Conecte-se conosco

Entrevistas

Cantora Micah | “Existe uma repressão muito grande em cima do desejo feminino”

Publicado

em

Micah

A cantora e compositora independente Micah veio direto da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Primeiramente, ela estreou em 2018, com o EP “Plantas no Fundo do Aquário”. Em seguida, em julho de 2019, lançou “Gigantesco em Mim” single que contou com a participação de Letrux (Letícia Novaes) em uma performance no Sesc Engenho de Dentro.  Inclusive, Micah está participando da primeira etapa da seletiva do concurso EDP Live Bands, que vai contemplar um artista com a participação no Festival NOS Alive em Portugal, juntamente com a masterização de um álbum. Enfim, a votação se encerra neste domingo (17/05) e para garantir presença na próxima fase é preciso estar entre os mais votados. Para votar acesse: https://edplivebands.edp.com/brasil/banda/micah.

Além disso, a cantora respondeu algumas perguntas do Vivente Andante, confira:

Alvaro Tallarico: Sua ideia é fazer um trabalho que explora a sexualidade feminina? “Gigantesco em mim” é um bom exemplo?

Micah: “Gigantesco em mim” é a love song do EP (risos). A canção aborda o tema também, mas “Período Fértil” é um exemplo melhor, pois a letra fala justamente sobre desejo! Também desejamos, nem sempre a paixão está envolvida ou outros sentimentos. Existe uma repressão muito grande em cima do desejo feminino, tanto que quando exercemos nosso direito de apenas desejar, sem romantizar nada, apenas curtir, ter “um lance”, normalmente somos condenadas. Um post no facebook de uma amiga reclamando sobre isso que inspirou a canção. “Oh girls just wanna have fun”!

Alvaro Tallarico:  Mas por que Letrux é uma das suas principais referências?

Micah: Acompanho a carreira da Letícia desde 2012. Achei um vídeo do antigo projeto dela o “Letuce”, no YouTube, Foi amor a primeira vista! Entrei no site da banda, baixei os discos, coloquei num antigo celular Nokia de flip, e toda noite antes de dormir mergulhava nas canções. Amo a forma como ela escreve, a pegada tragicômica das letras, a escolha inusitada das palavras. Fora que Letícia não tem uma beleza padrão, é considerada, por muitos, esquisitona, e eu que desde sempre fiz parte desse clube (sofri muito bullying na escola) acabei me identificando.

Aliás, aproveite e veja Micah e Letrux juntas:

AT:  Como foi essa passagem de intérprete no seu primeiro EP “Plantas no Fundo do Aquário” para compositora no “Período Fértil”?

Micah: A parceria com Leonardo Alves, compositor do “Plantas”, foi o início da minha trajetória artística profissional. Depois de um tempo circulando fazendo shows com o EP surgiu a necessidade de lançar novas canções. No lugar de buscar novas parcerias, resolvi enfrentar o desafio e romper meu bloqueio com a composição. No inicio de 2019 comecei a participar do “Dançar Curar”, movimento idealizado pela artista dançarina Beatriz Melo, que recebia mulheres no salão do seu condomínio para dançar. Os encontros foram fontes de grandes inspirações e me ajudaram muito no processo criativo. Foi uma delícia essa passagem, descobri que eu tinha muita coisa pra botar pra fora!

Vale lembrar que o EP “Período Fértil” não foi escrito apenas por mim. Fiz parceria com diversas mulheres para construção das letras, e a última faixa “Casa 9”, foi um presente da cantora, compositora e amiga Rebeca F, que escrevei a canção especialmente para mim.

AT:  Como está sendo para você o momento de pandemia? A princípio, tem sido um período fértil ou se sente no fundo do aquário?

Micah: Fui impactada financeiramente por conta dos cancelamentos dos shows e eventos e tive que mudar temporariamente para casa da sogra pra amenizar as despesas. Apesar do perrengue e da tristeza pelo momento que estamos passando, tem sido um período fértil sim! Sigo compondo e criando novas canções com meu companheiro na vida e na música Philip Sachez. Inacreditavelmente coisas boas estão acontecendo!

AT: Você está participando de um concurso da EDP Live Bands. Por que a vontade de fazer essa ponte da zona oeste oeste do Rio de Janeiro para Portugal?

Micah: Acredito que a oportunidade é muito bacana e é possível acontecer! Não foi algo previamente planejado. Conheci o concurso durante a quarentena e fiz a inscrição. Fiquei sabendo que fui selecionada quarta-feira passada, a votação que encerra quinta (21/05) está rolando desde abril! De mil projetos selecionados para participar da votação o meu é o 14º mais votado, em apenas 4 dias. Uma loucura, estou transbordando de felicidade com o retorno que tive, não imaginava tantos votos em tão pouco tempo.

Quem é artista independente periférico sabe o quão difícil é fazer nosso trabalho. Considero inclusive um ato revolucionário! Estamos cercados de situações que são desmotivadoras. É o mundo dizendo para você o tempo inteiro que você não pode ser artista. A vontade não é só de fazer uma ponte da Zona Oeste pra Portugal, mas a da Zona Oeste pra Bahia, pra São Paulo, pro Leblon. A ideia é conseguir afetar o máximo de pessoas possível, criar uma rede que de fato funcione, estar atuando no circuito nacional e buscar a sustentabilidade da minha carreira e dos músicos que me acompanham.

