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Denise Fraga em cena de "Livros restantes"- Divulgação H20 Filmes
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: ‘Livros Restantes’ traz poesia pura em momentos episódicos

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 2 de dezembro de 2025
6 Min Leitura
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Denise Fraga em cena de "Livros restantes"- Divulgação H20 Filmes
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Dirigido por Marcia Paraiso, Livros Restantes utiliza-se de carismática Denise Fraga para retratar o lento processo de despedidase cura que precede o início de uma nova vida

Assim que começaram os créditos finais de Livros Restantes, virei para o amigo ao meu lado e soltei uma frase que, para mim, resume o filme com precisão: “Bem Clarice Lispector, né?”. Afinal, a autora brasileira deixou marcas profundas na literatura mundial, responsável por obras como A Hora da Estrela (1977) e A Paixão Segundo G.H. (1964), elas se caracterizara pela linguagem introspectiva, pelo minimalismo narrativo e pela exploração do misterioso e do indivisível, três elementos que sintetizam a experiência criada por Marcia Paraiso.

Livros Restantes se constrói a partir de sua protagonista, Ana Catarina, uma professora em processo de mudança para Portugal. Esse ponto de partida abre espaço para uma narração em off de forte carga poética, que soa como pensamentos arrancados diretamente de suas camadas mais íntimas.

As metáforas e sentimentos internos da personagem ganham ainda mais força graças a uma fotografia naturalista, que realça as belezas de Florianópolis, enfatizando tanto momentos de delicada intimidade quanto interações carregadas de subtexto, reforçando o grande tema da obra: fechar portas para que outras possam, enfim, ser abertas, e iniciar-se, assim, uma vida mais leve, livre de pesos e amarras.

Augusto Madeira em cena de "Livros Restantes"- Divulgação H20 Filmes

Augusto Madeira em cena de “Livros Restantes”- Divulgação H20 Filmes

O minimalismo narrativo também desempenha papel fundamental, afinal, a sinopse oficial já delimita bem o campo do filme: “Cinco livros na estante é o que restou de todas as coisas que Ana Catarina teve que desapegar antes da mudança para Portugal. Com dedicatórias, cheiros e marcas, Ana não consegue doá-los e decide devolvê-los para quem a presenteou. Os reencontros, alguns passados 20 anos, mexem com sua memória, fazendo-a refletir sobre o passado para poder seguir em frente.”

Livros Restantes segue fiel a essa proposta, estruturando-se quase como uma minissérie: cinco episódios, cada um dedicado ao reencontro relacionado a um dos livros. Do ex-marido, à amiga distante, cada visita ao passado ajuda Ana a reorganizar suas dores, afetos, memórias, e possibilidades de novas relações.

O elenco, liderado por Denise Fraga, conduz essa jornada com enorme sensibilidade. Apesar do ritmo contemplativo, por conta de seu tom poético, o filme nunca se torna cansativo, com simbolismos e interpretações que sustentam longos planos estáticos. A conversa entre Ana e o ex-namorado, por exemplo, transforma-se em um diálogo repleto de lacunas significativas, com aquilo que não se diz pesando mais do que as palavras. O mesmo acontece em uma das sequências finais, quando Ana discute com o marido, vivido por Augusto Madeira, em meio ao trânsito de Florianópolis. Há uma naturalidade quase desconcertante nesses embates, revelando sentimentos contraditórios e desejos escondidos.

Ao passar pelos cinco episódios, acompanhamos Ana revisitando seu passado sob vários prismas: enfrentando abusos e traumas, resgatando laços antigos e abrindo-se, ainda que timidamente, a novas possibilidades de amor. Mesmo relações que não se concretizam revelam uma maturidade em construção, que se expressa nos detalhes, seja um tique nervoso ao cutucar as unhas, respostas mais ásperas em situações de desconforto, silêncios que dizem mais do que a fala, e uma Denise Fraga que transita por todas essas nuances com graça e precisão, tornando a personagem profundamente humana.

Denise Fraga e Andrea Buzato em cena de "Livros restantes"- Divulgação H20 Filmes

Denise Fraga e Andrea Buzato em cena de “Livros restantes”- Divulgação H20 Filmes

Em questão técnica, Livros Restantes peca na dicção dos atores em certas cenas, em interações que não atrapalham o entendimento da situação, mas tiram o espectador da atmosfera pretendida, principalmente quando se une com um design de som que enfatiza barulhos da natureza em pró do diálogo, já em quesito de fotografia e design de arte, a produção se mantem no simples e naturalista, entregando um básico bem feito para não destoar do resto, ao mesmo tempo construindo um belo comercial no estilo: “conheça Florianópolis”.

Ao final, Livros Restantes é um filme para quem deseja desacelerar e embarcar em uma jornada de personagem repleta de subtextos, mistérios e poesia, seja ela auditiva, visual ou emocional, restando ao espectador a tarefa de refletir sobre quais portas ainda precisamos fechar para seguir adiante com a força necessária.

Distribuído pela H2O Filmes, Livros Restantes estreia nos cinemas no dia 11 de dezembro.

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Tags:Cinemacinema brasileirocinema nacionalCritica Livros RestantesDenis Fraga
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