Barbara Bioni é uma empresária de 31 anos que decidiu criar uma marca voltada para praticantes de Pole Dance. A Vortex Pole Dancing cruza materiais cuidadosamente planejados para suas coleções, conferindo elasticidade e funcionalidade que buscam proporcionam conforto ao corpo em movimento. Contudo, mais do que isso, ela criou um deusa, um storytelling baseado em suas experiências.
Segundo ela, a expressão artística, aliada ao conforto, ganha mais vida com os tecidos e modelagens projetados para complementar a performance, com peças que realçam a sensualidade, romantismo e carisma.
A Vortex Pole Dancing é a patrocinadora oficial da 3ª edição do Festival Resenha Carioca que reúne mais de 100 atletas em 130 apresentações artísticas de Pole Dance e outras modalidades, entre os dias 06 e 08 de setembro, no Riale Brisa Barra Hotel, no Rio de Janeiro. Durante o evento, há um estande exclusivo de venda da Vortex. Foi durante o evento que entrevistamos Bárbara, confira a seguir.
Vivente Andante: Como você criou essa marca? Qual a história por trás?
Barbara Bioni: A minha história? Eu fiz uma virada de chave sim. Eu criei não só uma marca, criei uma deusa. A Vortex é uma analogia da minha vida também. Reza a lenda que Vortex é uma deusa muito poderosa, e ela nasceu em outro planeta, e ela temia que esse poder pungente pudesse lamber como o fogo se ela não canalizasse. Então ela descobriu as barras verticais e então pô de transformar essa energia crua em expressão divina. Isso é um pouco do que aconteceu comigo. Sempre fui uma pessoa muito ansiosa e o Pole Dance literalmente me deu eixo na vida. Pude ter senso de disciplina, organização e também criatividade. Porque por mais que a gente ache que a criatividade vem um pouco do caos, e vem um pouco do caos, ela também precisa de organização e cada coisa em seu lugar para você poder enxergar.
Vivente Andante: Você acha que o Pole Dance traz o poder do foco?
Barbara Bioni: Traz porque é um esporte de alta performance. Se você não tiver disciplina, não tiver constância, a evolução é mais lenta. Exige flexibilidade, consciência corporal, força, então você precisa desse foco. E ele gasta muito energia inclusive. Quando comecei a fazer e aumente muito a minha grade eu precisei regular meu sono, minha alimentação, então realmente me deu um eixo na vida.
Vivente Andante: Mas o que você fazia antes de largar tudo para seguir esse sonho?
Barbara Bioni: Eu trabalha CLT, trabalhava com design, sou formada em Design de Produtos. Trabalhei com design gráfico por 10 anos, também entusiasta de animação, e aí larguei o design gráfico e fui para design de moda. Estudei moda e abri a minha marca, a Vortex. Fiquei um ano da minha vida planejando e estruturando como ia ser. Criando a deusa, esse storytelling que se relaciona com a minha verdade. E acho que estou seguindo meu propósito, estou bem satisfeita com isso.
VA: A Vortex é uma marca voltada especificamente para o Pole Dance somente?
Barbara Bioni: A princípio sim, mas ela também funciona para outras modalidades de dança. Onde eu faço as meninas dançam Jazz Funk e tambpém Contemporâneo. No Contemporâneo as roupas são um pouquinho mais largas geralmente, calça moletom e tudo mais. Mas no Jazz Funk é muito sensual, então tem muito do body, sutiã meia-taça. E acaba tendo outras modalidades, também tem aéreos, lira, artes circenses, também funciona.
VA: Como você conheceu o Pole Dance?
Barbara Bioni: Conheci através da Andreza (Rossini), tanto que tem o conjunto Andreza. Foi em 2021, fui fazer uma aula experimental e olhei e falei ‘caraca, gostei muito disso, acho que não tem mais volta’. Deu alguns meses e já estava colocando uma barra no meio da minha sala e fui nesse caminho.
VA: Em Curitiba tem um cenário muito forte do Pole Dance?
Barbara Bioni: Em Curitiba temos uma das pioneiras do Pole Dance que é a Elô Alcântara. Tinha também a Grazzy Brugner, mas ela se mudou para São Paulo, abriu lá o estúdio dela, abriu um teatro. Elas trouxeram o Pole para o Brasil há mais ou menos uns 15 anos. Naquela época era tudo mato, não tinha muito conhecimento catalogado de técnica. Elas tiveram que descobrir muitas coisas, não havia muitas referências nas mídias, youtube. Entrei em 2021, não faz tanto tempo assim, e na época ainda não tinha, eu entrava para procurar tutorial e não encontrava nada. Nos últimos dois anos, acho que foi uma coisa meio pós-pandemia, das pessoas estarem preocupadas com qualidade de vida, com fazer o que gostam, então começaram a buscar auto-estima e esporte. Um esporte que não fosse necessariamente academia, que é um pouco mais maçante. E teve um boom.
Engraçado que quanto mais pessoas postam e praticam a técnica vai evoluindo muito porque elas começam se observar e ter uma troca mais intensa. Isso acontece a nível Brasil, mas a nível mundial também.
