Ir ao teatro em meio a uma pandemia pode ser um respiro ou um perigo? No centro cultural à beira-mar, em Ipanema, na bela Casa de Cultura Laura Alvim, senti segurança e meu âmago se emocionou ao ter a oportunidade de ver o espetáculo “A Esperança na Caixa de Chicletes Ping Pong”. Uma cadeira livre e duas com proibições de sentar em um teatro com capacidade de apenas 30% foram fatores que não me deixaram sentir medo.
Álcool em gel nas mãos, máscara no rosto, olhos bem abertos e ouvidos atentos
A saber, eu não pisava em um teatro desde uma outra vida. Aquela pré-pandemia. Parece que faz tanto tempo, mas foi logo ali, onde a liberdade era nossa.
Clarice Niskier impera sozinha no palco sob luzes que começam azuladas e mudam conforme os humores se transformam, seguindo para um amarelo solar em momentos mais animados – ou animadores. Ela se conecta com o público rapidamente com seu carisma e desenvoltura e, durante uma hora e meia, homenageia muitos baluartes da música brasileira, esse patrimônio maravilhoso desse país tão estranho.
Diversos autores da literatura mundial também são citados e a apresentação é um quebra-cabeças de referências culturais.

No cartaz, a peça é descrita como uma comédia pop lírica. É uma bela forma de tentar resumir, mas passa longe de contemplar a grandiosidade das poesias que Clarice derrama sobre o público.
É um banho de lirismo que desperta orgulho de ser brasileiro, sem deixar de trazer reflexão sobre seja lá o que é ter esse amor bandido por um país marginal.
Niskier costurou 56 canções do compositor e cantor popular Zeca Baleiro com sua própria poesia.
Uma batalha e, ao mesmo tempo, uma mescla, entre ética e estética que fornece um pouco da essência de Clarice Niskier e suas vivências.
“Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz”, disse o poeta russo Vladimir Maiakovski.
Por fim, entendemos que tudo passa, tudo passará, e que “A Esperança na Caixa de Chicletes Ping Pong” é arte que fala de arte e mostra que sem arte… não dá pé.
Serviço:
Local: Casa de Cultura Laura Alvim (Av. Vieira Souto, 176 – Rio de Janeiro – RJ)
DATA: 15-01-2021 a 31-01-2021 (apresentações de sexta a domingo)
HORÁRIO: 18h
CLASSIFICAÇÃO ETÁRIA: Livre
PREÇO: R$ 40,00 e R$ 20,00 (meia)
Telefone da portaria: +55 21 2332-2016
Telefone da bilheteria : +55 21 2332-2015