi o meu caso. Peguei o tour que começa no Atacama, no Chile, e termina no Salar de Uyuni, na Bolívia. 4 belos dias (algum sofrimento num dia que desci perto de um lago com altitude mais sofrida).
Foi uma das melhores coisas que fiz na minha vida de mochileiro. O caminho é cheio de paisagens únicas. Fui na época que considero a melhor e a qual recomendo, em março. Por que? Época de chuvas. É esplêndido ver chuva no deserto, emocionante. E a paisagem no deserto de sal fica ainda mais surrealista.

Mas, o foco hoje é o cemitério de trens. Uyuni, por sua vez, é acessível por ônibus (a partir de La Paz, Potosí, Sucre e outras cidades), trem (vindo de Oruro) ou avião (há voos diretos de La Paz). A cidade é pequena, mas bastante receptiva, com estrutura básica para mochileiros: hostels, agências de turismo e restaurantes baratos.
Curiosidades que encantam
O Cemitério de Trens é fruto de um sonho industrial. No início do século XX, a Bolívia apostava nas ferrovias para escoar minerais até o Pacífico. Mas o projeto foi interrompido por crises econômicas e disputas territoriais. Assim, sobraram os trilhos… e as carcaças metálicas, esquecidas no deserto.
Hoje, os trens são tomados por arte urbana. Grafites, nomes, datas. Alguns vagões têm escadas improvisadas que permitem subir para fotos incríveis com o céu azul e o branco do sal ao fundo. O lugar também já foi usado como locação para filmes e ensaios fotográficos — um símbolo do abandono transformado em arte.

Um paraíso para mochileiros
A Bolívia é, sem dúvida, um dos destinos mais acolhedores e acessíveis para mochieleiros, para viajantes independentes na América do Sul. Com paisagens impressionantes, cultura rica e preços – muito – acessíveis, oferece experiências autênticas que vão muito além do turismo tradicional.
O povo boliviano, de modo geral, é bem reservado, mas cordial. A culinária surpreende com pratos típicos como salteñas, pique macho e sopas quentinhas perfeitas para o frio da altitude. Além de Uyuni, vale conhecer a branca Sucre, a colorida La Paz, o lago Titicaca e as ruínas de Tiwanaku.
Viajar pela Bolívia é, ao mesmo tempo, um mergulho na natureza extrema, na história indígena e nas marcas do tempo. E estar sobre um vagão enferrujado em meio ao deserto é uma forma poética de sentir tudo isso.
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Serviço
Cemitério de Trens – Uyuni, Bolívia
Entrada gratuita
A 3 km do centro da cidade
Acesso por tour, táxi ou caminhada