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CinemaCrítica

Aquela sensação que o tempo de fazer algo passou | Crítica

Por
Livia Brazil
Última Atualização 30 de junho de 2024
7 Min Leitura
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Tópicos
EnredoNaturalização do corpoAnálisesFicha TécnicaPOR FIM, LEIA MAIS:

Tenho certeza absoluta que a maioria das pessoas que assistir Aquela sensação que o tempo de fazer algo passou não vai gostar. Porque não é um filme tradicional. Não é nem por questão estrutural, mas é mais a narrativa. O que eu quero dizer com isso? Que a história não é feita das partes empolgantes da vida. Explico. Geralmente, as produções audiovisuais tentam mostrar o cotidiano de forma mais interessante do que é. Mas o longa em questão não tenta fazer isso. Nem um pouco. Joanna Arnow, que escreveu, dirigiu e protagoniza o filme, faz questão de mostrar ao espectador todas as partes mais sem graça da vida de uma pessoa.

Quem assistir a Aquela sensação que o tempo de fazer algo passou verá Ann, a personagem principal, tirando uma sopa de dentro de um pacote e colocando em um pote por uns bons segundos. Ela também toma sorvete enquanto ouve podcast no metrô. Além disso, tem uma conversa absolutamente trivial com sua mãe no celular. Nada empolgante. Nada diferente. É a vida comum de uma pessoa comum bem na sua tela. Portanto, acredito que um número considerável de pessoas desista do filme no meio, principalmente hoje em dia, que os espectador parecem precisar de ação, ação, ação o tempo inteiro e não têm paciência de esperar a história se mostrar pra elas. Porque obviamente há uma história ali. E muito boa, por sinal.

Enredo

Vamos lá para uma breve sinopse do filme. Já sabemos que Ann é nossa protagonista. O que não sabemos (quer dizer, eu sei, mas vocês ainda não) é que ela tem uma relação casual há nove anos com um homem. É quando essa relação é mostrada que, desde o início, o público pode observar algo que considere como mais ação, já que mostra sem pudores a forma como essa relação é construída. Como eu disse, é um relacionamento casual, apesar de longo. Contudo, a diferença é que é uma relação de BDSM, ou seja, ele manda, ela obedece. Ao longo do filme entendemos que esse tipo de relação é algo a que Ann é acostumada e que realmente a atrai. Contudo, assim como no eu trabalho e em sua relação familiar, Ann também está entediada com esse relacionamento.

Por isso é tão importante – e tão genial – a forma monótona como a vida de Ann é mostrada desde o início. Porque as repetições e a total falta de graça nas cenas é exatamente o que mostra ao espectador como é a vida dessa personagem. Se Joanna escolhe qualquer outra forma de apresentar a personagem pra gente, não teria tanto impacto. O espectador sente a monotonia junto a Ann, e até algo que deveria ser empolgante, como um sexo sadomasoquismo, vira tedioso, sem prazer. É isso, a vida de Ann não tem prazer. E, principalmente pela forma com que ela é tratada pelos pais, você entende o motivo de suas ações.

Aquela Sensação que o Tempo de Fazer Algo Passou
Ann falando no telefone com a mãe. Foto: Divulgação.

Naturalização do corpo

Outro motivo que o filme pode desagradar a maioria do público, mas que é mais um fato que o torna interessante, é a naturalização do corpo e do sexo. Joanna Arnow, ou Ann, tem um corpo altamente comum. Não é um corpo hollywoodiano, dentro dos padrões e magérrimo. E ela não tem pudor nenhum de aparecer nua.

A forma com que a nudez é utilizada dentro do filme é natural e sem nenhum pingo de sensualidade ou sexualidade. Não objetifica a mulher e, ao mesmo tempo, mostra um corpo real sendo desejado (objetificar e desejar são coisas bem diferentes, percebam), o que é muito importante e potente para todas as mulheres que assistirem ao longa. E também para os homens, por que não, pra perceberem e entenderem como é um corpo real, ou um deles, já que os corpos são diversos.

Análises

Além disso, é um filme que nos faz analisar nossa maneira de exercer nossa vivência no mundo. Agimos de tal forma porque queremos ou porque nos acostumamos a agir assim? Ou porque nos foi ensinado a agir assim e agente comprou essa ideia? Como sair desse círculo vicioso, caso queiramos? Joanna deixa todas essas questões no ar em um roteiro conciso, bem-escrito, com personagens super complexos e inteligentes. Nota dez.

Aquela sensação que o tempo de fazer algo passou entrou em cartaz nos cinemas do Brasil na última quinta-feira, 27 de junho. A saber, I=o longa foi indicado aos prêmios Câmera de Ouro (estreia diretorial) e SACD (Critics’ Week) do Festival de Cannes.

Por fim, fique com o trailer do filme:

Ficha Técnica

Aquela sensação que o tempo de fazer algo passou (The feeling that the time for doing something has passed)

Estados Unidos | 2024 | 87min. | Comédia, Drama

Direção e Roteiro: Joanna Arnow

Elenco: Joanna Arnow, Scott Cohen, Babak Tafti, Michael Cyril, Alysia Reiner

Produção Executiva: Sean Baker

Distribuição: Synapse

POR FIM, LEIA MAIS:

‘Salamandra’ é um filme que impacta, pro bem ou pro mal | Crítica

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Tags:Cinemacomédiacrítica
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PorLivia Brazil
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Escritora, autora dos livros Queria tanto, Coisas não ditas e O semitom das coisas, amante de cinema e de gatos (cachorros também, e também ratos, e todos os animais, na verdade), viciada em café.
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