O espetáculo “A Última Sessão de Freud”, dirigido por Elias Andreato e estrelado pelos extraordinários Odilon Wagner e Marcello Airoldi, é uma verdadeira joia do teatro contemporâneo. Assistido por mais de 100 mil espectadores, o texto de Mark St. Germain ganha vida agora, de forma brilhante, no palco do Teatro Adolpho Bloch. A peça, que narra um encontro fictício entre Sigmund Freud e C.S. Lewis, consegue explorar questões complexas como a existência de Deus, a morte e a natureza humana.
Elias Andreato entrega uma direção sensível e precisa, utilizando as sutilezas do cenário, da luz e do posicionamento dos atores para sinalizar as mudanças de tom. Ele conduz o espetáculo procurando valorizar cada palavra e nuance emocional. Ele soube extrair o máximo de seus atores, construindo um ambiente de tensão intelectual e emocional.
Tudo acontece no gabinete de Freud em 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Andreato entende a força do texto e, sabiamente, permite que as palavras sejam as protagonistas. Contudo, o espetáculo consegue ser dinâmico e mantém os espectadores focados e reflexivos.
A batalha do século XX: Freud vs Lewis
Odilon Wagner, em sua interpretação de Freud, entrega uma performance majestosa, digna das indicações ao Prêmio Shell, Prêmio APCA e Prêmio Bibi Ferreira. Wagner constrói um Freud forte, mas também vulnerável, repleto de sarcasmo e inteligência. As sutilezas nos movimentos da mandíbula exalam sangue e dor. Sua presença em cena é poderosa, num equilíbrio tênue entre a fragilidade e imponência de um dos maiores pensadores do século XX. Aos poucos, no pincelar de sofrimentos, entendemos mais porque o pensador não acreditava em Deus.
Marcello Airoldi, por sua vez, é um C.S. Lewis igualmente brilhante, e sua química com Wagner é clara. Airoldi consegue transmitir a complexidade de um homem que, após ter sido ateu, abraça a fé com convicção e ilumina com otimismo. A troca de ideias entre os dois personagens é conduzida de maneira impecável, e Airoldi mantém-se à altura de Wagner em cada momento, criando um embate intelectual saboroso.
O cenário de Fábio Namatame, que reproduz com precisão o consultório de Freud, complementa perfeitamente a atmosfera intimista da peça, reforçando a sensação de estarmos no epicentro desse encontro histórico. Já o desenho de luz, assinado por Gabriel Paiva e André Prado, é uma verdadeira obra-prima. A iluminação muda sutilmente em momentos-chave não apenas destacando os atores quando precisa, mas também fornecendo uma imersão no clima de tensão e introspecção.
“A Última Sessão de Freud” é um espetáculo que vale a pena. Inédito no Rio de Janeiro, a temporada carioca estreia no dia 27 de setembro, sexta-feira, no Teatro Adolpho Bloch, onde fica em cartaz até o final de outubro.
Serviço A Última Sessão de Freud
Local: Teatro Adolpho Bloch – Rua do Russel, 804, Glória, Rio de Janeiro
Telefone: 21 3553-3557
Temporada: 27 de setembro a 20 de outubro de 2024
Dias e horários: Sextas às 20h, sábados às 17h e 20h e domingos às 17h
Valor do ingresso: R$ 120,00 (inteira), R$ 60,00 (meia) e ingressos promocionais a partir de R$ 21,00
Vendas online: www.freud.art.br
Formas de pagamentos aceitas na bilheteria: todas
Capacidade de público: 359 pessoas
Classificação indicativa: 14 anos
Duração: 90 minutos
O Teatro Adolpho Bloch possui acessibilidade plena.
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