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Crítica

Série ‘Fim’, do Globoplay, é engraçada e provocadora ao mesmo tempo

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critica da série fim

Estivemos na coletiva de imprensa e lançamento da série “Fim”, nova aposta da Globoplay, baseada no livro de mesmo nome da Fernanda Torres. Pude ver os dois primeiros capítulos dos dez que surgirão no streaming de dois em dois às quartas-feiras a partir do dia 25 de outubro.

A princípio, fiquei impressionado com o quanto a série é engraçada e bem dirigida. O sarcasmo se faz bastante presente, e toda a ironia ferina da escrita Fernanda Torres salta na tela. “Fim” é uma tragicomédia que se desenrola em um período que vai de 1968 a 2012. As idas e vindas temporais são pontuais e fazem sentido na forma escolhida para contar a história que se divide em quatro fases que exploram a juventude, maturidade e velhice de um grupo de amigos do Rio de Janeiro.

Além disso, o elenco entrega ótimas atuações, em especial os principais. Os atores estavam soltos, leves, alegres durante a conversa com os jornalistas. Inclusive, foi uma da coletivas mais divertidas das quais já participei com todos brincando entre si e claramente felizes. Ficaram ainda mais após a exibição, pois a qualidade da obra é palpável. Cheguei a ouvir alguns comentários no banheiro que diziam ser uma mistura de Almodóvar com Nelson Rodrigues. Realmente senti uma aura rodrigueana.

Aliás, veja um pouco no vídeo abaixo, e continue lendo:

“Eu não pensava de adaptar, mas aí, a carne é fraca, os anos foram passando, e eu falei ‘hum, por que não’? E eu achava que o ‘Fim’ tinha um DNA de folhetim, sabe? Para TV.”, disse Fernanda.

Estiveram presentes na coletiva, Fernanda Torres, que arrancou muitas risadas do público, o diretor artístico Andrucha Waddington, a diretora Daniela Thomas e os atores Fabio Assunção, Marjorie Estiano, Bruno Mazzeo, Laila Garin, Débora Falabella, Thelmo Fernandes, Emilio Dantas, Marina Provenzano e outros. David Junior e Heloisa Jorge também estavam lá, e o trabalho deles nos primeiros episódios merece palmas, pela química que entregam, em um casal que segue outro caminho.

As gravações foram interrompidas pela pandemia, mas mesmo assim, conseguiram terminar.

“Para mim foi mais traumático, eu gravei quatro dias num caixão, de uma série chamada ‘Fim’.. e a gente parou. Pensei que era um sinal. Dois anos depois, voltou.”, falou Fábio Assunção.

Nessa hora toda a sala 3 do Kinoplex Leblon morreu de rir.

série fim do globoplay
Fábio Assunção e Marjorie Estiano (Créditos: Globo/Reginaldo Teixeira)

Os episódios sabem começar, e sabem terminar, sempre com um gancho que cria expectativas e curiosidade para o próximo.

Afinal, a série “Fim”, original do Globoplay, que estreia no dia 25, é uma das melhores coisas que vi nos últimos tempos, não só pela comédia, mas também pelo tom de tragédia e reflexão que provoca. Ainda mais se formos pensar em como o tema da morte é tabu na sociedade ocidental.

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Cinema

Crítica | ‘Pedágio’ tem atuações e direção impecáveis

Novo longa de Carolina Maskowicz estreia nos cinemas em 30 de novembro.

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Pedágio.

Pedágio entra em circuito no dia 30 de novembro. Todavia, ele esteve na programação do Festival do Rio e da Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Com roteiro e direção de Carolina Markowicz, tem Maeve Jinkins e Kauan Alvarenga nos papéis principais. Também integram o elenco Aline Marta Maia, Isac Graça e Thomás Aquino, que, mais uma vez, faz par com Maeve (como na série Os Outros).

