Em sua pré-estreia mundial, a coprodução Curdiquistão/Iraque, Cry of The Sky, foi apresentada na tarde de sábado, 29 de fevereiro de 2020, no Festival Internacional de Cinema do Porto, que está acontecendo no Teatro Municipal Rivoli. O longa-metragem tem belas imagens do deserto, com uma fotografia puxando para o sépia durante a maior parte do tempo. Tais escolhas favorecem o tom de desesperança que permeia toda essa obra.
Aliás, o filme é um grande festival de tragédias, mostrados muitas vezes em planos detalhe que prezam por não exacerbar a violência, mas a sugestão. Como no falecimento de um personagem, onde só vemos sua mão segurando um simbólico objeto, no canto esquerdo da tela. A montagem e os cortes são completamente diferente do estilo hollywoodiano, o ritmo é muito mais lento. Isso pode causar certa estranheza, mas a oportunidade de ver um tipo diferente de cinema merece apreciação.
Lágrimas do céu
A sinopse é a seguinte: uma mulher tem uma filha numa cabana e vai tentar que as regras dos homens lhe permitam uma vida digna. Baseada no colapso da primeira revolta no Curdistão em 1961 e a recuperação caótica da resistência na segunda metade dos anos 70. O filme acaba sendo uma crítica a certos costumes machistas – e crueis. O trailer abaixo faz parecer que é quase um filme de ação, sobre guerra. Também é, tem algumas batalhas e no terceiro ato há reflexões sobre a condição de refugiado. Porém, na maior parte do filme, o problema principal abordado que movimenta toda a aldeia é o fato de uma mulher ter engravidado fora de um casamento. O governante da aldeia considera que ela envergonhou todo seu povo dessa forma.
Em verdade, Cry of The Sky é uma coleção de tragédias e perdas. Shahram Qadir é cineasta, roteirista e fotógrafo iraniano. Cresceu no Irã em Teerã, Qom e Azerbaijão Ocidental, mas vive na Suécia desde 1992. Ele é mestre pela Universidade de Södertörn em Arte e História da Arte na Suécia. Aqui, presenteia o público com um filme interessante, onde vemos um pouco da fé e dos costumes daquela região, como a tristeza é encarada, as consequências da guerra.