A obra cinematográfica indígena brasileira ‘A Transformação de Canuto’, dirigida por Ariel Kuaray Ortega e Ernesto de Carvalho, alcançou o título de Melhor Filme na competição Envision do IDFA, o maior festival de documentários do mundo. O filme teve sua estreia mundial durante o evento em Amsterdam e também recebeu o reconhecimento de Contribuição Artística.
Este é o segundo longa-metragem tanto para Ariel Kuaray Ortega, cineasta indígena e líder Mbyá-Guarani, quanto para Ernesto de Carvalho, correalizador de ‘Martírio’. A trama se desenrola em uma pequena comunidade Mbyá-Guarani, entre Brasil e Argentina. Lá, a figura de Canuto, um homem que experimentou a mítica transformação em uma onça e encontrou um fim trágico, é conhecida por todos.
Dessa forma, o filme explora a narrativa de Canuto, misturando-a com a produção cinematográfica que busca contar sua história. Dessa forma, busca provocar reflexões sobre a natureza da transformação e as fronteiras entre o real e o encenado.
Singular
O júri do IDFA destacou a singularidade do filme, conferindo a ele os prêmios de Melhor Filme e Contribuição Artística, uma conquista inédita na história do festival. Elogiando o comprometimento de décadas dos diretores com a produção cinematográfica comunitária, o júri ressaltou o humor e a habilidade do filme em transitar entre diferentes mundos, enfatizando os muitos significados de transformação presentes na narrativa.
Além disso, os realizadores foram reconhecidos pela profunda abordagem ao cinema comunitário, onde cada pessoa redefine o conceito de ‘sujeito’. Esta vitória marca também a primeira vez que um filme brasileiro conquista a competição Envision do IDFA, conhecida por destacar produções inovadoras e provocativas que exploram questões sociais, políticas ou culturais contemporâneas de maneira criativa.
Produzido pela Enquadramento Produções de Leonardo Mecchi e pelo Vídeo nas Aldeias de Vincent Carelli e Olívia Sabino, ‘A Transformação de Canuto’ conta com o patrocínio do Funcultura do Governo de Pernambuco, além do apoio do Instituto de Artes Audiovisual da Província de Misiones, na Argentina, e da Mostra de Tiradentes, onde participou do WIP Brasil Cinemundi. O filme, cujas principais filmagens ocorreram entre julho e setembro de 2016, foi finalizado em 2023, fazendo sua estreia no IDFA. No entanto, ainda não há uma data para sua estreia no Brasil.