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CinemaCrítica

Crítica: ‘O Diabo na Rua no Meio do Redemunho’ une literatura, teatro e cinema

Por
danielledelaneli
Última Atualização 26 de agosto de 2024
7 Min Leitura
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“O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, com direção de Bia Lessa e selecionado para o Festival do Rio 2023, é uma adaptação cinematográfica de “Grande Sertão: Veredas”, uma das grandes obras de João Guimarães Rosa. O filme começa com Riobaldo, interpretado por Caio Blat, um ex-jagunço que agora é fazendeiro e reflete sobre as relações entre o bem e o mal e a presença do diabo em sua vida. Riobaldo nos revela suas experiências agitadas como jagunço, seus conflitos internos e suas interações com vários bandos e líderes, incluindo o perigoso Hermógenes (José Maria Rodrigues). Diadorim (Luiza Lemmertz) é uma jovem corajosa e enigmática que conquista o coração de Riobaldo.

Guimarães Rosa sempre foi um autor desafiador de se adaptar para o teatro ou audiovisual, devido ao vocabulário complexo e ao cenário que oscila entre a ficção e a realidade. Seu livro foi um marco na literatura brasileira e continua sendo uma leitura obrigatória até hoje. “Grande Sertão: Veredas” é, sem dúvida, a história mais complicada e desafiadora para a carreira de qualquer artista que pretenda fazer uma adaptação. Anos atrás, a diretora Bia Lessa aceitou o desafio e assinou sua própria interpretação dessa história clássica.

Aliás, veja uma cena de “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho” abaixo e continue lendo:

O filme, com duração de duas horas e meia, é um pouco mais curto do que o esperado e não oferece nada de novo ao público que já assistiu à peça anterior. “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho”, que foi gravado naquela época e tem um elenco e texto impecáveis, é essencialmente uma adaptação gravada da montagem teatral anteriormente apresentada. Isso significa que a produção utiliza técnicas teatrais para criar um cenário a partir de elementos comuns na peça (como tecidos e objetos que remetem a armas, corpos e animais). A produção também depende totalmente da capacidade do elenco de reconstruir a ambientação e outros elementos.

Dramaturgia e Atuações como Pilares da Adaptação

O ponto forte de “O Diabo na Rua no Meio do Redemunho” é a dramaturgia. Também é destaque a atuação impressionante e inesquecível de Caio Blat, que demonstra uma excepcional capacidade de memorizar falas e se dedica totalmente ao personagem, ao mesmo tempo em que age e conta sua própria história. Apesar da vulnerabilidade de Riobaldo, Caio está muito forte neste filme. Luiza Lemmertz é um grande destaque neste contexto, assim como no teatro, interpretando o misterioso e andrógino Diadorim, combinando a energia vibrante do cangaço com a delicadeza dos momentos de amor.

Uma das maiores experiências narrativas e poéticas da literatura em língua portuguesa foi o lançamento de “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa, juntamente com “Os Lusíadas”, de Luís Vaz de Camões, “Os Sertões”, de Euclides da Cunha, e “Romanceiro da Inconfidência”, de Cecília Meireles. A obra do autor mineiro, publicada em 1956, inicialmente não teve grande sucesso, mas com o tempo atraiu leitores e críticos notáveis por sua forma inovadora e a potência das imagens que emanavam de seu vasto rio de palavras. A obra conta a história de Riobaldo, um jagunço triste e velho, suas viagens, descobertas, amores, sofrimentos e lutas no sertão.

O Diabo na Rua no Meio do Redemunho 1

Bia Lessa e entre linguagens

A diretora Bia Lessa transporta “Grande Sertão: Veredas” para o cinema em mais uma travessia entre as linguagens. Este é seu primeiro trabalho cinematográfico. Através dele, a artista reafirma sua sensibilidade extraordinária e potência criativa, reimaginando o sertão rosiano e abrindo novas veredas para o nosso imaginário. Embora os atores, a trilha sonora e alguns aspectos da concepção cenográfica sejam idênticos à montagem teatral, o filme não é apenas uma adaptação ou revisão do espetáculo.

A transposição de linguagem também envolve a compressão dos signos da linguagem visual e teatral para se transformar em linguagem cinematográfica. Nossa imaginação se acende e nossos conceitos sobre um local e uma pessoa específica mudam com a transformação de cada elemento, de jagunços para animais do sertão, levando-nos a um mundo de fantasia e horror. É como se estivéssemos em meio às contradições humanas, às disputas e ao redemunho da linguagem.

Um filme que grita sua mensagem

Os personagens de “O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho” atingem seu ponto alto desde a primeira cena até a última. Tranquilidade, respiração, contemplação ou ambiguidade não estão disponíveis aqui. A declaração é feita por meio de um megafone ao público. Em vez de falar, ele grita. Em vez de implorar, ele exige. O filme não utiliza nenhum tipo de naturalismo. Devido à necessidade de concentração, é difícil absorver a proposta deste filme extenso, que é uma releitura de “Grande Sertão: Veredas”, de Guimarães Rosa.

Afinal, como resultado, fica a impressão de que o filme não apenas faz uma homenagem ao “Grande Sertão: Veredas”, mas também inventa uma história diferente da obra original. Esta escolha de rebeldia como motor artístico contrasta com a maioria das adaptações, que são muito conformistas e obedientes. Talvez a linguagem seja justificada para um romance tão aberto e inovador: um livro ousado que precede um filme igualmente ousado.

Por fim, leia:

Saideira | Um filme que entretém

‘Família’, de Izuru Narushima, peca pelo excesso

Mais pesado é o céu | Uma fábula sobre o Brasil

Tags:bia lessacritica O Diabo na Rua no Meio do Redemunhodanielle delaneli
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