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Crítica

Antônio e Comitiva caminhando com São Benedito pela música e a fé

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caminhando com São Benedito no Vivente Andante

São Benedito é o santos dos cozinheiros e da cozinha e possui grande devoção no Brasil. Toni Soares fez um álbum em homenagem a esse ícone de fé: Antônio e Comitiva – Caminhando com São Benedito. Tem capricho e muita adoração em cada verso. É um pedido de bençãos constantes que segue num ritmo louvando esse santo preto. “Vou cantar São Benedito / Vou louvar meu padroeiro”, assim começa a sequência de canções que leva a uma peregrinação interna para quem ouve de olhos fechados, “Já Chegou São Benedito” e realmente, chega, e chega firme com uma aura que se mantém durante as próximas.

“Caminhos de São Benedito” é a segunda. Tem jeito de música de rezo, e, ao mesmo tempo, de viagem. E o que é essa vida além de uma grande estrada imprevisível? Mas com a comitiva “pelas praias do Senhor”, cobertos pela proteção, a caminhada é mais segura. O álbum avisa um povo de fé que São Benedito chama quem quer ouvir, chama quem quer acreditar.

A fé como patrimônio de um povo, como resgate de ancestralidade, passado e futuro confluindo num presente. Isso com linguagem popular, sem um eruditismo desnecessário. “Deus nos cubra com sua benção, nos caminho adonde eu vou” canta Antônio. Em seguida, rufam os “Tambores de São Benedito” trazendo o nome de Jesus e um aroma de saudade luzindo através de flores.

Quem vem chegando

Então, vem uma das mais fortes: “Chegança”. Ali por dentro das mensagens, tem história da escravidão e da região de Bragança, no Pará. Aliás, São Benedito ganha homenagem em uma grande festa todo dia 26 de Dezembro nessa região. É a “Marujada”. Inclusive, uma das canções do álbum tem o nome de “Marujada no Salão”.

Logo depois, “Caminhando com São Benedito” tem uma beleza emocionante ao cantar São Benedito como força e luz. Maré cheia nas ruas de Bragança, tambores tocando… a vontade é de estar presente nessa festa, na marujada. Aí tudo “Clareia” com um forró iluminado. Outro destaque é “São Benedito Sua Manga Cheira”.

Santo

São Benedito é o santo preto que, segundo as lendas, quando caminhava nas matas, botões de rosas abriam. A devoção para com ele veio junto com as pessoas escravizadas advindas da África. Ele teria nascido na região da Sicília em 31 de março de 1524, e falecido em Palermo, no dia 4 de abril de 1589. Seria de uma família pobre e descendente de africanos escravizados na Etiópia. Também há algumas versões as quais dizem que Benedito foi um escravo capturado no norte da África. Hoje, o que importa é a tradição da crescente fé nesse santo, um símbolo de afeto e bondade.

Além disso, congada e jongo são tipos de dança de origem africana que são muito feitas em homenagem a São Benedito em várias festas pelo Brasil. Em algumas linhas da Umbanda, São Benedito é visto como um chefe dos Pretos-Velhos, diversos pontos cantam o nome dele, que tem sincretismo com o Ossaim, orixá das folhas sagradas, ervas medicinais.

Por fim, o que fica no coração de quem escuta o álbum é a vontade de seguir caminhando com São Benedito.

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Cinema

‘Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes’ é uma longa jornada com alguns bons momentos

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novo jogos vorazes a cantiga dos pássaros

Um filme, independente de pertencer a uma franquia de sucesso, deve ser uma experiência em si, que atenda tanto aos seus fãs, como aquele expectador comum, não conhecedor daquele universo e que deseja apenas viver uma experiência cinematográfica. O novo Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes , em cartaz nos cinemas atende a esse propósito. A obra se passa antes do primeiro Jogos Vorazes lançado nos cinemas e como filme de origem, situa os marinheiros de primeira viagem ao mesmo tempo em que traz referências para quem acompanha a saga.

“Jogos Vorazes – A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes” está nos cinamas com sessões em XPLUS, 4DX, DE LUX e também IMAX. Na UCI, os fãs ainda podem garantir uma super lembrança do filme com o combo especial com balde de pipoca exclusivo do filme e duas bebidas.

O longa, dirigido por Francis Lawrence e baseado em mais um livro de Suzanne Collins, mostra a origem de Coriolanus Snow, antes de se tornar o tirânico presidente de Panem, então com 18 anos. Ele vê uma chance de mudar sua sorte quando se torna o mentor de Lucy Gray Baird, o tributo feminino do Distrito 12. A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes É um razoável produto de entretenimento que através da sua narrativa levanta questões mais sérias, que em alguns momentos ficam ofuscadas por conta da própria trama, que em nenhum momento nos deixa esquecer que se trata de um blockbuster.

Comovente

O filme “Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes” apresenta uma mistura de pontos positivos e algumas ressalvas, oferecendo momentos envolventes e até comoventes em sua narrativa. Um dos aspectos que merecem destaque é a atuação excepcional da atriz Viola Davis, que se transforma de maneira surpreendente para dar vida à Doutora Volumnia, a organizadora dos jogos, contribuindo significativamente para a qualidade do filme.

A escolha consciente das cores na cinematografia é outro elemento notável. A utilização marcante do vermelho no figurino dos mentores cria um contraste impactante com o cinza dos distritos, evocando visualmente a atmosfera opressiva e reminiscente dos campos de concentração. Essa decisão estética não apenas ressalta a disparidade social no universo da história, mas também enriquece a experiência visual do espectador.

Entretanto, o filme não está isento de críticas. Poderia ter 30 minutos a menos, o que auxiliaria a falta de ritmo em alguns trechos, apesar de não chegar a ser um ponto que compromete totalmente a experiência. No entanto, é elogiável que a longa duração do filme seja justificada pela necessidade de explorar a complexidade da trama, dividida em capítulos. Isso indica um esforço em construir uma narrativa sólida e detalhada, o que pode ser apreciado por aqueles que valorizam uma história mais densa e aprofundada.

Enfim, apesar das críticas pontuais, a obra consegue cativar e oferecer uma experiência satisfatória no geral.

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