Estreia dia 31/08 mais um filme de terror: “Toc Toc Toc: Ecos do além”, de Samuel Bodin. O filme, que é livremente inspirado no conto “O coração revelador”, do mestre da literatura de horror e mistério, Edgar Allan Poe.
Na trama, acompanhamos o menino Peter (Woody Norman) que tem dificuldades em socializar com outras crianças, em parte pela superproteção e rigidez por parte de seus pais. Ele sente grande interesse em participar das comemorações de Halloween. Embora seja um meio para ele interagir mais com outras crianças, seus pais não o permitem.
Linha narrativa
Como em uma boa trama que envolve uma criança isolada e uma casa sinistra, Peter ouve barulhos e vozes à noite. Seus pais não lhe dão atenção e dizem que ele é muito imaginativo. Poderá um garoto, aparentemente frágil, e muito acanhado conseguir coragem para descobrir o que lhe perturba à noite?
Com uma premissa interessante, o filme acaba por misturar muitos elementos de narrativa que pode acabar parecendo um pouco excessiva. Ainda mais, em um filme relativamente curto de 90 minutos. O próprio título em português remete a uma linha narrativa, enquanto que a história conduz, aparentemente, em outra direção.
Ambientação
Apesar desta aparente confusão de qual direção o filme deve seguir, há muitos pontos positivos no filme. Entre eles, o mais notável é a ambientação dos cenários. Por meio de uma fotografia que utiliza um jogo de luz e sombras que oprime o jovem protagonista em diversos momentos instigantes de angústia.
Os cenários, em especial o quarto de Peter, é mostrado como um ambiente extremamente hostil e desolador, no melhor estilo de um cenário expressionista. A casa, responsável por ser o local onde se passa a maior parte da trama, contém também outras partes de potencial tenebroso: a plantação de abóboras, a cozinha e o porão.
Toc toc toc – terror pelo som
Outro aspecto interessante do filme é como o elemento do som mantém o espectador em uma constante tensão. Em muitas cenas, não vemos nada, além de uma simples parede. Porém, o trabalho do som nos faz sentir que não podemos confiar tanto assim em nossos olhos. A trilha musical também é outro destaque na criação do suspense nas cenas.
Esse aspecto de terror psicológico, centrado mais na sugestão, reforça um tom sóbrio da narrativa. De modo que o filme centraliza o potencial do terror nos riscos da vida real, como o bullying que Peter sofre na escola, na relação ambígua dos pais com seu filho e na impotência que a professora substituta sente em relação às suspeitas de como Peter é tratado em casa.
Atuações
É importante ressaltar, também, as atuações. Os pais, interpretados por Antony Starr e Lizzy Caplan, que por vezes, parecem ser afetuosos, e por vezes, parecem verdadeiros desequilibrados. A professora substituta srta. Devine (Cleopatra Coleman) aparece como a personagem que reflete a indignação do espectador, porém impossibilitado de ajudar.
O próprio Woody Norman, que interpreta o protagonista, mostra ter um grande potencial. Aqui o ator mirim nos convence da fragilidade de seu personagem e seu progressivo sentimento de coragem e amadurecimento, diante tantas mazelas. Nota-se, também, o menino Brian. O algoz de Peter na escola, interpretado por Luke Busey, filho do célebre ator Gary Busey.
Onde assistir “Toc Toc Toc: Ecos do além”?
Por fim, apesar de suas falhas no roteiro, o filme tem potencial para agradar fãs de terror, ou para servir de porta de entrada para o gênero. A estreia é neste dia 31/08, com distribuição da Paris Filmes. Desse modo, consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.
P.S.
Em conclusão, uma última observação é sobre o bom design da legenda. Nesse sentido, não sei como funciona essa escolha, nem se a legenda da sessão que assisti será um padrão nesse filme. Porém, é relevante apontar como a legenda padrão branca, sem bordas, frequentemente tem sua leitura atrapalhada por uma cena, em que o fundo aparece muito claro. Aqui, a legenda amarela, com bordas, mostra-se, a meu ver, como mais eficiente.