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Crítica

Tales from the Loop | Contos do Loop é sensacional

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Tales from the Loop é uma série de ficção científica e humanidade. Leia a crítica de Alvaro Tallarico.

Tales from the Loop começa firme e forte com Jonathan Pryce (‘Dois Papas’) explicando o que dá base aos contos que vem a seguir. E o zoom vai aumentando em sua face. Logo após vamos para uma criança, uma menina, sensível e diferente, vendo pela janela da sala de aula o que tem lá fora. Paradoxos temporais, universos paralelos, singeleza e humanidade. Assim é essa série, um conjunto de estórias contendo ficção científica de qualidade, com suspense e mistérios. Além disso, tem uma mescla de clima vintage com futurismo bem interessante. Parece ser um outro mundo na década de 80, entre telefones de disco e robôs.

Ou seja, são coisas que você diria impossíveis, mas ainda assim estão lá

A trilha sonora original de Paul Leonard-Morgan (na maioria dos episódios) no piano dá o tom dramático. A série que possi um ritmo adequado, apropriado para a proposta de estudar algumas idiossincrasias humanas a partir dos acontecimentos fantásticos causados pelo Loop. Os episódios são bem conduzidos, todos com uma bela fotografia puxando para o soturno, azulado, melancólico, e um elenco afinado que conta com Rebecca Hall em ótima forma. Aliás, Tales from the Loop é baseada no livro de pinturas de mesmo nome, do artista gráfico sueco Simon Stålenhag. É um tipo de “Além da Imaginação” (The Twilight Zone, 1959-1964), uma das melhores séries já produzidas que trazia um conto fantástico em cada episódio, como acontece aqui.

O episódio 4, por exemplo, é focado no personagem de Jonathan Pryce e no ciclo da vida. Claro que o ator dá um show de interpretação, trazendo toda a emoção que a estória pede, dizendo através os olhos e dos pequenos gestos, o que precisa expressar. São muita cenas detalhistas e bonitas, entre planos abertos e fechados. Os roteiros de Nathaniel Halpern são redondos, e cada episódio tem alguma conexão com o próximo. Ou com outro que ainda virá – ou já foi. É sensacional chegar ao último (maravilhosamente bem dirigido por Jodie Foster) e ver como se entrelaça com o primeiro, parecendo até um grande filme.

Junto com aqueles personagens viajamos pela solidão, pela vontade de que as coisas não mudem, pelo inevitável, pelo improvável, pelo impossível. Por risos e lágrimas. Uma jornada talvez triste, todavia, bonita. Enfim, Tales from the Loop é ótima, tem delicadeza e traz reflexões em contos sobre um mundo que mescla passado e futuro; ficção e realidades.

Afinal, veja o instigante trailer:

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34 Comentários

34 Comments

  1. undefined

    8 de abril de 2020 at 13:30

    A série contém algum conteúdo pornografico? Ou que remete a isso?

    • Alvaro Tallarico

      12 de abril de 2020 at 12:26

      Tem algumas questões relacoonadas a sexo, e algumas cenas, em especial no episódio 3 – Stasis. Mas longe de ser pornográfico.
      Por que?

    • L

      5 de junho de 2020 at 13:59

      Rapá, tem cenas singelas de sexo e aborda um caso Homossexual.

  2. Daniel

    18 de abril de 2020 at 22:25

    ótimo artigo! A séria muito boa, cada episódio descreve cada personagem, a trilha é sensacional de Paul Leonard-Morgan. Vale a pena assistir.

    • Alvaro Tallarico

      19 de abril de 2020 at 11:22

      Sim, trilha original sensacional mesmo. Até agora a melhor série que vi em 2020. E como cada episódio foca em um personagem, conta uma estória diferente mas, de alguma forma se interliga com os outros.

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  4. MARCELO BESERRA

    20 de maio de 2020 at 19:02

    Gostei da série, é um conteúdo para adulto, sobre sexo só há em duas ocasiões, realmente longe de ser pornografia , meio triste os contos , mas fala sobre cada personagem de forma distinta e naturalmente como eles se interagem. Intrigante, não deixa de ser uma ótima obra. Muita gente vai amar e outros vão odiar, mas ão de falar dele.

    • Alvaro Tallarico

      21 de maio de 2020 at 07:44

      Isso mesmo. Os contos navegam pela melancolia.Gostei muito do seu comentário, complementou o que está escrito no artigo. Foi a melhor série que vi em 2020.
      Gratidão!

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  8. laila

    23 de julho de 2020 at 15:06

    Achei parecido com “Dark”.Espero que no final seja melhor.

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Crítica

Benjamin, o palhaço negro | Uma homenagem ao primeiro palhaço negro do Brasil

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Parece até piada que notícias como a do racismo sofrido pelo jogador de futebol Vini Jr. ou um aplicativo que simula a escravidão tenham saído enquanto “Benjamin, o palhaço negro” está em cartaz. Infelizmente não é. Assim como não é piada e nunca deveria ser considerada como uma as coisas que um certo “humorista” disse no vídeo que, com razão, foi obrigado a ser retirado do ar. Infelizmente, a luta contra o racismo continua, desde a época em que Benjamin de Oliveira viveu, de 1870 a1954. Cem anos e as atitudes dos racistas continuam iguais! É um absurdo!

