Ao usar este site, você concorda com a Política de Privacidade e termos de uso.
Aceito
Vivente AndanteVivente AndanteVivente Andante
  • Cinema
  • Música
  • Literatura
  • Cultura
  • Turismo
Font ResizerAa
Vivente AndanteVivente Andante
Font ResizerAa
Buscar
  • Cinema
  • Música
  • Literatura
  • Cultura
  • Turismo
Brás Cubas por Wagner Correa
CríticaCulturaEspetáculos

Crítica | ‘Brás Cubas’ é uma instigante meta dramatúrgica

Por
wagnercorreadearaujo
Última Atualização 11 de setembro de 2023
5 Min Leitura
Share
Brás Cubas. Armazém Companhia de Teatro. Setembro/2023. Foto: Mauro Kury
SHARE

“Ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver dedico como saudosa lembrança estas memórias póstumas”. (Machado de Assis/Memórias Póstumas de Brás Cubas, 1881). Esta dedicatória do escritor tornou-se um emblemático signo na trajetória ficcional do escritor, em sua passagem do romantismo para a estética realista.

Por intermédio de um dístico transcendente que, por sua mordaz ironia e seu ceticismo provocador, fez de Memórias Póstumas de Brás Cubas uma das obras machadianas mais inspiradoras de multiversões, ao lado de Dom Casmurro e de O Alienista, para os palcos e para as telas.

O que acontece, outra vez e agora, sob o dimensionamento de uma meta linguagem dramatúrgica absolutamente luminosa, por seu caráter de inventiva releitura à luz da contemporaneidade, através da adaptação de Mauricio Arruda Mendonça e do comando concepcional de Paulo de Moraes para a Armazém Companhia de Teatro.

Titulada como Brás Cubas, a peça está reunindo um elenco e uma equipe tecno-artística de primeiro plano o que, afinal, faz desta criação teatral uma das grandes surpresas da atual temporada nos palcos cariocas.

A começar do roteiro dramatúrgico de Mauricio Arruda Mendonça sabendo alinhar o respeito às linhas básicas do original machadiano a um olhar armado na contemporaneidade, o que confere ao espetáculo um funcional enfoque da tradição literária sob um viés de modernidade.

E que transparece mais ainda na plasticidade da arquitetura cenográfica (no dúplice ideário de Paulo de Moraes e Carla Berri) frontalizada por portais altos que remetem ao século XIX e por uma parede/mural com o típico estado de abandono e deterioração de nossos dias, aqui sendo “pichada” por letras e números referentes à temática abordada.

Onde uma vistosa indumentária (Carol Lobato) conecta traços de época com insinuações sutis de figurinos atemporais, tudo sempre ressaltado por efeitos luminares (Maneco Quinderé) ancorados por variações diáfanas conectadas à abordagem metafísica de um espaço/tempo post-mortem.

Trilha

Enquanto acordes de uma trilha incidental alternativa, ao vivo, entre Ricco Viana e Rafael Tavares, torna-a mais ousada em seu processo criativo de atualização ao inserir acordes que passam de românticos temas, ora cantorias ora dançantes, a sonoridades funk/rap.

Possibilitando um envolvente gestual, energizado no entremeio de uma imersiva corporeidade, fruto dos delírios de um Brás Cubas defunto, na conjunta direção de movimentos imprimida por Patrícia Selonk e Paulo Mantuano.

Havendo que se destacar nesta instigante montagem a atuação performática de um elenco acertado, ponta a ponta. Iniciado pela extasiante interpretação simultânea no protagonismo titular de Brás Cubas por Jopa Moraes e Sergio Machado. Preenchendo ambos, via admirável consistência psicofísica e força interior, os meandros confessionais do papel.

Mais o irrepreensível presencial dramático, com teor extensivo da saga machadiana, na espontaneidade cativante das intervenções de outro de seus personagens célebres Quincas Borba (Felipe Bustamante). Além do escritor Machado de Assis redivivo em cena na fiel reprodução verbalizada e física do próprio, por Bruno Lourenço, confundindo ator e personagem.

Brilho autoral

Completando-se o brilho do sexteto atoral, nas notáveis figurações do feminino na vida amorosa de Brás Cubas, através do atrevido sensualismo de uma de suas amantes Marcela (Lorena Lima) e o burlesco bom comportamento casto da outra – Virginia, por Isabel Pacheco.

Com este Brás Cubas, Paulo de Moraes e a Armazém Companhia de Teatro dão mais uma lição de maturidade no entorno de um momento superior da arte teatral. Com sua vibrante gramática cênica e seu inventário dramático, plenos de contraponto critico e sabendo, antes de tudo, como sintonizar o seu enigmático tempo ancestral com o mundo de hoje .

“Somadas umas coisas e outras, qualquer pessoa imaginará que não houve míngua nem sobra, e conseguintemente que saí quite com a vida. E imaginará mal : porque ao chegar a este outro lado do mistério, achei-me com um pequeno saldo, que é a derradeira negativa deste capítulo de negativas : Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”…

Afinal, Brás Cubas está em cartaz no CCBB, Teatro II, de quarta a domingo, às 19h. Até o dia 01 de outubro.

Por fim,veja outros artigos:

Espetáculo ‘Brás Cubas’ é ousado e inventivo

‘Furacão’, da Amok Teatro, mescla teatro, música e emoção de forma primorosa | Crítica

Ciência | Livro responde questões que você sempre quis saber

Tags:Armazém Companhia de Teatromachado de assispeça brás cubas
Compartilhe este artigo
Facebook Copie o Link Print
Nenhum comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Gravatar profile

Vem Conhecer o Vivente!

1.7kSeguidoresMe Siga!

Leia Também no Vivente

segunda temporada de aneis do poder
CulturaSéries

Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder | Segunda temporada ganha teaser trailer e foca em Sauron

Alvaro Tallarico
2 Min Leitura
Atravessa a vida
CinemaCulturaEventosNotícias

15ª CineBH traz diversas obras que unem Cinema e Educação

Redação
6 Min Leitura
Prot{AGÔ}nistas , movimento negro, foto de Sérgio Fernandes
CulturaEspetáculos

PROT{AGÔ}NISTAS – O Movimento Negro no Picadeiro | Musical traz capoeira, hip hop, balé e mais

Redação
3 Min Leitura
logo
Todos os Direitos Reservados a Vivente Andante.
  • Política de Privacidade
Welcome Back!

Sign in to your account

Username or Email Address
Password

Lost your password?