Cinema
Cracolândia | Filme busca soluções para resolver o inferno do crack
Publicado
3 anos atrásem

Cracolândia é um documentário relevante que vai além de buscar personagens ou ser entretenimento. É cinema-verdade, é pesquisa, estudo, é procura por soluções para uma praga que leva pessoas para um abismo. O filme é a Sétima Arte agindo como denúncia, como provocação de reflexão, como trabalho de ciências sociais e políticas. A saber, o diretor Edu Felistoque acompanha o cientista político Heni Ozi Cukier, o qual, após anos trabalhando em resolução de conflitos na Organização das Nações Unidas (ONU), pesquisa a questão das consequências do crack e como acabar com isso. Ele é também o roteirista. Além disso, atualmente, é Deputado Estadual pelo Partido Novo, em São Paulo. Dessa forma, claramente, o filme também é uma afirmação das opiniões e dos planos políticos de Heni.
O documentário conversa com vários lados: usuários, psiquiatras, governantes, pesquisadores, trabalhadores de ONGs. O foco e grande parte das imagens é no local em São Paulo que virou um reduto do crime e tomou proporções assustadoras. Vemos depoimentos de governadores e prefeitos de São Paulo. Todos dizem, em determinado momento de seus mandatos, que solucionaram e acabaram com a cracolândia. Não. Nenhum conseguiu.
Levantamentos de pesquisas diversas surgem na tela. Como o fato de que a cada usuário de drogas, mais quatro pessoas sofrem consequências. Ouvimos alguns usuários e ex-usuários explicando as sensações que a droga causa. O psiquiatra Dartiu Xavier, coordenador do Programa Braços Abertos, fala da diferença da cocaína para o crack e como esse último é mais rápido e intenso, tornando o vício mais possível. Tem algumas histórias tão assustadoramente impensáveis, que chega a ser difícil crer que são reais. Mas são. A manutenção do vício faz as pessoas cometerem atos demoníacos e humilhantes, é a perda da dignidade.
Trip
Inicialmente, o filme já sabe e afirma uma coisa: é um debate polêmico, um problema incômodo do qual muitos nem querem saber. Eu mesmo, outro dia, vi um rapaz que trabalha em um jornal do Rio de Janeiro dizer que tinha que “acabar com os cracudos”. A polarização das discussões é um fator que o filme aborda. Será então que a solução seria a legalização? O filme não advoga por esse caminho, pois entende que o crime continuaria a vender, só que mais barato. E como acabar com a cadeia do tráfico? Um poder maldito que enriquece a partir da decadência de outros seres humanos. O tráfico entra onde a sociedade falha, onde o Estado erra.
Os realizadores viajam pelo mundo para conhecer outros casos, como o da Suíça, que há 20 anos tinha um grande problema com o uso da heroína, os “parques das agulhas”. Hoje está sob controle. Porém, é impossível comparar esses países pequenos com o continental e enorme Brasil.
O poder destrutivo das drogas impressiona. O crack é um subproduto da cocaína e as imagens da cracolândia fazem imaginar como deve ser o purgatório descrito em tantas religiões, ou o próprio inferno. Pessoas perdidas e cambaleantes, almas sem rumo, sem esperança, sem perspectivas. As cracolândias que crescem pelo Brasil não podem ser reduzidas a algumas opiniões que colocam aquelas pessoas como “vagabundos drogados”. Eles são resultado de falhas graves da sociedade, da exclusão de seres humanos, da fuga da realidade. Uma cracolândia não nasce de um dia para o outro, surge após anos de degradação e negligência.
Enfim, o filme Cracolândia está na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo que vai de 22 de outubro até 04 de novembro de 2020.
Afinal, veja o trailer:
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Jornalista Cultural. Um ser vivente nesse mundo cheio de mundos. Um realista esperançoso e divulgador da cultura como elemento de elevação na evolução.

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Cinema
Crítica | ‘Meu Vizinho Adolf’ uma dramédia impactante
‘Meu Vizinho Adolf’ aborda as consequências do nazismo em uma dramédia tocante.
Publicado
4 dias atrásem
25 de maio de 2023Por
Rodrigo Adami
Após a Segunda Guerra Mundial muitos nazistas se refugiaram na América do Sul, algo que já foi abordado das mais diversas formas no cinema. Meu Vizinho Adolf, traz o tema novamente agora colocando um suposto Hitler como vizinho de um judeu que sofreu com o Holocausto. Um tema delicado que o diretor Leon Prudovsky consegue tratar bem e com um tom de humor mais discreto.
Mr. Polsky (David Hayman) perdeu toda sua amada família e decidiu viver isolado em uma velha casa na Argentina. Sua paz termina quando Mr. Herzog (Udo Kier), um alemão irritadiço, se muda para a casa ao lado. A aparência e o comportamento dele fazem com que Polsky desconfie que seja Adolf Hitler disfarçado.
Um clima triste mas que ainda nos faz rir
O personagem de Hayman passou anos evitando contato humano, sequer aprendeu espanhol, ele carrega uma dor que aperta o coração desde o início. Ainda, assim ele é um velho teimoso e também ranzinza do tipo que nos faz rir. Ao colocar na cabeça que seu vizinho é o próprio Führer, ele tenta alertar as autoridades sem sucesso.
Com isso Polsky começa a estudar a figura funesta para poder provar sua teoria. Todas as brigas e tentativas de invasão e espionagem são divertidas, não é aquele humor de fazer gargalhar e provavelmente não era essa a intenção do diretor. Conforme o filme avança, ambos vão criando uma amizade que obviamente é extremamente incômoda para Polsky. Mas ele começa a achar que estava errado até encontrar provas um pouco mais substanciais.
Um filme simples mas bem feito
Meu Vizinho Adolf não é um longa que exige cenários grandiosos, é tudo muito simples, são poucas locações. O foco são as atuações de David Hayman e Udo Kier que consegue cativar. Ambos os personagens carregam um passado cruel e toda a dor que eles sentem é revivida com força no final. A comédia fica um pouco de lado para falar de algo sério de forma acertada. Ao final temos um bom filme que consegue mostrar a crueldade do nazismo sem ter que colocar nenhuma cena pesada demais.
Estreando hoje nos cinemas brasileiros, Meu Vizinho Adolf é uma boa opção para quem quer fugir dos pipocões. Fique com o trailer:
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