O longa “Um pouco de mim, um pouco de nós” do diretor André Bushatsky é uma produção que parece ter o intuito de explorar o nacionalismo e a imigração. Ao longo do filme o diretor viaja a diversos lugares históricos para entrevistar várias personalidades que são sobreviventes de períodos históricos ditatoriais.
A princípio, o longa apresenta a história de Miriam Neckrycz, uma sobrevivente da Alemanha nazista que teve sua família inteira morta em sua frente. De fato, a narração da sobrevivente é comovente, mostra bastante a sensação de medo e agonia que ela sentia na época. Tal forma de contar a história mostrou-se certa no início, entretanto, a mesma fórmula é deixada de lado tantas vezes posteriormente que esvazia a história e o sentimentalismo.
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As participações de pessoas famosas como Pedro Bial e Mario Sergio Cortella não causam nenhum tipo sentimento ou impacto na narrativa do filme. Embora sejam duas pessoas interessantes para colocar em um longa, as coisas que dizem na produção são já sábidas e até um pouco óbvias. Como, por exemplo, “todo país é formado por imigrantes” ou “os imigrantes trazem mão de obra”, são algumas das frases ditas por Bial.
Por outro lado, embora Cortella até tente algumas vezes apresentar dados interessantes que mostram um aumenta de xenofobia em países que não tinham indíces tão elevados, no final, todos esses personagens parecem comentar as mesmas coisas com palavras diferentes.
Mais para o fim de “Um pouco de mim, um pouco de nós”, Zohre Esmaeli traz sua história da época em que vivia no Afeganistão. O tom dramático volta ao filme com esse relato, relembrando o espectador da forte história de Miriam Neckrycz que apareceu no início da produção. Zohre conta as desvantagens de ter nascido mulher no Afeganistão e quando chegou na Alemanha, posteriormente fala sobre o seu trabalho de ajuda aos refugiados afegãos no país europeu.
7 de setembro
Em geral, a produção cumpre bem a função de contar histórias de refugiados, traz drama e tensão nos momentos de contar histórias. Porém, peca nos fracos diálogos entre o diretor com outros jornalistas, que se fossem retirados do filme não fariam a mínima diferença e a falas de Caio Blinder e Pedro Bial também não se destacam.
Talvez se o longa seguisse na direção de entrevistar o máximo de refugiados possível, contando histórias impactantes como a de Miriam Neckrycz, poderia ser mais cativante. Posteriormente, se na conclusão do longa mostrassem os jornalistas dando suas visões mais aprofundadas sobre o tema, provavelmente seria uma produção mais envolvente, concisa e eficiente.
Por fim, o interessante novo documentário de André Bushatsky chegará exclusivamente aos cinemas no dia 7 de setembro.
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