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Emma Stone em "Bugonia"- Divulgação Universal Pictures
Cinema e StreamingCrítica

Crítica Mostra SP: ‘Bugonia’- duas horas do melhor papo de doido

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 20 de outubro de 2025
6 Min Leitura
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Emma Stone em "Bugonia"- Divulgação Universal Pictures
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Dirigido por Yorgos Lanthimos, Bugonia é mais uma prova da habilidade do cineasta grego em transformar o bizarro em espelho da condição humana.

A parceria entre Yorgos Lanthimos e Emma Stone, é uma das mais frutíferas do cinema contemporâneo, algo próximo à simbiose criativa entre Helena Bonham Carter e Tim Burton, afinal, ambos parecem falar a mesma língua do absurdo, entregando-se ao grotesco e ao alegórico com naturalidade. Em Bugonia, Stone interpreta Michelle, uma poderosa CEO que é sequestrada por dois primos conspiracionistas, Terry, Jesse Plemons, e Don, Aidan Delbis, convencidos de que ela é, na verdade, uma alienígena da galáxia de Andrômeda, levando a uma narrativa sobre delírio, poder e desumanização.

Desde os primeiros minutos, Bugonia lança o espectador no olho do furacão. A montagem é direta, sem preâmbulos, e as peças do quebra-cabeça vão se encaixando à medida que a trama avança. A fotografia é um dos primeiros elementos a se destacar: tons quentes e terrosos dominam o universo dos primos, enquanto Michelle é envolta por uma paleta fria e metálica, que reflete seu controle e distanciamento emocional. Lanthimos traduz em cor e textura as personalidades de seus personagens, cada um deles louco à sua própria maneira, como o diretor tanto aprecia.

Emma Stone em "Bugonia"- Divulgação Universal Pictures

Emma Stone em “Bugonia”- Divulgação Universal Pictures

Grande parte do filme se passa no porão da casa de Terry e Don, local onde Michelle é mantida cativa. É nesse espaço claustrofóbico que se desenrola o jogo psicológico central da narrativa: Terry, obcecado por salvar o planeta, alterna entre violência e desespero, enquanto Michelle tenta manipular a situação, oscilando entre racionalidade e brutalidade, e Don, o elo mais frágil do trio, atua como o espectador dentro da trama, vulnerável, confuso, buscando uma paz que nunca chega.

Com diálogos densos e cheios de subtexto, o roteiro de Will Tracy constrói o retrato psicológico de Terry e revela o quão fina é a linha entre idealismo e insanidade. Jesse Plemons entrega uma performance impressionante, transmitindo a sensação constante de sujeira e exaustão, um homem consumido pela própria causa e por um medo da frieza do ser humano. Já Emma Stone cria uma personagem multifacetada, transitando entre a vulnerabilidade e a monstruosidade com maestria, sendo esta dança por poder o verdadeiro coração do filme.

Apesar da força de suas ideias, Bugonia sofre um pouco com o ritmo no segundo ato. O confinamento no porão gera certa repetição: o filme se transforma em um longo jogo de dominância, em que Terry e Michelle alternam controle e submissão. Lanthimos mantém o interesse do espectador por meio de uma mise-en-scène minuciosa e de uma trilha sonora que é quase um personagem à parte, sopros e percussões criam uma atmosfera ao mesmo tempo épica e sufocante, ampliando o absurdo das situações.

No terceiro ato, o ritmo acelera repentinamente, conduzindo a uma reviravolta tão inesperada quanto coerente dentro do universo do diretor. A virada é curta, mas impactante, culminando em um desfecho que mistura humor negro e desconforto, deixando o público entre o riso nervoso e a reflexão, marca registrada de Lanthimos.

Jesse Plemons em "Bugonia"- Divulgação Universal Pictures

Jesse Plemons em “Bugonia”- Divulgação Universal Pictures

Como uma de suas produções mais acessíveis, Bugonia oferece uma experiência singular: um filme que inquieta, provoca e, principalmente, confunde. A cada resposta que o espectador pensa encontrar, surge uma nova dúvida. “E se ela realmente for de Andrômeda?”, pergunta que ecoa até o último quadro.

Lanthimos nunca foi um cineasta didático, confiando na inteligência do público, permitindo múltiplas leituras sem jamais sacrificar sua identidade autoral. Mesmo trabalhando em um remake de filme sul-coreano Save the Green Planet! (2003, Jang Joon-hwan), a produção imprime sua marca da Greek Weird Wave para construir uma narrativa sobre frieza, paranoia e a incapacidade de conexão em uma sociedade que já perdeu o senso do real.

No fim, Bugonia é um casamento entre arte e entretenimento. Lanthimos reafirma que o absurdo é uma linguagem e ao mesmo tempo, um espelho. Entre alienígenas, teorias conspiratórias e corpos aprisionados, o que o filme realmente revela é a incapacidade humana de lidar com o desconhecido, sendo menos sobre aliens e mais sobre nós: seres perdidos, paranóicos e desesperados por um sentido em meio ao caos.

Distribuído pela Universal Pictures, Bugonia estreia nos cinemas no dia 13 de Novembro.

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