Dirigido por Mike P. Nelson, Natal Sangrento traz nova vida a uma franquia desgastada e entrega muita diversão para a temporada de Natal
Na época natalina, é comum revisitarmos produções clássicas do gênero, como A Felicidade Não Se Compra (1946, Frank Capra), De Ilusão Também Se Vive (1947, George Seaton) e Esqueceram de Mim (1990, Chris Columbus). Essas obras se tornaram eternas por suas mensagens de amor, família e união em uma época tão mágica quanto o Natal. Em paralelo, porém, existem produções alternativas e subversivas, que não necessariamente dialogam com esse espírito tradicional, abordando outros gêneros cinematográficos e permitindo novas reflexões sobre o Natal, como O Estranho Mundo de Jack (1993, Henry Selick) e slashers como Natal Sangrento.
Livremente inspirado na produção de 1984 (dirigida por Charles E. Sellier Jr.), o filme de Mike P. Nelson injeta frescor na franquia nesta segunda tentativa de remake. Contando a história de um homem traumatizado que na época de natal se veste de Papai Noel e guiado por uma voz interna, pune os malcriados.

Rohan Campbell em cena de “Natal Sangrento”- Copyright Studiocanal
Atualizando a narrativa para o século XXI, a nova versão foca especialmente na personagem Pamela, oferecendo mortes elaboradas e um senso estético particular que traz originalidade ao longa. Ainda que o foco esteja na violência, no sangue e nas cenas de assassinato, existe também um elo de amor e fraternidade que permeia a temporada natalina, seja na relação entre Pamela e Billy, seja, de forma mais profunda, na dinâmica entre Charlie e Billy.
A dupla personalidade de Billy e Charlie oferece um entretenimento mais contido que Venom (2018, Ruben Fleischer), mas adiciona um elemento cômico e humano ao filme, afinal, apesar de se tratar de uma “maldição”, ambos se unem e formam uma família disfuncional na medida que Charlie ensinou tudo a Billy e, mesmo que essa relação seja absurda, traz um núcleo dramático que equilibra a violência explícita e gratuita típica dos slashers.
A ideia de um “vingador natalino” que transita entre justiça e vingança, punindo aqueles que foram “malcriados” ao longo dos anos, é interessante e poderia ter sido explorada com maior profundidade. No entanto, quando o enredo inclui uma confraternização natalina formada exclusivamente por neonazistas, cabe questionar: seria esse realmente o objetivo do filme? Ou estamos diante de uma obra que quer apenas divertir, com uma cinematografia singular, uma trilha sonora repleta de músicas natalinas como Silent Night e Carol of the Bells, e uma grandiosidade que aquece o coração dos fãs de terror?
Ciente do que deseja ser, Natal Sangrento entrega acima de tudo diversão e entretenimento, construindo uma história sólida que mescla de forma orgânica o terror ao clima natalino, abrindo espaço até para um romance que, embora soe forçado, funciona graças ao trabalho de Ruby Modine. Sua Pamela é uma personagem mais complexa do que aparenta inicialmente e, se o final indica algo, pode abrir portas para uma sequência curiosa protagonizada por uma “Mamãe Noel”.

Rohan Campbell em cena de “Natal Sangrento”- Copyright Studiocanal
Com um senso nostálgico dos anos 80, especialmente pela figura do protagonista fugindo do destino e de si mesmo, Natal Sangrento se soma com a fotografia, a direção de arte e a montagem não naturalista, para reforçar a imersão no clima de fim de ano e fortalecendo a “diversão pipoca”. É o tipo de filme para assistir com amigos, torcendo, gritando e celebrando a violência gratuita enquanto se abraça o desejo natalino de punir os malcriados… e matar nazistas.
Distribuído pela Diamond Pictures, Natal Sangrento estreia no dia 11 de dezembro.
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