Crítica
Crítica – Teatro – Peça Normal de Anthony Neilson
Publicado
4 anos atrásem

O espetáculo analisado aborda a vida de um serial killer na Alemanha da década de 30, cuja cabeça está hoje exposta no museu “Ripley’s Believe it or Not” e busca levar o espectador a refletir se essa externalização da violência é nata ou foi socialmente construída. A brutalidade e a monstruosidade de um assassino são resultado de um desajuste mental e da falta de perspectivas familiares, ou a forma como a sociedade se coloca é o sistema condutor para este comportamento?
Capítulo 1 – Normal?
A peça Normal tem uma temática que está longe de ser leve: um advogado, Justus Werner, que deve defender o serial killer Peter Kurten. A partir desse fato o espetáculo passa pela biografia desse assassino. A peça é uma adaptação do texto do escocês Anthony Neilson, baseado em fatos reais sobre o criminoso que ficou conhecido como “Vampiro de Dusseldorf” ou “Estripador de Dusseldorf”.
O Espaço Rogério Cardoso, localizado dentro da Casa de Cultura Laura Alvim, no bairro de Ipanema, conta com 53 lugares ao redor de um pequeno palco favorecendo a atmosfera intimista e imersiva proposta pela apresentação. A plateia fica próxima o bastante para ver, perceber e até ser respingada pela saliva dos atores. O cenário é minimalista, composto basicamente por um banco que pode ser dividido em três, o qual, no decorrer da peça, pode tanto ser utilizado para seu objetivo primário como virar uma cama, ou acessório para passos de dança e coreografias. O ínfimo espaço é muito bem utilizado pelo elenco, movimentando-se quase o tempo todo, falando diretamente com os espectadores em diversos momentos. Nesse local, o público é transportado para a Alemanha dos anos 30, presidida por um senhor de 84 anos e mergulhada no desemprego.
Vamos conhecendo o advogado Justus Werner, vivido com competência pelo ator Fifo Benicasa. Sentimos as dúvidas que pairam na mente do personagem, as mesmas que são jogadas para todos ali presentes. Este deixa claro entender tudo sobre as leis, porém nada sobre a vida ou o amor. Justus acaba de assumir a defesa do “’Estripador de Dusseldorf”, Peter Kurten, personagem de aura quase mágica, morbidamente charmoso, que ganha vida pelo talento de Ricardo Soares. Kurten é elegante, lúcido, provocativo e calculista em suas colocações. Traz a lembrança de um famoso personagem do cinema americano, o Hannibal.

No primeiro encontro de Justus com Peter, este último tem como reação perguntar se seu cabelo está bom. A vaidade de alguém que busca fama e tem como herói Jack, o estripador, é explicitada logo de cara.
A infância de Peter foi pesada e é onde reside grande parte da reflexão social sugerida pelo texto. O assassino cresceu em um quarto lotado. Era o terceiro de treze irmãos, tendo um avô ladrão e seus pais transavam ali mesmo em frente a todos. Suas primeiras relações sexuais foram com as irmãs. A questão do incesto se apresenta, clara e dura. Enquanto o advogado Justus nunca esteve com uma mulher, Peter começou sua vida sexual cedo em situações incestuosas.
A criação de Peter, dentro dessa esfera social de miséria, pobreza e brutalidade, neste sistema, foi o que lhe fez crescer assim? O personagem provoca a ingenuidade do advogado quando este fala sobre amor e vida com uma frase que para ele faz sentido: “A brutalidade faz parte do amor”.
Aos oito anos Kurten mata dois coleguinhas e seu sentimento não é de dor, pavor, ou arrependimento; em verdade, é o momento em que afirma ter encontrado um diamante bruto. Já com dezesseis anos é preso por roubo, e acaba passando vinte e sete anos encarcerado por causa de pequenos furtos. A cadeia ou o sistema prisional ajudam com que seja uma pessoa melhor? A prisão não deveria servir para isto?
A iluminação tem destaque preponderante no espetáculo ao auxiliar na criação daquela atmosfera noir, reflexiva e mortal. A luz vermelha rodeia o pequeno palco sugerindo sangue, morte. Os holofotes são direcionados para o ator que toma a frente para falar, e, em certos momentos especiais, a escuridão toma conta e somente escutamos os personagens falando, sem conseguir ver o que está ocorrendo, em uma aura de terror e apreensão, a tensão toma conta. Werner grita chamando os guardas! A plateia sente o medo que o personagem expressa, naquele momento apenas por sua voz, clamando por ajuda. A construção social da emoção está ali, através da arte, atingindo o público, mostrando a força do teatro como elemento de comunicação.
