A festa de Léo, dos diretores Gustavo Melo e Luciana Bezerra, retrata o dia a dia de muitas mulheres no Brasil. A partir de uma premissa simples – a preparação do aniversário de 12 anos do filho Léo -, o filme consegue mostrar com naturalidade e clareza as dificuldades que muitas mulheres enfrentam.
A saber, o filme é do Grupo Nós do Morro e é a estreia do ator Arthur Ferreira, que está sensacional no papel do menino Léo.
O filme entrou em cartaz nos cinemas brasileiros na última quinta-feira, 30 de maio.
Enredo
Rita (Cíntia Rosa) é mãe de Léo (Arthur Ferreira), que está fazendo 12 anos de idade. Já está tudo preparado para a festa de aniversário do menino, que Rita conseguiu pagar com o dinheiro que juntou, já que são uma família simples. Contudo, o pai do menino, Dudu (Jonathan Haagensen), é dependente químico e está devendo dinheiro para o chefe do tráfico da comunidade onde moram. Por causa disso, Rita busca formas de viabilizar condições financeiras para salvar a vida do pai de seu filho e, se possível, também fazer a festa.
O diferencial do filme começa já com o roteiro. Em uma época em que parece que só é possível agradar o público colocando cenas de ação mirabolantes nas telas, roteiristas e diretores escolheram contar a história de maneira simples e cotidiana e, ainda assim, conseguem manter a atenção do espectador durante todo o tempo do filme. É um enredo que envolve, que emociona e que é de fácil identificação. Quem já não precisou sofrer uma reação adversa pelos erros de outra pessoa? Todo mundo, né.
Cíntia Rosa, intérprete de Rita, principalmente, facilita quem assiste a sentir todas as dores que sente como como uma mãe que quer fazer algo de bom para seu filho, mas não pode por causa de seu marido. Inclusive, Jonathan Haagensen está impecável como o dependente químico que faz um bando de burrada, mas que sabe o erro que cometeu. E se entristece por isso. Contudo, não consegue mudar. Uma realidade constante e muito triste.
União das mulheres
Apesar de várias pessoas estarem ao lado de Rita e a ajudarem, inclusive seu patrão – algo que impacta, já que não é muito comum de acontecer -, o filme mostra que, geralmente, as mulheres contam muito umas com as outras para seguir em frente. Em uma sociedade onde sabemos que a realidade da maioria das famílias é terem à frente uma mulher, já que muitos pais abandonam seus filhos, ou, mesmo quando não os abandonam, não acham que são obrigados a cuidar deles e são mais ausentes do que presentes, as mulheres só tem umas às outras para contar. Mulheres que estão na mesma situação e sabem o quanto é necessária essa ajuda.
A festa de Léo relata a verdadeira face da sociedade, onde as mulheres se unem e formam uma família. Além disso, algo essencial mostrado no filme é que as mulheres não querem ser sempre fortes. Por isso mesmo evitei usar, nesta crítica, a expressão “mulheres fortes”. Isso é um pleonasmo, já que toda mulher precisa ser forte sempre, somente para sobreviver. E elas – nós – são obrigadas a serem fortes exatamente por esse abandono dos homens e sua falta de responsabilidade. Felizmente, há outras mulheres em volta para lhes dar a mão.
Ficha Técnica
A FESTA DE LÉO
Brasil | 2022 | 83min. | Drama
Direção e Roteiro: Gustavo Melo e Luciana Bezerra
Elenco: Arthur Ferreira, Cíntia Rosa, Jonathan Haagensen, Mary Sheila, Neusa Borges, Thiago Martins, Juan Paiva, Babu Santana, Marcos Junqueira, Thawan Lucas, Guti Fraga.
Produção: Coqueirão Pictures.
Coprodução: Nós do Morro, Globo Filmes, Riofilmes.
Distribuição: Bretz Filmes.
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