Depois do lançamento de singles, a dupla Beraderos, formada pelo baiano Danilo Mesquita e pelo gaúcho Ravel Andrade – músicos, compositores e atores -, apresenta seu primeiro álbum autoral, via gravadora Biscoito Fino.
O álbum tem as colaborações de Alexandre Ito, contrabaixista e produtor musical de Sa?o Paulo; Ju?lio Diniz, percussionista natural do Rio de Janeiro; Ronaldo Silva, percussionista, tambe?m do Rio, e ainda o francês Simon Bechemin, fagotista e saxofonista france?s, nascido na cidade de La Rochelle. Vale destacar ainda a participac?a?o especialíssima do mestre Robertinho Silva na percussa?o.
A produção do álbum foi um desafio, como conta Danilo: “Todos que participam do Beraderos têm muitas outras atividades: encontrar e juntar todo mundo sempre foi trabalhoso. Conforme as canções ficavam prontas fomos lançando como singles, estávamos ansiosos para saber como a nossa música bateria no coração das pessoas. Tudo foi construído em grupo, com a colaboração artística de todos, em todas as músicas. Me lembro que quando estávamos testando arranjos e timbres, vimos que todos os instrumentos elétricos, peles sintéticas e timbres não orgânicos, pareciam não se encaixar. É por isso que o álbum tem esse som orgânico, porque é feito através de madeira, couro e ar. Isso foi determinante para a estética do Beraderos”.
Miton Nascimento, Bituca
Além disso, o grupo teve a honra de receber a benção de Milton Nascimento, padrinho musical, que abriu as portas do selo Nascimento Mu?sica para Danilo e Ravel. “Bituca é a maior voz de todos os tempos. Ele toca a alma da gente, conversa com o nosso sentimento mais profundo”, define Ravel Andrade.
A capa do álbum conta muitas histórias e surgiu quase ao acaso, como conta Ravel. “Tínhamos decidido que Loiro Cunha faria a capa antes mesmo do disco ficar pronto. Isso porque ele é um grande irmão, fotógrafo e diretor de cinema, que sempre esteve presente na nossa arte e na nossa caminhada. Quando Loiro nos mostrou as tantas fotos lindas que havia feito, nos deparamos com esse olhar, com a força desse menino, o caminho, a morada, as montanhas. Loiro Cunha complementa: “Com a ajuda do Martinho, morador da comunidade de Várzea Queimada, fizemos a placa. As crianças que brincavam na rua correram na minha direção para ver o que estava escrito e nesse momento aconteceu a foto. Nessa hora, agradeço aos encontros, agradeço às crianças que inventaram o olhar”.
Aliás, se liga neles cantando “Flor de Laranjeira” no Circo Voador:
Beraderos – Por Milton Nascimento
“Ja? tem alguns anos que o pessoal dos Beraderos frequenta minha casa, e eu frequento as casas deles todos. Minha histo?ria com os Beraderos comec?ou primeiramente por conta da nossa amizade. Alia?s, quase tudo que eu fac?o comec?a assim, entre amigos, entre pessoas que se gostam e que fazem disso uma troca de afinidades muito sincera. Comigo e? assim o tempo todo, ate? hoje. A amizade vem sempre em primeiro lugar. A partir disso, foi se criando uma relac?a?o que acabou caindo naturalmente para a mu?sica. Mas, tudo por conta do jeito que os Beraderos conseguem apresentar a arte deles, e esse sopro de novidade – essa coisa forte de Brasil que ta? escancarado em todas as mu?sicas do grupo – foi o que me chamou mais atenc?a?o. E, quando eu vi, ja? estava com eles num estu?dio gravando. E eu fiquei ta?o ligado no som da banda que conversei com meu filho, Augusto, que trabalha comigo, e no?s decidimos que essa parceria com eles tinha que ir um pouco mais ale?m. Foi enta?o que convidamos os Beraderos para fazerem parte da Nascimento Mu?sica. E isso pra mim e? um orgulho muito grande, porque eu sempre gostei de trabalhar com o novo, e os Beraderos representam bem isso: o novo”.