Diversos assassinatos cruéis e brutais de Peter Kurten são descritos em dado momento do espetáculo, o que remeteu este autor ao texto “Categorias na Fronteira: Corpo, Emoção e Comunicação”, escrito por Euler David de Siqueira, presente no livro “A Construção Social das Emoções” organizado por Denise da Costa Oliveira Siqueira, em especial o trecho onde fala sobre uma matéria jornalística do site G1 referente à ditadura e sua crueldade: “Nesse caso, as emoções são mostradas como recurso para acentuar o sentido de perplexidade com as atrocidades cometidas durante os anos de chumbo. Nada melhor do que as emoções para exprimir um conjunto de fatos que escapa à razão.” (2015, página 41)
Capítulo 2 – Quem pode julgar?
Interessante como em diversas passagens o ator Fifo Benicasa realmente veste a roupa do advogado de defesa Justus Werner, dirigindo-se à plateia como se esta fosse o júri que irá decidir sobre o destino de seu cliente Peter Kurten. Esforça-se a partir de movimentos corporais e argumentos para convencer-nos de que Peter é um louco, resultado da sociedade injusta e insana em que vivemos. Em verdade, naquele exato momento a impressão é que a sociedade também está sob julgamento. A sociedade que não previne. Como pode punir o assassinato com outro assassinato? Isso não é ser igual ou pior do que o criminoso? Esta sociedade tolera os monstros, ou, na realidade, é a responsável por criá-los? Essa reflexão é uma construção que o espetáculo busca criar, a sensação é como um tapa na face do público.
A mulher está representada pela atriz Nara Monteiro. Ex-prostituta que se casa com o assassino Peter. Uma das frases mais eloquentes que fala é “Amar é precisar”. Para ela não importa que seu marido seja um assassino, pois o desejo não tem ética. Enquanto isso a trilha sonora original de João Shmid embala o espetáculo com sintonia fina, transformando o que parece uma conversa normal em um clima de suspense, ou de repente, a sensação de terror, sim, às vezes a impressão é de estar dentro de um filme de horror. A importância e o destaque que a trilha possui na peça é gritante como um urro de pavor. Com este pano de fundo, subitamente, lá está Ricardo Soares declamando falas dotadas de um sofisticado humor cáustico. Chega a dar vontade de segurar o riso, mas o assassino é um bom comediante, além disso, a ironia precisa de um certo acaso envolvido.
A dança e a expressão corporal tem papel fundamental na construção das emoções que ao espetáculo pretende destilar no público. Perfeitamente ensaiados, os atores chegam a apresentar uma coreografia que mais lembra uma exibição de dança contemporânea em uma cena específica, por exemplo. Exímio trabalho da direção de movimento de Stefano Giglietta.
A direção de Luiz Furlanetto é de uma sagacidade saborosa e a peça tem um tempo psicológico que parece curto. Passa rápido demais. Aproximadamente uma hora de peça que parece muito menos tamanha a quantidade de reflexões lançadas no ar. O figurino é simples – completamente de acordo com a proposta de época – e ainda existe a participação de uma boneca usada de forma criativa.
Capítulo 3 – Outras críticas
Pude encontrar algumas críticas na internet sobre a peça, como do blog O Teatro Me Representa, escrita por Gilberto Bartholo, o qual elogia o espetáculo, citando sua capacidade de nos tirar da zona de conforto, envolvendo em um clima de medo, pena, terror, ódio. Gilberto cita um conjunto de emoções que a peça traz. Eu já foquei na questão do medo e do terror. Todo o elenco recebe elogios, em confluência com minha análise.
O site Teatro em Cena conta um pouco da história do “Vampiro de Dusseldorf”, é mais uma matéria de divulgação do que crítica, com diversas declarações dos atores como: “Diante de diversas tentativas de desmonte da cultura e educação, neste momento, ficou muito difícil encontrar empresas que se interessassem em investir num teatro que de alguma forma, vai além do entretenimento”, pontua Ricardo Soares.
