O livro “Despossessão: o Performativo na Política”, fruto da colaboração entre Judith Butler e Athena Athanasiou, é uma análise contundente sobre as dinâmicas de poder e resistência no cenário contemporâneo. Explorando a despossessão como conceito central, as autoras examinam como a negação de direitos e reconhecimento pode transformar-se em uma ferramenta de resistência e reconstrução política. A obra, publicada pela Editora Unesp, convida os leitores a repensarem o espaço político como um ambiente dinâmico, onde vulnerabilidades podem se tornar motor de mudanças sociais e identitárias.
Ao longo das 254 páginas, Butler e Athanasiou abordam temas como violência, soberania, linguagem e corporeidade, ilustrando conceitos com exemplos concretos de movimentos políticos e sociais, incluindo lutas LGBTQ+, feministas e de descolonização. As autoras defendem que a vulnerabilidade, em vez de ser apenas fonte de sofrimento, pode se tornar um espaço para ação coletiva e solidariedade. A obra combina teoria crítica com uma reflexão prática, destacando como a precariedade social, frequentemente exacerbada pelo neoliberalismo, cria novas formas de exclusão e resistência.
A parceria de Despossessão
A parceria entre as filósofas surgiu em Atenas, em 2009, em meio a debates sobre precariedade e relacionalidade do “eu”. Butler encontrou inspiração no contexto da crise econômica grega, enquanto Athanasiou viu na situação uma oportunidade de desconstruir narrativas de sofrimento e reconstruí-las em uma perspectiva queer e feminista. A obra utiliza até mesmo mitos gregos, como a releitura do mito de Édipo no filme Strella, para refletir sobre questões contemporâneas de identidade e exclusão. Assim, o livro oferece uma visão instigante para pensar o político através do performativo, promovendo solidariedade e pertencimento em tempos de profundas desigualdades.
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