“Classe de 83” (Class of ’83) é um original da Netflix Índia que começa bem ao estilo “Tropa de Elite”, ou seja, com aquela narração de um personagem contando os acontecimentos. Aliás, o filme é baseado em fatos reais abordados no livro “The Class of 83: The Punishers of Mumbai Police” de Hussain Zaidi. O longa-metragem mostra alguns aspirantes a policiais sendo treinados nos anos 80 para ser um esquadrão que age às margens da lei. E aí o filme parece endossar uma opinião problemática, a de que para manter a ordem é preciso alguns desvios da lei.
O que logo surgiu em minha mente é que muitos idolatram o personagem Justiceiro, da Marvel, sem entender que ele é um homem doente com sérios problemas psicológicos e traumas que acabou virando um assassino frio. Esse anti-herói é uma crítica ao sistema e não algo para ser louvado.
Bem contra o mal?
O filme conta sobre uma batalha que dura anos entre um policial, Vijay Singh (Bobby Deal em atuação razoável) e um chefe do crime. Contudo, é tudo extremamente fragmentado e peca muito por causa disso, com grandes saltos temporais que não ajudam em nada. A direção de Atul Sabharwal é errática, com excesso de imagens parecidas, sempre tentando dramatizar em excesso – mas sem eficiência. É difícil se emocionar com as cenas e as mortes. Além disso, o mais importante é que os personagens não refletem sobre suas escolhas morais e focam na violência e em seus meios desviados para a suposta justiça que fazem. É o olho por olho que cega o mundo.
Apesar de tentar falar sobre corrupção policial, o diretor não deixa espaço para um aprofundamento dos personagens e de suas escolhas erráticas e nem nos deixa refletir em cima das cenas que deveriam ser mais fortes. Também não ajuda o roteiro de Abhijeet Deshpande, cheio de buracos. O filme pode servir para quem deseja ver um “Tropa de Elite” indiano e saber um pouco mais sobre essa cultura, porém de forma muito superficial.