A reviravolta do vilão final de Naruto continua a gerar debates acalorados entre os fãs, mesmo mais de uma década após o fim da obra. A introdução de Kaguya Otsutsuki como a grande antagonista da reta final é frequentemente criticada por muitos como uma decisão apressada, que desviou o foco da batalha contra Madara Uchiha e levou a trama de uma guerra ninja para um confronto contra uma entidade celestial.
No entanto, apesar da sensação de que Kaguya surgiu de maneira inesperada, Masashi Kishimoto plantou pistas sobre sua existência muito antes do desfecho da história. A presença da Otsutsuki e de sua conexão com o enredo de Naruto pode ser identificada em diversos momentos da obra, sugerindo que sua aparição estava planejada desde os primórdios do mangá.
Kaguya em Naruto
Embora Kaguya tenha sido oficialmente citada pela primeira vez no capítulo 646 de Naruto, sua presença foi sugerida bem antes disso. O primeiro indício pode ser encontrado no capítulo 216, quando o Clã Kaguya foi introduzido. A conexão entre Kaguya Otsutsuki e esse clã vai além do nome: os membros dessa linhagem possuem o Kekkei Genkai Shikotsumyaku, uma habilidade de manipulação óssea que guarda semelhanças notáveis com a técnica All-Killing Ash Bones usada por Kaguya no capítulo 684.
Além disso, tanto os membros do Clã Kaguya quanto a própria Otsutsuki compartilham características físicas marcantes, como marcas simétricas na testa e padrões específicos no cabelo. Kimimaro, o único membro vivo do clã mostrado na série, possui um visual semelhante ao de Kaguya, além da coloração capilar idêntica.

Os primeiros sinais
Outro grande indício sobre a existência de Kaguya foi apresentado no capítulo 439, durante a luta de Pain contra Naruto. Em uma conversa com Konan, Nagato menciona que o Sábio dos Seis Caminhos selou algo na Lua utilizando a mesma técnica Chibaku Tensei que ele havia usado para conter Naruto em sua forma de Seis Caudas. Essa pista sugere que havia uma entidade poderosa aprisionada na Lua, um detalhe que mais tarde seria revelado como sendo Kaguya e sua fusão com o Dez-Caudas.
A presença do Gedo Mazo também reforça esse presságio. Introduzida no capítulo 254, essa estátua sinistra, utilizada pela Akatsuki para selar as Bestas com Cauda, era, na verdade, o receptáculo do Dez-Caudas. No capítulo 602, Madara a apresenta a Obito com o objetivo de criar uma nova versão do corpo de Hashirama, sem revelar sua verdadeira origem. Apenas mais tarde no mangá, descobre-se que o Gedo Mazo fazia parte do plano de libertação de Kaguya.
Outra referência importante é a simbologia inspirada no conto folclórico japonês O Conto do Cortador de Bambu, que narra a história da princesa Kaguya, uma entidade celestial enviada à Terra e depois devolvida à Lua. Essa narrativa ecoa o destino da Kaguya de Naruto, reforçando o cuidado de Kishimoto em conectar sua história a referências culturais profundas.

Madara
A ideia de que Kaguya foi uma adição de última hora também é desmentida pelo próprio enredo do mangá. No capítulo 626, durante o embate entre Madara e Hashirama, este último percebe uma presença misteriosa observando a luta do alto. Mais tarde, essa presença é revelada como sendo Zetsu Negro, que atuava como a verdadeira manipulação por trás dos eventos, servindo diretamente aos interesses de Kaguya.
Além disso, no capítulo 467, Tobi menciona que o Sábio dos Seis Caminhos possuía poderes divinos que transcendiam os limites humanos, incluindo a habilidade de criar a Lua. Esse detalhe é um indicativo de que Kaguya, como uma entidade de outro mundo, não foi uma inserção repentina, mas sim uma peça fundamental para explicar as origens do Sábio dos Seis Caminhos e das habilidades oculares do universo de Naruto.

Aliás, é no capítulo 78 que se estabelece que o Sharingan é uma evolução do Byakugan, e a introdução da Otsutsuki no final da obra serviu para aprofundar essa conexão, justificando a relação entre os dojutsus mais icônicos da franquia.
Otsutsuki
Apesar das críticas, a introdução de Kaguya e do Clã Otsutsuki não apenas aprofundou o lore do universo de Naruto, mas também criou um elo direto com Boruto: Naruto Next Generations. O clã alienígena se tornou o principal antagonista da sequência, consolidando seu papel na mitologia da série. Assim, ao contrário da percepção inicial de que sua aparição foi um improviso, Kaguya e os Otsutsuki estavam previstos como um passo crucial na expansão do universo ninja.
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Embora a transição de uma guerra ninja para um conflito contra seres divinos tenha sido uma mudança brusca, a construção da narrativa sugere que Masashi Kishimoto sempre teve a intenção de levar a história para esse patamar. Em vez de enfraquecer o final de Naruto, a revelação sobre Kaguya ajudou a conectar pontas soltas e preparar o terreno para o futuro da franquia.