Ao usar este site, você concorda com a Política de Privacidade e termos de uso.
Aceito
Vivente AndanteVivente AndanteVivente Andante
  • Cinema
  • Música
  • Literatura
  • Cultura
  • Turismo
Font ResizerAa
Vivente AndanteVivente Andante
Font ResizerAa
Buscar
  • Cinema
  • Música
  • Literatura
  • Cultura
  • Turismo
Leonardo DiCaprio em Uma Batalha Após a Outra- Divulgação Warner Bros
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: ‘Uma Batalha Após a Outra’ é uma rica discussão sobre herança

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 23 de setembro de 2025
7 Min Leitura
Share
Leonardo DiCaprio em Uma Batalha Após a Outra- Divulgação Warner Bros
SHARE

Dirigido por Paul Thomas Anderson, Uma Batalha Após a Outra une ação, drama político e sátira em uma de suas obras mais acessíveis.

Por mais épicos que alguns filmes possam ser, os que permanecem na memória costumam nascer de jornadas simples e diretas, com personagens marcantes e uma base emocional sólida. Aliens: O Resgate (1986, James Cameron) é um exemplo perfeito: por trás da luta espetacular contra os xenomorfos, há apenas a história de duas mães defendendo suas famílias, algo universal, capaz de ressoar muito além da ação. Em essência, é isso que Paul Thomas Anderson constrói em Uma Batalha Após a Outra: um espetáculo tragicômico que, em sua base, se ancora em relações humanas fundamentais, neste caso específico sendo o amor parental.

Conhecido por retratos grandiosos da vida nos Estados Unidos, com Sangue Negro (2008) como marco incontornável, Anderson desta vez entrega sua produção mais acessível. Após flertar com a comédia romântica Licorice Pizza (2021), e o neo-noir, Vício Inerente (2014), o diretor abraça pela primeira vez o gênero da ação em larga escala. O resultado é um híbrido que mistura retrato político, drama intenso, humor pontual e sequências de ação cuidadosamente estendidas até atingirem o clímax máximo, ao invés de cortes rápidos e ágeis.

Nos últimos anos, Leonardo DiCaprio vem deixando para trás a imagem de galã poderoso, encontrando brilho em personagens mais frágeis, inseguros e até covardes, como em Era Uma Vez em… Hollywood (2019, Quentin Tarantino). Em Uma Batalha Após a Outra, ele interpreta Bob, um revolucionário que se vê transformado pela paixão por Perfidia Beverly Hills, uma militante radical com a violência no sangue. A chegada da filha do casal, e o amor intenso que Bob tem por ela, intensifica o conflito central que permeia a produção: até que ponto nossas lutas e traumas se tornam herança inevitável para a próxima geração?

Chase Infiniti em Uma Batalha Após a Outra- Divulgação Warner Bros

Chase Infiniti em Uma Batalha Após a Outra- Divulgação Warner Bros

Ao longo de quase três horas que passam em ritmo fluido, Anderson articula uma reflexão política que nunca se torna densa demais, na medida que o tom permite um forte uso da comédia satírica, como no momento em que Bob necessita de uma informação para salvar a filha, porém, por não lembrar a senha presente no livro do revolucionário, não a obtém, discutindo como as regras e ideologias acabam sendo mais fortes que ação em si, e trazendo um dos momentos mais cômicos e agonizantes de Uma Batalha Após a Outra.

A narrativa de Anderson sugere paralelos claros com episódios da história recente: a busca por um bode expiatório que legitima invasões militares ecoa justificativas usadas pelos EUA para a guerra no Iraque, e a produção discute diversas vezes a questão da imigração ilegal nos EUA. Essas conexões estão presentes nas entrelinhas, sem nunca transformar o filme em mera uma parábola didática, somando na jornada principal de DiCaprio, porém, nunca tirando o seu foco.

