Assisti ao premiado curta-metragem O Preto de Azul, dirigido por Álvaro Tàllarico e Leandro Ferra, na plataforma Cultne.TV, a primeira plataforma de streaming brasileira totalmente dedicada à cultura negra. O curta está disponível gratuitamente.
O Preto de Azul participou de vários festivais e recebeu, inclusive, o prêmio de Melhor Trilha Sonora Original no Festival Bananeiras de Cinema. A trilha sonora é realmente um destaque, com uma sonoridade única, fruto da parceria entre Álvaro Tàllarico e o cabo-verdiano Plácido Vaz.
Desde o início, o curta encanta pela beleza de suas imagens e cenários. Leandro Ferra é o responsável pelas ilustrações e animações, que, combinadas com as músicas compostas por Álvaro e Plácido, criam uma experiência sensorial intensa. A obra é sensível e mística, utilizando metáforas visuais para transmitir sua mensagem de forma impactante.
Faça também essa jornada visual e musical acessando gratuitamente o curta, disponível na Cultne.TV:
https://cultne.tv/temas/7/filmes/video/620/o_preto_de_azul
O PRETO DE AZUL
Confira abaixo a entrevista que fiz com um dos diretores.
ENTREVISTA COM O DIRETOR ÁLVARO TÀLLARICO
1. O Preto de Azul possui uma narrativa poética e envolvente, sem diálogos, conduzida apenas por imagens e música. Como surgiu a ideia de explorar essa abordagem única para contar a história?
A ideia de utilizar uma narrativa sem diálogos em “O Preto de Azul” surgiu do desejo de contar uma história universal que transcendesse barreiras linguísticas. Ao focar exclusivamente em imagens e músicas, Leandro Ferra e eu buscamos criar uma experiência sensorial que permitisse ao espectador interpretar e sentir a jornada do protagonista de maneira pessoal e íntima. Essa abordagem enfatiza a universalidade dos temas abordados e convida o público a uma imersão na narrativa visual e sonora.
2. O filme aborda temas profundos como identidade, resistência e autoconhecimento. Qual foi o maior desafio em traduzir esses conceitos em uma linguagem visual?
Traduzir conceitos abstratos como identidade, resistência e autoconhecimento em uma linguagem visual foi um desafio que exigiu uma cuidadosa construção de símbolos e metáforas. O animador Leandro Ferra é o grande responsável por isso. O desenho de som que ele fez também foi perfeito e criativo. A animação do Leandro permitiu a criação de cenários e personagens que representam essas ideias de forma tangível. Por exemplo, o mar é retratado como um ser enigmático e implacável, mas, ao mesmo tempo, é também o inconsciente, simbolizando os desafios internos enfrentados pelo protagonista em sua busca por reconhecimento e compreensão de si mesmo.
3. A trilha sonora, composta pelo projeto Kaialas, é um elemento essencial no curta. Como foi o processo de colaboração com Plácido Vaz para criar essa sonoridade única?
A colaboração com Plácido Vaz, do projeto Kaialas, foi fundamental para estabelecer a atmosfera emocional do filme. Fizemos as músicas para o projeto Kaialas, cujo primeiro single se chama “Preto de Azul”. O filme é inspirado nessa música na verdade, que está disponível em todas as plataformas digitais.
A trilha sonora foi desenvolvida antes do filme existir na verdade, mas acabou entrando em sintonia com a narrativa visual e busca refletir as emoções e transformações do protagonista. A combinação de influências musicais do Brasil e de Cabo Verde resultou em uma sonoridade única que enriquece a experiência sensorial do espectador. O Plácido Vaz tem um trabalho solo lindo em Cabo Verde, além do Kaialas, e sua voz diferenciada traz mais verdade ao filme.
4. O Preto de Azul foi reconhecido em diversos festivais e premiado por sua trilha sonora. Como você enxerga a importância desse tipo de reconhecimento para produções independentes?
O reconhecimento em festivais e premiações é de extrema importância para produções independentes, pois amplia a visibilidade da obra e valida o trabalho árduo da equipe envolvida. No caso de “O Preto de Azul”, a premiação de Melhor Trilha Sonora Original no Festival Bananeiras de Cinema destaca a qualidade artística do projeto e abre portas para futuras oportunidades de exibição e distribuição. E ainda dá aquele empurrão para conseguirmos lançar outros singles.
5. O filme está disponível na Cultne.TV, uma plataforma dedicada à cultura afro-brasileira. Como você vê o papel dessa iniciativa na valorização e preservação das narrativas negras no Brasil?
A disponibilização de “O Preto de Azul” na Cultne.TV é um passo significativo para alcançar um público que valoriza e busca narrativas afro-brasileiras. A Cultne.TV desempenha um papel essencial na preservação e promoção da cultura negra, oferecendo espaço para histórias que refletem a diversidade e a riqueza das experiências afrodescendentes no Brasil. Ela contribui como nenhuma outra para a construção de uma sociedade mais inclusiva e consciente da importância dessas narrativas.
Sobre o Filme
O Preto de Azul se destacou em festivais de cinema como Lift Off Network London 2022; Curta Canedo Goiás 2022; Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul 15 – Rio de Janeiro/RJ; III Festival Cinema Negro em Ação – RS; ¡VIVA EL CINEMA WEEK! Edition 2023 – Argentina; Hell de Janeiro Festival 2023 – Rio de Janeiro/RJ; Festival Latino-Americano de Cinema de Belo Jardim 2023 – Pernambuco; Mostra de Vídeo Popular da Restinga 2023 – Porto Alegre/RS; Mostra Variações Vegetais – Mostra Audiovisual da Universidade Federal de Uberlândia; 4ª Edição da Mostra Manaus Filme Fantástico.
Ainda por cima conquistou o prêmio de Melhor Triha Sonora Original no Festival Bananeiras de Cinema, assinada por Kaialas, um projeto que une o carioca Álvaro Tàllarico e o cabo-verdiano Plácido Vaz para criar uma sonoridade única, que amplifica a intensidade emocional do curta.
A obra foi reconhecida por sua abordagem sensível, estética inovadora e pela representação da cultura afro-brasileira em suas múltiplas dimensões pelos diversos festivais onde foi exibido, reforçando sua relevância no cenário audiovisual independente. Ou seja, tudo a ver com a Cultne.TV, a qual é a primeira plataforma de streaming brasileira totalmente dedicada à cultura negra. Com mais de 3.300 títulos em seu catálogo, ela é um marco na preservação e promoção da memória afro-brasileira, reunindo produções que abordam temas como música, esporte, movimentos sociais, religião, saúde e muito mais. Foi criada para fortalecer e ampliar a visibilidade de narrativas negras. A plataforma disponibiliza conteúdos exclusivos e gratuitos, promovendo o acesso a histórias e vozes que merecem ser celebradas.
Sinopse
O Preto de Azul apresenta a jornada de um jovem sonhador que atravessa um mar enigmático, onde mitologias e realidades se misturam. A narrativa é uma reflexão sobre as lutas internas e externas de indivíduos que buscam espaço para sua arte e expressão.
Com direção de Álvaro Tàllarico e Leandro Ferra, e uma trilha sonora que eleva a experiência, o curta é uma obra essencial para quem busca boas músicas, profundidade e sensibilidade no cinema.