A sinopse é a seguinte: uma mulher trabalha em um pedágio. Mãe solo, ela faz tudo por seu filho, porém, começa a se incomodar com vídeos performáticos que ele faz para a internet. Achando que uma terapia de conversão possa dar um basta ao que o filho faz, ela começa a juntar dinheiro para pagar uma cura gay ministrada por um famoso pastor internacional. Contudo, a forma que ela faz isso é ilegal.

Por enquanto, fique com o trailer do filme:

Brasil retratado

O filme mostra uma realidade muito comum: até onde uma mãe vai para proteger um filho. No caso, o que essa mãe acha que é proteção. Porque, para ela, colocá-lo em uma terapia de conversão é uma forma de proteção. Portanto, retrata também outra realidade mais comum ainda, infelizmente: o imenso preconceito que ainda existe contra pessoas LGBTQIAP+. E as consequências desse preconceito.

A diretora traz esse tema de uma forma muito original e criativa. Além de todo cenário não ser um que costumamos ver em filmes – todavia, afinal, é um cenário bastante brasileiro -, mostra uma mãe que tem um medo muito grande do que pode acontecer com seu filho em um lugar tão cheio de preconceitos, mas que não isola ou rechaça o filho. O longa também mostra a hipocrisia tão comum entre pessoas preconceituosas, que afirmam que ser gay é errado, mas não hesitam em trair seus companheiros sempre que há oportunidade, sendo que, segundo as regras que seguem, trair é tão errado quanto ir para a cama com alguém do mesmo sexo (enfim, a hipocrisia, não é mesmo?).

Revelação

Pedágio é um filme que consegue passar muito bem sua mensagem. E grande parte disso se dá por causa dos atores. Maeve Jinkings já é grande conhecida do público. Além de atuar em novelas, também participou de longas de renome, como O som ao redor, de Kleber Mendonça Filho, e Boi neon, de Gabriel Mascaro. Espera-se que ela se entregue à personagem, pois o público está acostumado com essa característica da atriz. E é o que ela faz. É possível ver como a mãe retrata ama aquele filho, e manda-lo para a dita terapia não vem de um lugar de maldade. Nem todas as outras coisas que faz. Vem de um lugar de cuidado e proteção extremos, já que, como é comum, ela é tudo que ele tem, mãe E pai.

Os atores Kauan Alvarenga e Maeve Jinkings e a diretora Carolina Maskowicz
em debate sobre o filme no Festival do Rio 2023. Imagem: Livia Brazil.

Contudo, Kauan Alvarengua, que dá vida ao filho, é uma grata surpresa, já que é novato nos longas. O jovem ator mostra um equilíbrio perfeito ao interpretar Tiquinho. Ao conversar com o ator, ele se mostrou muito feliz e chocado com a resposta do público ao filme e à sua atuação. Se continuar nesse caminho, Kauan tem muito a mostrar e a nos surpreender. E obviamente que as atuações incríveis são graças, também, à direção certeira de Carolina Markowicz.

Premiações

Pedágio foi exibido nos festivais de Toronto (Canadá) e San Sebastián (Espanha). Além disso, recebeu o prêmio de melhor filme no Festival de Cinema de Roma (Itália). No Festival do Rio, venceu quatro categorias: melhor atriz (Maeve Jinkings), melhor ator (Kauan Alvarenga), melhor atriz coadjuvante (Aline Marta Maia) e melhor direção de arte. O longa também foi um dos pré-selecionados para a edição de 2024 do Oscar, mas Retratos fantasmas, de Kleber Mendonça Filho, acabou sendo o escolhido.

A diretora Carolina Markowicz, e o ator Kauan Alvarenga conversaram um pouco comigo sobre a recepção do filme no Brasil e no exterior. Carolina também comentou sobre a mensagem de Pedágio e como é fazer cinema sendo uma mulher. Está tudo no vídeo abaixo.

Ficha técnica

PEDÁGIO

Brasil | 2023 | 101min.

Direção e Roteiro: Carolina Markowicz

Elenco: Maeve Jinkins, Kauan Alvarenga, Aline Marta Maia, Isac Graça e Thomás Aquino.

Produção: Biônica Filmes.

Distribuição: Paris Filmes.

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