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Heresia
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: ‘Heresia’ é rápido, potente e marcante horror europeu

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 14 de setembro de 2025
5 Min Leitura
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Anneke Sluiters em cena de Heresia- Divulgação CineFantasy
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Dirigido por Didier Konings, Heresia se utiliza do horror para contar a emancipação de uma mulher e seu descobrimento como potência, dentro de um mundo patriarcal

Logo em sua primeira cena, Heresia prende a atenção com imagens etéreas e extremamente simbólicas: Freida, Anneke Sluiters, desperta e percebe que menstruou durante a noite. O gesto íntimo anuncia uma jornada de horror e autodescoberta que, em pouco mais de uma hora, revela não apenas a força da protagonista e sua emancipação, mas também a opressão de um mundo marcado pela religião e pelo patriarcado.

A obra de Didier Konings remete de imediato a produções como A Bruxa (2015, Robert Eggers), tanto pelo cenário rural europeu do século XVII quanto pela presença sufocante da religião e de uma floresta que assombra os personagens. Mas, ao contrário do realismo presente em grande parte da produção de Eggers, que ocasiona a dúvida se realmente havia um espírito maligno ali ou não, Konings opta por abraçar de vez o alegórico e os símbolos do feminino: a lua, as flores, a maternidade e a ligação com a Deusa Una são símbolos centrais na jornada de Freida.

O diretor demonstra maturidade ao retardar a aparição de suas criaturas, preferindo sugeri-las por meio de sombras, barulhos ou detalhes visuais como unhas, ou ocultas no escuro. Quando enfim surgem, lembram o Demogorgon de Stranger Things (2016, Matt e Ross Duffer), mas se revelam mais ricos e empáticos: não monstros a serem temidos, mas manifestações que compreendem a dor da protagonista e a guiam rumo ao seu maior desejo, o da maternidade.

Heresia

Anneke Sluiters e Len Leo Vincent em cena de Heresia- Divulgação Cine Fantasy

Sluiters entrega uma performance intensa, alternando fragilidade e força em um arco que lembra o despertar descrito em Mulheres que Correm com os Lobos (1989), de Clarissa Pinkola Estés. O roteiro se localiza no limiar entre conto de fadas e horror psicológico, ganhando potência com uma fotografia que alterna entre planos amplos e grandiosos, e planos mais íntimos e próximos, sempre iluminados por uma luz natural que realça o contraste entre a dureza do vilarejo e a vastidão da natureza. O design de som completa a experiência, oscilando entre silêncios opressivos e uma trilha etérea que conduz o espectador à imersão, principalmente nas cenas mais oníricas em que Freida tem o contato com este divino feminino.

Mais do que uma história de horror, Heresia é uma reflexão sobre o feminino silenciado e sua necessária emancipação. Ao unir símbolos universais com o peso histórico da repressão religiosa, Konings entrega um filme maduro, que não subestima a inteligência de sua audiência em compreender alguns significados claros, convidando à interpretação, sem sentir a necessidade de explicar os momentos mais fantásticos da produção, deixando com que o público tire suas próprias conclusões, desde a importância do sangue menstrual ao longo da produção, até a presença de uma divina mulher de branco que serve como guia para a jornada de Freida.

Heresia

Cena de Heresia- Divulgação Cine Fantasy

Em meio a tantos horrores que exploram apenas o choque visual e sustos baratos, Heresia se destaca por transformar o medo em metáfora de libertação, baseando o terror em elementos humanos. É uma obra que dialoga com clássicos recentes do gênero, principalmente com a cinematografia destacada de Robert Eggers, mas encontra sua própria voz ao colocar a potência feminina no centro, estruturando uma jornada que tem como base a realidade, e por consequência, sendo um horror bem mais eficiente e empático para toda a audiência.

Heresia foi exibido no festival CineFantasy, realizado de 02 a 14 de setembro no CCSP (Centro Cultural São Paulo), a programação completa pode ser consultada no site oficial.

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Tags:CineFantasyCinemacríticaCrítica HeresiaDidier KoningsfemininoHeresiaPaíses Baixos
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