Então tem campeonatos latinos, tem mundial que aconteceu ano passado na Polônica. É uma cena que está crescendo exponencialmente.
VA: A ideia é a Vortex ir para o mundo inteiro?
Barbara Bioni: Hoje a Vortex é nível Brasil, por enquanto, mas tenho intenção de exportar.
VA: Parece que faz sentido.
Barbara Bioni: Faz todo sentido, com certeza é uma grande ambição minha. Pensando na elaboração de cada conceito das coleções, trouxe poucas peças (para o Festival Resenha Carioca), eu, por exemplo, não reproduzo modelos que vejo, eu sigo um tema. Essa coleção é Sussuros de Lilith. Porque Lilith é a deusa das fases da lua, das boas e das ruins, então eu anotei e mapeei tudo que a lua influencia no nosso planeta, as marés, as colheitas. Tem uma particularidade que achei engraçada porque escorpiões brilham no escuro, na intensidade da lua cheia, então trouxe isso para coleção, como uma peça fluorescente. Eu fiz um casaco que é como se fosse a lua cheia de abundândia, de transbordamento, então são flores de cetim. Tem um conjunto que é inspirado na lua crescente, que é a que você vê no céu diurno, então tem toda a mitologia de Lilith e Vortex sentadas na beira da praia olhando para aquele céu azul celeste. E o conjuntinho ele é plissado, azul, em tule, como se fosse as ondas do mar. Tem toda uma representação artística que ela veio, nasceu do conceito em si, ela não veio só olhando para as referências e rabiscando, então ela tem um cuidado de trazer sentimentos, de você poder se expressar através das peças.
VA: Aliás, e qual seu sonho com a Vortex?
Barbara Bioni: Como vivo muito isso, amo o Pole, ele me salvou, né. Eu me imagino aquecendo o mercado, produzindo festivais assim em Curitiba. Quero estar na cena. Não tenho interesse em Bárbara pessoa física aparecer tanto, eu quero que a Vortex, que as pessoas se envolvam nessa narrativa, sabe? Que as pessoas entendam que a Vortex é aquela deusa dentro de ti que você invoca antes de subir no palco, aquela força extra que você precisar dar para terminar um combo e você fala ‘meu Deus, meu músculo já foi pro saco, agora vai ser na força do pensamento’. Então quero muito trazer essa ideologia da Vortex também e acaba virando uma comunidade. Vejo isso em Curitiba. Faço em três estúdios diferentes e encontro as mesmas carinhas nos três. Porque quem faz isso é tarado por isso, gosta muito. Até porque é um esporte para teimosos, dói, cansa, hematomas, quebra mão. E vejo que tem mais pessoas como eu. Eu achava que exagerava mesmo. As pessoas que não fazem Pole me falam “meu Deus, você gosta muito disso, você faz muito isso’. Só que eu vejo que tem outras loucas igual a mim. É essa a comunidade, quero que isso vire algo maior e trazer quem sabe o Pole para as Olimpíadas? Isso podia ser um ambição legal.
VA: É verdade, teve Break Dance esse ano.
Barbara Bioni: Exatamente. E o Pole Dance é segmentado também. Há várias modalidades. Tem o Pole Art, que é muito do que a gente vê aqui (no Festival Resenha Carioca), apesar de que quando a gente vem dançar você preenche um formulário para eles entenderem qual caminho você vai. Tem o Exotic, que é o do saltão. O Exotic é uma modalidade que veio mesmo das strippers, é uma forma que a gente tem de honrar. Tem uma coisa que a gente faz que é o pé como se tivesse torcendo, e é proposital para remeter a elas, porque às vezes elas torciam o pé por falta de técnica e a gente trouxe isso, digamos, a falha, como um aspecto artístico, uma expressão artística. É uma modalidade que é mais sensual, e dentro do Exotic também é dividido, tem o Classique, o Old School, o Flow, são subcategorias. E tem o Pole Art que é a expressão artística. Aí dependendo do campeonato você tem que explorar a barra fixa, barra giratória, tem que ter movimento X ou Y de acordo com sua categoria. E tem o Pole Sport que é bem olímpico mesmo. Assim você olha que é analisado começo, meio e fim de movimentos, exige pureza da linha que é uma coisa um pouco do balé, um pouco da ginástica que é o ângulo, a extensão, finalização de movimento. Então tem várias categorias.
Acho que o Pole Sport é um fortíssimo candidato para entrar nas Olímpiadas e pode ser mais aceito popularmente que alguns mais sensuais por conta de tabus e tudo mais.
VA: Afinal, a Vortex hoje é totalmente online?
Barbara Bioni: Hoje a Vortex é só online, estou fazendo um lançamento de marca. Em Curitiba, pretendo fazer um estande itinerante. Quero montar semanalmente em algum estúdio diferente. Não vai ficar permanente e sempre estará circulando.
Serviço Festival Resenha Carioca:
- Data: 06 a 08 de setembro de 2024
- Local: Riale Brisa Barra Hotel – Rio de Janeiro (RJ)
- Ingressos: Disponíveis no link: https://www.sympla.com.br/evento/festival-resenha-carioca/2555407
- Classificação Indicativa: Evento para maiores de 18 anos
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