Já o blog Escrituras Cênicas traz a crítica de Wagner Corrêa de Araújo, sucinta e profunda, destilando conhecimento das artes cênicas e concluindo em confluência com o autor deste artigo, ao mesmo tempo pontuando um debate atual no Brasil, como o porte das armas, explicitado no trecho:
“Em espetáculo que, por sua assumida mas funcional simplicidade como saída de crise e carências, é capaz, mesmo assim, de dar seu oportuno recado para dias inquietos e de pesadelo. Onde Normal é a insanidade ser confundida com a inocência, o porte de armas ser a solução para a criminalidade e o ato de matar se equiparar ao simples lance de dados do prazer, num destes jogos virtuais de vida e de morte.”
A crítica desse autor encontrou grande paralelo com as poucas outras encontradas, tecendo elogios tanto ao elenco como ao texto e sua realização simples e contundente. A iluminação e a trilha sonora sendo constantemente citadas, merecidamente, por seu poder de contribuir tão eficientemente para a atmosfera noir e o certo clima de terror proporcionado pelo espetáculo.
Considerações Finais
A peça traz a reflexão sobre o conceito de normalidade. A partir de cenas e falas contundentes, muitas direcionadas diretamente ao público. Fica clara a provocação com relação ao tema da violência, da insanidade e da culpa que a sociedade e o sistema vigente podem ter sobre a saúde mental das pessoas.
A monstruosidade como algo normal e como uma criança pode vir a se tornar um ser humano brutal e frio. Amor como necessidade contraposto ao desejo que não tem ética. A falta de lugar para a inocência no mundo.

A peça Normal baseada no texto de Anthony Neilson foi apresentada de 04 a 26 de junho de 2019 no Espaço Rogério Cardoso, na Casa de Cultura Laura Alvim. Com tradução de Alexandre Amorim; direção de Luis Furlanetto; direção de arte de José Dias; figurinos de Patrícia Tenius; iluminação por Luiz Paulo Nenen; trilha sonora original de João Shmid; direção de movimento de Stefano Giglietta; bonecas feitas por Sonia Maria Vicente Soares; programação visual de Welton Moraes; direção de produção pela Cultconsut, Elaine Moreira e Cris Rocha e realização por Fifo Benicasa e Ricardo Soares, atores principais. Completa o elenco a atriz Nara Monteiro.
Jornalista Cultural. Um ser vivente nesse mundo cheio de mundos. Um realista esperançoso e divulgador da cultura como elemento de elevação na evolução.

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Publicado
3 dias atrásem
24 de março de 2023
Na última quinta-feira (23), fomos convidados para o evento de lançamento do curta-metragem Nenhum saber para trás: os perigos das epistemologias únicas | com Cida Bento e Daniel Munduruku. Aconteceu no Museu da República, no Rio de Janeiro.
Após a exibição um relevante debate ocorreu. Com mediação de Thales Vieira, estiveram presentes Raika Moisés, gestora de divulgação científica do Instituto Serrapilheira; Luiz Augusto Campos, professor de Sociologia da UERJ e Carol Canegal, coordenadora de pesquisas no Observatório da Branquitude. Ynaê Lopes dos Santos e outros que estavam na plateia também acrescentaram reflexões sobre epistemicídio.
Futura série?
O filme é belo e necessário e mereceria virar uma série. A direção de Fábio Gregório é sensível, cria uma aura de terror, utilizando o cenário, e ao mesmo tempo de força, pelos personagens que se encontram e são iluminados como verdadeiros baluartes de um saber ancestral. Além disso, a direção de fotografia de Yago Nauan favorece a imponência daqueles sábios.
O roteiro de Aline Vieira, com argumento de Thales Vieira, é o fio condutor para os protagonistas brilharem. Cida Bento e Daniel Munduruku, uma mulher negra e um homem indígena, dialogam sobre o não-pertencimento naquele lugar, o prédio da São Francisco, Faculdade de Direito da USP. Um lugar opressor para negros, pobres e indígenas.
Jacinta
As falas de ambos são cheias de sabedoria e realidade, e é tudo verdade. Jacinta Maria de Santana, mulher negra que teve seu corpo embalsamado, exposto como curiosidade científica e usado em trotes estudantis no Largo São Francisco, é um dos exemplos citados. Obra de Amâncio de Carvalho, responsável por colocar o corpo ali e que é nome de rua e de uma sala na USP.
Aliás, esse filme vem de uma nova geração de conteúdo audiovisual voltado para um combate antirracista. É o tipo de trabalho para ser mostrado em escolas, como, por exemplo, o filme Rio, Negro.
Por fim, a parceria entre Alma Preta e o Observatório da Branquitude resultaram em uma obra pontual para o entendimento e a mudança da cultura brasileira.
Em seguida, assista Nenhum saber para trás:
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