Ademais, leia mais:

Outros Caras e o clipe colaborativo ‘Fé (É preciso ter)’ | “O artista e sua obra não podem se descolar do mundo”
Banda Dois ou Dez | “Buscamos despertar o lado reflexivo das pessoas”
Além disso, Ana Catão | “Nossa missão é trazer essa história que foi varrida para debaixo do tapete”

Cinema

Mais Pesado é o Céu: um road movie impressionante de Petrus Cariry

Publicado

em

Mais Pesado que o céu de Petrus Cariry

Na noite da última sexta-feira, 29 de setembro, fomos convidados para a abertura da “Mostra Petrus Cariry: imagem, tempo e poesia” com o filme “Mais Pesado é o Céu”, na CAIXA Cultural Rio de Janeiro, localizada na Rua do Passeio, 38, no Centro da cidade maravilhosa. Foi também a reabertura do espaço de cinema da CAIXA Cultural, fechado desde 2019.

Os presentes, entre eles, Chico Buarque, Walter Lima Júnior, Silvia Buarque e Mônica Monteiro, Vice-Presidente de Logística, Operações e Segurança da Caixa Econômica, puderam ver o inédito, e mais recente longa-metragem de Petrus Cariry, o qual recebeu quatro prêmios no Festival de Gramado deste ano. O filme estrelado por Matheus Nachtergaele e Ana Luiza Rios, em grandes atuações, narra a história de Antônio e Teres. Eles acolhem uma criança abandonada e embarcam em uma jornada pelas estradas cearenses. Enquanto isso, compartilham um passado ligado às memórias de uma cidade submersa no fundo de uma represa.

Crítica de “Mais Pesado é o Céu”

Fiquei extasiado com a beleza da cinematografia do longa. Diversas cenas parecem pinturas e o céu é uma personagem presente quase o tempo todo, mas não de forma necessariamente positiva, apesar da beleza. Há muitas cenas onde o diretor usa divisões claras para simbolizar o distanciamento entre os protagonistas e a misoginia é um tema bem abordado, sem discursos, mas a partir dos acontecimentos e comportamentos dos homens do filme.

Há muitas simbologias religiosas, e nomes que podem remeter a isso, mas não fala sobre fé. O rádio traz recados de uma emissora evangélica, há imagens aqui e acolá, mas a realidade seca e cruel é mais presente do que o sonho e a esperança.

Tem um ar de sobrevivência, fazer o que for preciso, e traça um retrato do Brasil profundo, das estradas, da dureza da vida. Em vários momentos do longa, sorri, enquanto em outros me emocionei, mas também me perturbei. Sim, há momentos perturbadores e um final incisivo. Fiquei sentado até o fim dos créditos, buscando a digestão das cenas finais. Saí ainda pensativo e atordodado. É como deve ser o cinema, e como deve ser um bom road movie, uma experiência que permite viajar, refletir – e sentir.

Inclusive, entrevistamos o diretor, ouve aí:

A Mostra “Petrus Cariry: imagem, tempo e poesia”

A exposição tem início no sábado, 30 de setembro, e termina em 06 de outubro. Durante esse período, serão exibidos todos os sete longas-metragens do diretor cearense, acompanhados por quatro masterclasses. A entrada é gratuita, mas está sujeita à capacidade da sala, e as senhas serão distribuídas uma hora antes de cada sessão. Este evento marca a reabertura do cinema nesse espaço.

Petrus Cariry se destacou na cena cinematográfica brasileira das duas primeiras décadas do século XXI, sendo elogiado por seu rigor técnico e estético, bem como por uma linguagem autoral que destaca os cenários do Nordeste brasileiro.

A programação da Mostra começa no sábado, 30 de setembro, com a masterclass sobre direção cinematográfica ministrada por Petrus Cariry às 14h, seguida pela exibição dos filmes “O Grão” às 16h e “Mãe e Filha” às 18h. No domingo, 1 de outubro, haverá outra masterclass com Cariry, desta vez sobre direção de fotografia para cinema, às 14h, seguida pela exibição do filme “O Barco” às 16h.

Sequência

Na terça-feira, dia 3, a Mostra exibirá três filmes em sequência: “A Jangada de Welles” às 14h, “Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois” às 16h, e “A Praia do Fim do Mundo” às 18h. Na quarta-feira, dia 4, haverá uma masterclass sobre produção cinematográfica com a produtora Bárbara Cariry às 14h, seguida pela reexibição dos filmes “A Praia do Fim do Mundo” às 16h e “Clarisse ou Alguma Coisa Sobre Nós Dois” às 18h.

No penúltimo dia da Mostra, na quinta-feira, dia 5, a atriz Silvia Buarque ministrará uma masterclass sobre atuação no cinema e teatro às 14h, seguida pela reexibição dos filmes “O Barco” às 16h e “O Grão” às 18h. No último dia, sexta-feira, dia 6, “A Jangada de Welles” será reexibido às 14h, seguido por “Mãe e Filha” às 16h. Para encerrar a Mostra, “Mais Pesado é o Céu,” o sétimo longa-metragem de Cariry, será exibido às 18h.

Mais Pesado - Petrus Cariry
divulgação / Primeiro Plano

Petrus Cariry nasceu em Fortaleza, no Ceará, em 1977. Ele tem uma longa trajetória no mundo do cinema e uma relação profunda com os sets de filmagem, influenciado desde a infância pelo trabalho de seu pai, Rosemberg Cariry. Além de dirigir, ele também assume a direção de fotografia, roteiro e montagem de suas produções, muitas vezes colaborando com pessoas como Firmino Holanda e Bárbara Cariry.

Por fim, leia mais:

Canal Brasil tem 18 indicações no Festival do Rio 2023

Pérola | Um filme emocionante sobre mães

Série ‘Vizinhos’ estreia no Canal Brasil

Continue lendo
Anúncio
Anúncio

Cultura

Crítica

Séries

Literatura

Música

Anúncio

Tendências