Um dos filmes mais bizarros que vi nos últimos anos. Isso é Beau tem Medo (Beau Is Afraid), onde temos, a princípio, boas atuações, como a do protagonista Beau, vivido pelo astro vegano Joaquin Phoenix (Coringa).
A estreia é nessa quinta, 20 de abril, com distribuição da Diamond Films. No longa, Beau é um homem extremamente paranoico que embarca em uma odisseia épica para visitar a casa de sua mãe controladora. Aos poucos vamos tendo pistas de porque Beau é do jeito que é, e conhecemos outros personagens psicologicamente afetados.
É um filme para ser visto após ler bastante sobre Complexo de Jocasta, que seria o desejo sexual incestuoso de uma mãe para com o seu filho. Raymond de Saussure introduziu o termo através da analogia com seu contrário na psicanálise, o Complexo de Édipo. Quando lemos sobre essa teoria vemos que uma das coisas que traz é um amor maternal exercido por uma dominação assexual. Algo que podemos perceber em Mona Wasserman (Patti LuPone em boa atuação), mas que só é possível sacar mais para o final do filme. E não é spoiler, somente um caminho para procurar compreender esse longa – bem longo – de 3 horas de duração!
Aliás, tem isso, não precisava ser tão comprido. Mas faz parte do que Ari Aster quer, e acaba por fazer sentido. Um bom exemplo são as cenas onde percebemos o controle emocional que Mona exerce sobre Beau. Onde ele fica ao telefone, esperando alguma resposta dela, e cai em suas armadilhas emocionais.
Criativo
Beau tem medo de tudo e de todos, mas segue sua jornada, entre devaneios futuristas e o passado que assombra. E não sabemos o que é real e o que não é. É uma comédia, mas de um humor pesado, sombrio. O tipo de filme para ver mais de uma vez, para poder tentar – eu disse tentar – pescar as tantas simbologias.
É criativo e imaginativo ao extremo e conta com uma bela fotografia de Pawel Pogorzelski. Em muitos momentos parece que são vários filmes em um, o que torna tudo ainda mais interessante. Em verdade, sigo tentando digerir a quantidade de coisas que Beau tem Medo apresenta. Enquanto escreve sinto vontade de ver de novo. É cinema diferente do comum. É psicanálise, ação, terror, drama, comédia, e mais.
Escrito, produzido e dirigido pelo renomado cineasta Ari Aster (“Hereditário”, “Midsommar”) conta ainda no elenco com Parker Posey, Amy Ryan, Richard Kind, Kylie Rogers e Armen Nahapetian.
Afinal, se liga no trailer: