“Ode ao Choro” é uma elegia… A cineasta a cineasta Cecilia Engels utiliza a sétima arte para tornar seu pranto publico. Ao longo de 1h10 min, ela desnuda sua dor e nos apresenta o processo de criação da música composta para ser a despedida final de sua amiga Camila, cuja vida foi ceifada pela lama da barragem de Brumadinho. Um nó na garganta que ela vai desatando aos poucos, enquanto se aprofunda numa desmorte metafórica em homenagem a um ente querido.
Seria desonroso dizer que todo esse lirismo doura a famosa culpa de sobrevivente? É possível, afinal, nós que ficamos e não aceitamos perdas tão brutais como essa sempre encaramos essa culpa. Cecília não é exceção, só que diferente dos que mantém os gritos e prantos na garganta, ela pode se expressar, fazer sua catarse.
Ritual
“Ode ao Choro” é uma catarse… um ritual de aceitação. O longa questiona o preço de uma vida que nunca foi paga por um barqueiro que permanece intocado, imune devido as costas quentes. Se tiverem consciência, os poderes que Valem certamente são assombrados pela culpa, pelas consequências de suas ações…
Será que corporações sem rosto tem alma? Será que o peso das mortes atrapalham seu sono? Muitas perguntas, poucas respostas. A grande certeza é que nós que ficamos precisamos seguir em frente e Cecília sabe disso, só que precisa de um tempo para questionamentos, assimilações e despedidas.
Felizmente, nem todas as vozes são caladas.
Por fim, o filme está na MOSTRA CINEMA, MINERAÇÃO E MEIO AMBIENTE, que pretende discutir a partir da produção cinematográfica recente um dos temas mais urgente do presente, os malefícios da mineração para o meio ambiente e as pessoas. Com longas inéditos e debates, o evento gratuito começa nesta quarta (26) e vai até 29 de julho, no espaço Nave (R. José Bento, 106 – Cambuci), e é promovido pelo O Instituto Camila e Luiz Taliberti.