“Duas Ilhas” é um livro do querido e premiado autor Guilherme Semionato. Conta a história do garoto João, que mora na Ilha Verde com a mãe, bióloga, e com o pai, aviador. A Ilha Verde é vulcânica, e o Vulcão Verde domina a paisagem. Ao redor dele há um jardim botânico cultivado pelo senhor Alberto, de 90 anos, um dos melhores amigos de João. Os quatro mantêm uma relação próxima com as coisas do céu, do mar e da terra — com a natureza. Tudo parece correr bem até a notícia do desaparecimento do pai do menino enquanto pilotava um avião. Essa nova realidade faz João estremecer por dentro. E o vulcão também… Como se espelhasse o estado interior do amigo, o Vulcão Verde dá sinais de que está prestes a entrar em erupção.
A princípio, o livro é interessante, pois apresenta um personagem atípico, que reforça uma qualidade de vida que precisamos ter, e pouco pregada pelo mercado. João é um menino que vive em uma ilha, alimenta-se muitíssimo bem, saudavelmente, o que já mostra a qualidade da leitura. Mel, abacate, caqui, água de coco, aveia, tudo isso está incluído na leitura. O que diagnostico um bom passo na educação dos pequenos, eu e todos os nutricionistas do
mercado!
Educação ambiental
A história do menino João que vive em uma ilha traz bastante informações, uma delas é a educação, fala sobre a feira de ciência da escola, por exemplo, o que também leva crianças a entenderem a importância da educação escolar, uma boa referência.
O livro aborda a conexão com o meio ambiente, o que é preciso, estamos em um momento de crise mundial em relação a forma que tratam o planeta que vivemos. Toda a história do personagem se passa na ilha onde ele mora. Fala sobre o vulcão adormecido, a explicação de sua formação. Um livro didático que pode ser uma ferramenta para os professores de geografia, biologia e ciências. O que o autor julga como fantástico ou mágico, concluo que também incentivador para a educação ambiental. Guilherme me chamou muito atenção no descritivo do livro, é interessante como ele desenha em palavras o quanrto do menino João, dando acessibilidade ao imaginativo de uma criança com deficiencia visual, por exemplo. Isso me encantou!
Um dos pontos importantes também, é a escuta aberta do menino para o senhor Alberto, um senhor mais velho, conhecido na ilha, que o orienta como amenizar os sentimentos tristes, logo, percebe-se a importância e o respeitos aos mais velhos.
Não oriento esse livro para crianças menores de dez anos, ele é um pouco mais denso. Fala sobre a fé, os momentos difíceis que uma criança atravessa, uma suposta perda, mas que é acalmada por amigos, pela própria natureza.
Guilherme é um autor branco, mas que também aborda a questão do preto com naturalidade, uma mãe bióloga negra, um pai branco e um menino de cabelo crespo, cujo pai gostava de brincar carinhosamente, assim diz João: “como se enrolasse macarrão no garfo”. Não aborda questões raciais no livro, apenas deixa claro a formação da sociedade atual. A leitura para crianças fora da idade indicativa, precisará de trocas, um contador de histórias.
O livro tem seu ápice, o que me surpreendeu!
O autor fala sobre o incosciente de um menino de nove anos, que diz ter amizade com um vulcão, prefiro ver um devaneio desse a uma criança criando pontes com armas e celulares. Que me perdoem os pais atuais, mas como canta Caetano Veloso: “alguma coisa está fora de ordem…”
Entre melancias, estrelas, bromélias, vulcões daqui e do mundo, passeios de biclicleta, é possível entender que o autor tem em mente mais que uma historinha, mas educar em diversos sentidos!
A saber, o autor Guilherme Semionato nasceu no Rio de Janeiro e escreve histórias para crianças, jovens e quem mais quiser ler. É formado em Comunicação Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e tem especialização em Literatura Infanto Juvenil pela Universidade Federal Fluminense. Guilherme Semionato tem livros publicados no Brasil, no México e em Portugal, e obras traduzidas na Alemanha, na Turquia, no Chile, na Colômbia e na Inglaterra. O texto de “Duas ilhas”, seu sexto livro publicado (o quarto no Brasil), foi finalista de três dos prêmios nacionais mais importantes para manuscritos: o Barco a Vapor, em 2016; o Sesc de Literatura, em 2017; e o João-de-Barro, em 2022. Abrindo um parágrafo, considero o Sesc uma das maiores instituições culturais do Brasil.
Além disso, não podemos deixar de mencionar o ilustrador Zansky, o qual, desde 2009, trabalha como ilustrador autoral. Já ilustrou livros de literatura infantil e adulta, com destaque para as capas de Antologia da literatura fantástica (Cosac Naify, 2013) e O retrato de Dorian Gray (Panda Books, 2021), indicadas ao Prêmio Jabuti em 2014 e 2022, respectivamente. Pela FTD, ilustrou o clássico de Monteiro Lobato O Picapau Amarelo (2019). Também ilustrou para revistas como as brasileiras Superinteressante, Galileu, Época Negócios e Exame CEO, as estrangeiras Der Spiegel (Alemanha) e The New Republic (Estados Unidos), os jornais Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo e instituições como Itaú Cultural e Sesc São Paulo. Trabalhou, ainda, em embalagens e projetos de empresas como Adobe, Microsoft, Puma, Huawei e Jeep. A importância do ilustrador é relevante quando falamos de literatura infantil, ela encaminha o
olhar da criança para o “novo mundo”. Cria laços.
Ficha:
DUAS ILHAS
Recomendado a partir dos 9 anos
autor Guilherme Semionato
ilustrador Zansky
páginas 64
formato 20,5 cm × 27,5 cm
preço sugerido R$ 64
Onde adquirir: https://lumisfera.com.br/