Mas sabe o que mudou? O combate. Como fica bem óbvio no texto do musical, agora não se sofre mais calado. Agora há luta. Agora há regras, há leis, os racistas não vão fazer o que querem e ficar por isso. As pessoas pretas vão exigir o seu lugar de direito e o respeito de todos. Já está mais do que na hora, né?

Mas estou me adiantando para o final da peça. Vamos voltar ao começo.

Quem foi Benjamin de Oliveira?

Benjamin de Oliveira foi o primeiro palhaço negro do Brasil, em uma época em que pessoas pretas não eram aceitas ou bem-recebidas no mundo do entretenimento (e no mundo como um todo, sejamos sinceros). Além disso, ele foi o idealizador e criador do primeiro circo-teatro. Mas por que, então, não conhecemos a história dele?

Por que vocês acham?

Como os atores dizem no início do musical idealizado por Isaac Belfort, a história do circo foi embranquecida, assim como todas as histórias que aprendemos. A peça vem, portanto, para contar a história verdadeira e colocar luz em cima de quem deveria, desde sempre, ter ganhado os louros de sua invenção. Em um espetáculo intenso, sensível e moderno, o público aprende sobre quem foi Benjamin e, também, a valorizar os artistas negros atuais e da nossa história. Mostrando, assim, pra quem tinha dúvidas, quanta gente preta de talento existe e sempre existiu. Só falta, como disse Viola Davis, oportunidade.

O espetáculo

No palco, cinco atores. Eles se revezam para interpretar Benjamin, uma sacada ótima. Uma sacada que faz todo mundo querer se colocar no lugar daquele personagem. Uma sacada que faz qualquer um não conseguir não se colocar no lugar daquele personagem. E sentir todas as dores que ele sentiu. Para pessoas brancas, como a jornalista que vos fala, que nunca vão saber o que é sofrer o racismo na pele, é um toque certeiro pra empatia. Mesmo que forçada, aos que até hoje tentam ignorar esse mal da nossa sociedade. É necessário.

Outra sacada ótima foram os toques de modernidade ao longo de todo o roteiro, muito bem escrito. Colocar personagens da época de Benjamin agindo como os jovens tiktokeiros e twitteiros de hoje foi primordial pra facilitar a identificação. Mesmo para quem não conseguiria fazer a paridade entre a época outrora e os tempos atuais, o roteiro faz questão de não deixar dúvidas. E fica impossível não reconhecer algumas das personagens mostradas no palco. O espectador vai, na hora, conseguir lembrar de alguém que já conheceu ou viu passar pela internet. Ou vai pensar em si mesmo. E é aí que mora a chave do sucesso da peça: porque o reconhecimento traz a mudança (ou assim se espera).

Um elenco de se tirar o chapéu

Os cinco atores – Caio Nery, Elis Loureiro, Igor Barros, Isaac Belfort e Sara Chaves – sabem muito bem o que estão fazendo. Dão show em cima do palco. Cantam, atuam e se movimentam de forma emocionante. A cenografia ajuda, claro. Assim como a iluminação. E a coreografia. O espetáculo é apresentado em um espaço pequeno, que ajuda ao espectador se sentir dentro da peça. E a força com que cada elemento está em cena – atuação, música, iluminação, cenário – torna difícil não sentir cada cena como se estivesse acontecendo com si mesmo.

Preciso, porém, destacar dois dos atores: Caio Nery e Sara Chaves. Todos em cena estão visivelmente entregando tudo e fazem um espetáculo lindo de se ver. Mas Caio e Sara sobressaem. Destacam-se por ser possível enxergar a emoção por trás dos personagens, e deixarem a peça ainda mais forte e bonita. São dois jovens atores de 20 e poucos anos que, com certeza, ainda vão longe!

Curtíssima temporada

Se você se interessou em assistir “Benjamin, o palhaço negro”, corre! O espetáculo ficará em cartaz somente até o dia 28 de maio, esse domingo. Como mencionado anteriormente, o espaço é pequeno, portanto os ingressos esgotam rápido. Essa não é a primeira vez que o musical fica em cartaz no Rio de Janeiro. Ano passado teve sessão única em novembro e uma curta estadia em São Paulo. Isso porque é uma peça independente. O que resta ao público, além de assistir às sessões do final de semana, é torcer para conseguirem mais patrocínio para seguirem com essa peça tão importante por mais tempo.

Serviço

Benjamin, o palhaço negro

Onde: Espaço Tápias (Av. Armando Lombardi, 175 – 2º andar – Barra da Tijuca).

Quando: 27 e 28 de maio (sábado e domingo), às 20h.

Idealização e produção: Isaac Belfort

Direção geral e músicas: Tauã Delmiro

Direção musical e músicas: Peterson Ferreira

Coreografia: Marcelo Vittória

Design de luz: JP Meirelles

Design de som: Breno Lobo

Direção residente: Manu Hashimoto

Direção de produção: Sami Fellipe

Coprodução: Produtora Alada

Realização: Belfort Produções e Teçá – Arte e Cultura

Crédito da foto: Paulo Henrique Aragon

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