Dirigido por Derek Drymon, Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada foca na comédia, em uma animação de brilhar os olhos e nos absurdos marinhos para ressuscitar a franquia
Lançado em maio de 1999, Bob Esponja Calça Quadrada deixou marcas profundas na cultura pop desde o começo, com um amplo leque de personagens memoráveis, aventuras náuticas e absurdidades marinhas que não se encontravam em nenhuma outra série. Tudo isso veio embalado pela mão forte de seu criador, Stephen Hillenburg, e do diretor criativo Derek Drymon. Porém, entre os fãs da esponja amarela, é quase consenso que, após o primeiro filme, ocorreu uma queda de qualidade nas produções. Agora, depois de mais de 25 anos no ar, chegamos à quarta produção cinematográfica da franquia, na forma de Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada.
Enquanto Bob Esponja: O Filme (2004, Stephen Hillenburg) ditou o tom para todas as produções cinematográficas que vieram depois, com a mistura de live action com animação e a participação de atores de renome, nenhuma delas conseguiu chegar perto do equilíbrio entre humor, drama e impacto da aventura até a Cidade das Conchas. Ali, a franquia consolidava sua principal lição: aceitar quem você é. Trata-se de um aprendizado absorvido por Drymon e reaplicado com êxito neste novo longa, embora aqui exista um direcionamento maior para o humor e o espetáculo, e menos para a potência dramática e simbólica que o filme poderia alcançar.

Cena de “Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada”- Divulgação Paramount
Em questão de roteiro, a história é simples: Almejando provar para o Seu Siriguejo que agora é um “cara grandão”, Bob Esponja parte com Patrick para uma aventura no submundo, ao lado do traiçoeiro fantasma do Holandês Voador, e obrigando Lula Molusco, Gary e o próprio Siriguejo, a irem atrás do Calça Quadrada antes que seja tarde demais.
Poderíamos discutir como Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada aborda masculinidade tóxica e questiona o que define, ou não, um homem, explorando a ideia de que ser “um cara grande” significa abraçar as próprias fraquezas ao invés de tentar ser outra pessoa. No entanto, ao final, esses temas são tratados apenas de forma tangencial. O clímax é resolvido de maneira absurda, porém básica e simplória quando comparada à catarse proporcionada pela performance final do filme original.
No roteiro, Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada aposta em ironias, situações ridículas, quebras da quarta parede, piadas adultas e interações que remetem aos melhores momentos da série, incluindo easter eggs e um humor leve que se beneficia do fato de o público já conhecer profundamente seus personagens, dispensando maiores explicações.
O conflito central: Bob Esponja ser visto como um soprador de bolhas inocente por seu maior modelo paterno e de masculinidade, Seu Siriguejo, relembra muito o conflito do primeiro filme, e apresentava potencial para momentos emocionais tão potentes quanto, porém, Drymon opta por outro caminho, estruturando o longa de forma mais leve e anárquica, com direito à interações absurdas e resoluções ridículas que conduzem a audiência ao riso e relembram porque Bob Esponja é tão marcante.
A escolha do Holandês Voador como principal antagonista foi certeira. O fantasma permite uma ampliação do universo da franquia, explorando sua mitologia pirata com elementos como o armário de Davy Jones, sereias e outras criaturas fantásticas que habitam o Submundo, permitindo um novo universo técnico para ser explorado.

Cena de “Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada”- Divulgação Paramount
Tecnicamente, a produção se destaca como a mais potente da franquia até agora. A animação é de brilhar os olhos, apresentando o melhor uso de 3D visto em toda a cinematografia anterior de Bob Esponja, retratando o Submundo como um espaço extremamente colorido, vibrante e cheio de vida, com designs distintos para cada criatura, e brincadeiras inteligentes com o design de som extra campo, que ao se somar com o humor físico, leva a interações bem inteligentes.
Rápido e um pouco aleatório demais em seu terceiro ato, ainda que retome a premissa básica de montanha-russa narrativa e traga um divertido Mark Hamill carregado de maquiagem, o longa entretém os fãs mais clássicos da esponja amarela sem esquecer que seu público principal ainda são as crianças, sendo algo que deve sempre ser lembrado quando se lembra de uma franquia tão longeva.
Mais do que provar se Bob Esponja é, ou não, um “cara grandão”, Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada reafirma que a franquia ainda consegue rir de si mesma enquanto convida o público a abraçar suas próprias esquisitices. Entre caos, piadas físicas e absurdos marinhos, Derek Drymon entrega um longa que entende o espírito da série, e isto é algo a se comemorar.
Distribuído pela Paramount Pictures, Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada estreia nos cinemas no dia 25 de dezembro.
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