O arco de Bob, inevitavelmente, é o de amadurecimento: de homem inseguro à figura confiante, se abrindo novamente para o mundo. O prazer da jornada está no percurso, sustentado por uma atuação magistral de DiCaprio e pelo elenco de apoio composto por Benicio Del Toro, Teyana Taylor e principalmente Sean Penn, em um de seus melhores papéis, como um antagonista que parece saído diretamente de Dr. Fantástico (1964), um militar supremacista branco de contornos caricatos e perturbadores.

Esteticamente, o filme carrega a marca registrada de Anderson: planos belíssimos, uso quase invisível de planos-sequência e uma montagem que valoriza o tempo da ação em vez da pressa caótica. Nada é gratuito, tendo cada sequência longa sustentada por motivações emocionais ou humanas, como na perseguição final em uma rodovia sinuosa, que transforma o espaço físico em metáfora de uma estrada interminável, porém, que inevitavelmente sempre chega ao fim.

Teyana Taylor e Leonardo DiCaprio em Uma Batalha Após a Outra- Divulgação Warner Bros

Teyana Taylor e Leonardo DiCaprio em Uma Batalha Após a Outra- Divulgação Warner Bros

Apesar do título e da carga dramática, Uma Batalha Após a Outra oferece um dos finais mais otimistas da filmografia de Anderson. O vilão é derrotado, os protagonistas amadurecem e a narrativa deixa como legado a reflexão central: a violência, se não for interrompida, se perpetua até contaminar novas gerações. Essa tensão é encarnada em Willa, filha de Bob e Perfidia, que quase sucumbe a um universo de sangue, mas encontra a possibilidade de escolher um caminho diferente, não sendo igual aos pais, e sim evoluindo para se tornar a nova face da revolução.

Já apontado como um dos melhores filmes do ano, Uma Batalha Após a Outra surge como forte candidato ao Oscar 2026, com chances claras em categorias como Melhor Filme, Direção, Cinematografia, Roteiro e Ator (DiCaprio), porém, mais que uma aposta de premiação, trata-se de um épico moderno que alia grandiosidade estética a uma narrativa simples, acessível e profundamente humana.

Sendo ao mesmo tempo, um espetáculo de ação, um drama político e uma reflexão sobre herança, paternidade e mudança, Paul Thomas Anderson prova, mais uma vez, que é capaz de unir cinema popular e arte autoral, oferecendo ao público uma experiência intensa, emocionante e inesquecível.

Distribuído pela Warner Bros. Pictures, Uma Batalha Após a Outra estreia em 25 de setembro.

Siga-nos e confira outras dicas em @viventeandante e no nosso canal de whatsapp !

Leia Mais

  • Crítica: ‘Ne Zha 2’ tem densa história contada com muita ação
  • Crítica: ‘Bicho Monstro’ fica no limiar entre fábula e obsessão
  • Crítica: ‘Zoopocalipse’ aposta em humor e sustos para falar sobre união
Tags:BatalhaCinemacríticaCrítica Uma Batalha Após a OutraDestaque no ViventeLeonardo DiCapriopaul thomas andersonSean PennUma Batalha Após a Outra
Compartilhe este artigo
Facebook Copie o Link Print
4 Comentários
  • Pingback: Kenia Maria estreia no comando da Caminhada em Defesa da Liberdade Religiosa
  • Pingback: Uma batalha após a outra - impactante, intenso e substancial
  • Pingback: Muito Além do Lucro aborda uma nova ideia de capitalismo
  • Pingback: Coração de Lutador retrata a dor do silêncio após os aplausos

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Gravatar profile

Vem Conhecer o Vivente!

1.7kSeguidoresMe Siga!

Leia Também no Vivente

Animais Perigosos
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: ‘Animais Perigosos’ é muito melhor do que só um filme de tubarão

André Quental Sanchez
5 Min Leitura
Super Mario Bros.: O Filme
NotíciasCinema e Streaming

Universal Pictures é líder de bilheteria em 2023

Livia Brazil
3 Min Leitura
Cinema e StreamingCrítica

Sol Alegria | Crítica

Felipe Novoa
5 Min Leitura
logo
Todos os Direitos Reservados a Vivente Andante.
  • Política de Privacidade
Welcome Back!

Sign in to your account

Username or Email Address
Password

Lost your password?