Quadrinhos do famoso e eficiente roteirista, Mark Millar, O Legado de Júpiter. Da nona arte vem a nova série da Netflix, mais uma de super-heróis. Com o sucesso dos filmes da Marvel nos últimos anos, jorram novas produções com foco em seres com poderes especiais. O primeiro episódio começa bem, tem diversão, com boas cenas de batalhas, inclusive brincando com jogos de luta.
Aqui a diferença é a questão do conflito de gerações. Pais que tentam ensinar seus filhos a serem heróis. Lembrei de outra série que estava vendo, Invencível, da Amazon Prime, uma animação que também tem um pouco disso, mas segue outros caminhos (melhores?). É interessante ver super-heróis mais velhos, cansados, cheio de cicatrizes, num cotidiano quase comum. O principal deles, o baluarte de um tal Código (regras de honra dos heróis), se chama, simbolicamente, Utópico (Josh Duhamell), marido da Lady Liberdade (Leslie Bibb).
Indubitavelmente, não é fácil ser filho de grandes heróis. É muita pressão. Dessa forma, a série acaba falando de psicanálise no subtexto. Pais ausentes e supostamente “perfeitos”. Viveram épocas difíceis, ganharam seus poderes e cresceram superando muitos desafios. Tem outro diferencial da produção, ao viajar entre presente e passado, vemos como os pais foram evoluindo, em cima de traumas e batalhas, e no que resultou. E, os filhos, entre boates e drogas, tentando se encontrar no mundo e encarar ou fugir de suas responsabilidades.
Matar ou morrer
O primeiro episódio já traz discussões importantes sobre por onde a humanidade caminhou e questões como pena de morte, honra e ética. Além disso, as cenas de ação são razoáveis, com sequências empolgantes, mas nada de genial, e às vezes, a computação gráfica pode incomodar. Pode fazer lembrar as séries da DC, como Arrow e Supergirl. Em seguida, o segundo episódio vai mantendo boas interações, inclusive com conversas muito especiais entre pais e filhas, que conseguem entregar alguma emoção aos espectadores.
Porém, a partir do terceiro, as coisas começam a se arrastar em flashbacks excessivos e a série perde força. Ou parece que perde, pois, em seguida, quarto e o quinto episódio trazem boas viradas. No geral, tem potencial, entretém e a segunda temporada promete mais. Enfim, O Legado de Júpiter pode agradar aos fãs das produções da Marvel, DC e afins. E ainda entrega uns bons plot twists.
Por fim, veja o trailer:
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