A corda e o espaço
O espaço inteiro é uma corda bamba
E navego nos passos de uma rede de algodão
Descalça em nuvens.
E, como que desprendida do que sou
Em um amanhã sem endereço
De estradas
Perdidas,
Desfaço o que me marca o corpo
O som que se enrosca no dorso do tempo
Fala
Por entre as vigas
Do sol
Tua claridade estampada nas ruínas
Longa marca crivada no fundo do fruto
Vestígios de algum sabor de assombro
Liquefeito.
.
Impressionado
É a marca de uma grafia
– Não no papel, efêmero da humanidade,
Nem no tecido perecível do dia
E de tudo que há,
Mas na vida dessas vigas esculpidas
Ao ocaso.
Devorava a linguagem no interior das beiradas
Sinuosas paisagens de entorpecimento
De imaginação.
A sede tão-logo fugitiva
Paira nos canteiros do deserto de cimento
E colhe ao longe, ao longo de um caminho
Tua boca embebida.
Porque navego nos passos de uma rede de algodão
Descalça em nuvens
E o espaço inteiro é uma corda bamba.