Dirigido por Benoît Daffis e Jean-Christian Tassy, Missão Pet não reinventa a roda, mas entrega uma aventura ágil e divertida que, entretém as crianças e arranca alguns sorrisos dos pais.
Uma das grandes vantagens da animação frente ao live-action é a facilidade em gerar empatia imediata pelos personagens. Um animal com dentes afiados e expressão sombria logo é percebido como vilão, já um bichinho de olhos grandes e jeitinho ágil facilmente conquista o público como herói. Missão Pet explora esse recurso com inteligência, apresentando um leque de personagens caricatos, com qualidades únicas que variam do zen, ao surtado, e que apesar de numerosos, não se perdem em uma narrativa recheada de clichês, porém, que se mantém ágil na ação ao mesmo tempo que apresenta um leva arco dramático que passa uma mensagem importante para as crianças.
A trama acompanha Maurice, um guaxinim astuto que rouba comida para ajudar seus amigos. No entanto, ao se aliar ao duvidoso texugo Hans, com o intuito de roubar uma ceia de Natal em um trem em movimento, acaba sendo traído. Forçado a unir forças com Rex, um cão policial bondoso, e outros animais inusitados, como um pato fã de esportes, uma cobra rapper e até um casal de porquinhos-da-índia, Maurice precisa liderar este grupo de pets e sobreviver dentro do veículo em alta velocidade, enquanto tentam sobreviver o suficiente para reencontrar seus donos.

Cena de Missão Pet- Divulgação Paris Filmes
Se a narrativa é previsível, também é eficiente. O filme bebe de fontes conhecidas, misturando a ação de Speed (1994) e Duro de Matar (1988) com lições típicas de animações como Rango (2011): a importância de aceitar quem realmente somos, sem mentiras ou identidades falsas, além da valorização da amizade e a ideia de que qualquer um pode ser herói. São mensagens claras, lúdicas e diretas, que funcionam bem para o público infantil.
Visualmente, a produção entrega um 3D competente, sem o refinamento estético de estúdios como Pixar ou DreamWorks, ou a originalidade do traço demonstrada por produções recentes da Sony Pictures, porém, apresenta uma direção de arte eficaz e personagens visualmente marcantes, principalmente nos diferentes retratos e traços característicos de cada animal, afinal, todo pet tem ao menos um momento de destaque, o que ajuda a criar vínculos rápidos com o espectador. Entre as sequências mais memoráveis está uma luta coreografada ao som da “Ode à Alegria”, de Beethoven, que certamente deve divertir os adultos na sala, além de uma leve discussão sobre a força da mídia que vive de catastróficos desastres, como forma de captar a atenção do espectador.
No fim, Missão Pet é um “arroz com feijão bem temperado”: simples, colorido e cheio de energia, sem trazer a profundidade de outras grandes animações, ou de até mesmo um entretenimento estético e curioso como Zoopocalipse (2025, Ricardo Curtis e Rodrigo Perez-Castro), porém, compensa com ritmo, humor e carisma suficiente para garantir 86 minutos de diversão.

Cena de Missão Pet- Divulgação Paris Filmes
Missão Pet é um filme para quem busca entretenimento direto, sem surpresas, e sem grandes reviravoltas, principalmente na medida que entendemos a dinâmica da história logo no começo, e assim a produção sabiamente opta por abraçar os clichês ao invés de escondê-los, entregando uma experiência simpática e acolhedora que remete à desenhos que as crianças assistem quando acabam as aulas da escola, ou antes de dormir, provando que quando são bem aplicadas, até as fórmulas mais batidas ainda podem emocionar.
Distribuído pela Paris Filmes, Missão Pet chega aos cinemas brasileiros no dia 2 de outubro.
Siga-nos e confira outras dicas em @viventeandante e no nosso canal de whatsapp !



