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Auto da Compadecida 2
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: Com muito amor, ‘Auto da Compadecida 2’ avança de modo autorreferencial

Com consciência do carinho que o Brasil tem pelo filme, Auto da Compadecida 2 é uma homenagem a estes fãs que 25 anos depois do lançamento do filme, ainda continuam fiéis a este universo

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 8 de dezembro de 2024
7 Min Leitura
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Dirigido por Flávia Lacerda e Guel Arraes, o Auto da Compadecida 2 apresenta um tempo narrativo igual ao tempo real, assim, dentro da história de Taperoá, 25 anos se passaram desde a morte e ressureição de João Grilo. Uma história explorada como forma de atração turística por Chicó, um dos poucos moradores residentes na pobre cidade que apresenta um senso de decadência sob a prefeitura do Coronel Ernani, Humberto Martins.

Com o retorno de João Grilo à Taperoá, agora enxergado como um santo por conta das histórias narradas por Chicó, a dupla decide se envolver no meio da disputa eleitoral da cidade, sempre tirando benefícios para si.

O retorno de Matheus Nachtergaele e Selton Mello seria algo grandioso por si, mesmo que Auto da Compadecida 2 fosse uma adaptação de Esperando Godot de Becket em que ambos somente conversassem entre si por 2 horas, mesmo assim, seria aclmado.

O retorno de personagens como Enrique Díaz e uma brilhante Virginia Cavendish, que trouxe muito mais camadas para Rosinha, juntamente com a inclusão de atores como Eduardo Sterblitch, Luís Miranda e Fabíula Nascimento, transformam o filme em uma sequência única, principalmente ao considerarmos as escolhas estéticas da produção.

Selton Mello em cena de Auto da Compadecida 2- Divulgação H20/Films

O Auto da Compadecida 2 segue caminhos como o da minissérie Capitu de Luiz Fernando Carvalho, na qual, a 2ª forma de arte, as artes cênicas, se une com a 7ª, as artes audiovisuais, utilizando o melhor de cada uma para a construção um filme lúdico e mágico, que somente o sertão nordestino e as histórias de Chicó permitem.

O Auto da Compadecida 2 ousa bem mais esteticamente.

O primeiro filme é um trunfo do cinema nacional, agradando gregos e troianos, dos mais velhos aos mais novos, seja pelo humor cartoonesco de sua primeira metade, ou pela alma e coração jogado para nós na segunda metade, durante um julgamento que é a melhor parte do filme.

Auto da Compadecida 2 segue exatamente esta estrutura, por meio de um misto de comédia e coração, o filme apresenta um protagonismo direto em Chicó, apesar de João Grilo estar bem presente, a força motriz da história é movida sempre por maior mentiroso do sertão, com suas histórias inclusive atualizadas para uma nova estética, juntamente com todo o resto do filme.

Em 25 anos ocorreu um nítido avanço tecnológico por meio da tecnologia de VFX, e queira o público ou não, ela permite grandes economias dentro do cinema, para um cinema como o brasileiro, quanto mais economia melhor. Apesar de aparentar falsidade em diversos momentos, sabiamente o Auto da Compadecida 2 é construído de maneira tão lúdica, que tudo aquilo cabe dentro de uma literatura de cordel, em resumo, diferente do primeiro filme, sua sequência aparenta ser uma grande história de Chicó: fantástica e maravilhosa dentro de seu próprio contexto.

Auto da Compadecida 2 toma decisões distintas do primeiro filme, a estética teatral, propagandas nem um pouco discretas da Brahma e da Santa Helena, músicas originais ao invés da icônica trilha de SaGrama, e principalmente a construção de cenários e iluminação dentro do ambiente controlado de estúdio, compondo uma Taperoá que, do mesmo modo que Macondo em Cem Anos de Solidão de Gabriel Garcia Marquez, aparenta presa no tempo.

Uma paleta de cores cinza em seu inicio, Igrejas e casas tortas, um anoitecer que demora segundos, uma composição de luz e sombras que é uma coisa maravilhosa, e que auxiliam na construção de um sentimento de fantasia. A chegada de Rosinha em Taperoá, com uma luz laranja ao seu arredor, é algo de se apaixonar, porém, a cena em que esta técnica chega em sua apoteose é durante o novo julgamento de João Grilo.

Auto da Compadecida 2

Taís Araujo em cena de Auto da Compadecida 2- Divulgação H20/Films

Um receio desde que foi anunciado que Fernanda Montenegro não voltaria ao papel de Compadecida, era o modo como isto seria lidado. Após uma bela homenagem, Taís Araújo surge maravilhosamente, como uma digna sucessora da santa, cada palavra é pronunciada com uma força que arrepia, apresentando força de converter até os mais ateus para a sua religião, sempre acompanhada por uma música da grande Maria Bethânia.

Esta força da Compadecida não é somente privilégio de uma atriz sabiamente escalada, mas de um jogo de iluminação e brilho. Um holofote de luz segue Taís Araújo em seus momentos grandiosos, contrapondo um azul divino, com o vermelho assustador do Diabo. Apesar de em diversos momentos a produção parecer ser um teatro filmado, isto não incomoda a audiência, afinal, quantas peças de Auto da Compadecida são ensinadas anualmente? Desde grandes equipes de teatro, até em escolas como conclusão de curso, ou somente por diversão? Um impacto que não existiria sem a força do texto Suassuna e de um excelente primeiro filme.

A equipe apresenta plena consciência disso, assim, não tenta reinventar a roda. Auto da Compadecida 2 entrega momentos óbvios de fan service, como o retorno de diversas frases marcantes que viraram memes dentro de nossa cultura, e constrói um filme que apesar de ser uma sequência, sem nenhuma intenção inicial, além, de somente lucro, se mantém por si só, e pratica uma auto homenagem ao legado que estes personagens entregaram ao Brasil e aos fãs.

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Tags:crítica auto da compadecida 2Destaque no Viventefilme auto da compadecida 2matheus nachtergaeleSelton Mello
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