“VAI E VEM” é apresentado como um documentário experimental que busca transmitir as nuances de um ano transformador através do diálogo entre duas amigas. A amizade entre a brasileira Fernanda Pessoa e a mexicana Chica Barbosa, residente em Los Angeles, deu origem a uma reflexão sobre a realidade mundial em 2020. Ao discutirem as condições de seus países e notarem as semelhanças entre os governos negligentes e as questões de saúde pública, surgiu a ideia de criar o documentário experimental “VAI E VEM”. O filme, distribuído pela Boulevard Filmes e codistribuído pela Vitrine Filmes, estreou nos cinemas brasileiros em 16 de novembro, contemplando as cidades de Belo Horizonte, Brasília, Manaus, Porto Alegre, Rio de Janeiro e São Paulo. O longa tem classificação indicativa de 14 anos.
No entanto, para quem espera uma narrativa coesa e impactante, o filme pode decepcionar. A premissa inicial, baseada na necessidade de comunicação e compreensão mútua durante um período turbulento, parece promissora, mas o resultado final se desdobra de maneira desconexa. A tentativa de transmitir a sensação do momento no Brasil, com panelaços diários, obsessão pelas notícias e uma cidade que nunca ficou vazia, não se traduz efetivamente na tela.
Em seguida, veja o trailer, e continue lendo:
A temática da sororidade, apesar de ser proclamada como central, não é explorada de maneira aprofundada. O espectador pode se sentir desconectado das experiências dos cineastas, pois a narrativa parece mais uma tentativa de abordar uma série de tópicos do que uma exploração significativa da amizade entre mulheres em tempos desafiadores.
Pontos positivos
Porém, há três coisas que gostei no filme.
1 – A cena em que Fernanda cozinha a lentilha, em busca de dinheiro, prosperidade e acende um palo santo para espantar as energias ruins. Traz um tom de espiritualidade.
2 – As músicas escolhidas são simplesmente perfeitas e dão uma vibe incrível ao filme. Ou seja, a trilha sonora é excelente e auxilia em elevar a qualidade do longa.
3 – A história da trans. Ela agradece por esta viva, pela sua família, amigos, e cita que infelizmente muitas mulheres trans antigamente não viviam muito tempo. São sinas de novos tempos e de uma melhora na qualidade de vida desse importante segmento da sociedade.
Por fim, o filme tem momentos valiosos, mas a fragmentação excessiva pode incomodar.