Ao usar este site, você concorda com a Política de Privacidade e termos de uso.
Aceito
Vivente AndanteVivente AndanteVivente Andante
  • Cinema
  • Música
  • Literatura
  • Cultura
  • Turismo
Font ResizerAa
Vivente AndanteVivente Andante
Font ResizerAa
Buscar
  • Cinema
  • Música
  • Literatura
  • Cultura
  • Turismo
CinemaCrítica

Crítica | Wes Anderson vai além em A Crônica Francesa

Por
Felipe Novoa
Última Atualização 30 de março de 2023
6 Min Leitura
Share
a cronica francesa
SHARE

Depois de muita demora por conta da pandemia global, “A Crônica Francesa”, o último filme do diretor texano Wes Anderson, estreou no ano passado. A história gira no entorno da última edição da revista French Dispatch, um adendo cultural de um jornal americano baseado em Ennui-sur-Blasé, uma Paris fictícia. Essa última edição serve de elogio fúnebre e epitáfio, tanto à revista em si quanto ao seu editor (Bill Murray) que acabou de morrer. Além disso, a French Dispatch é uma carta de amor à cidade, a sua cultura e às suas pessoas.

Muitos, muitos personagens

Pela primeira vez na cinematografia de Anderson, podemos ver um compilado de histórias ao invés de uma narrativa única. A partir da lógica de uma revista, o filme é dividido em 4 artigos, que são narrados pelos seus respectivos autores: Herbsaint Sazerac (Owen Wilson), J.K.L. Berensen (Tilda Swinton), Lucinda Krementz (Frances McDormand) e finalmente, Roebuck Wright (Jeffrey Wright). Esse grupo de jornalistas, cronistas, redatores e poetas une, tece e narra a edição final. Cada um discorrendo segundo a sua especialidade, contando uma parte da vida em Ennui-sur-Blasé.

Dando continuidade ao elenco dos narradores-personagens, “A Crônica Francesa” tem diversas outras estrelas, como o queridinho do momento, Timothée Chalamet, a Bond girl Léa Seydoux, Benicio del Toro, Adrien Brody e muitos, muitos outros atores. Esse timaço de estrelas é o equivalente ao Vingadores Ultimato do cinema de arte, mas com mais profanidade, nuance e cigarros.

Plot e narrativa

Assim, a história de “A Crônica Francesa” é uma antologia de pequenas histórias. Da introdução, ao passeio cênico de bicicleta, até coberturas artísticas, políticas e criminal-culinárias, o filme retrata a nata de uma cultura pseudo francesa dos anos 60 ou 70. A facilidade com que “A Crônica Francesa” pula no tempo, no espaço e na linguagem narrativa serve apenas para atestar a maestria com que Anderson dirige e faz o seu worldbuilding.

Dessa forma, a French Dispatch se assemelha à Ilustríssima e à Piauí, além de tantas outras revistas que informam e formam opinião para a alta classe dos leitores contemporâneos. Fora do Brasil, essa comparação pode ser feita apenas com o New Yorker, a inspiração mais clara e direta desse prolixo suplemento cultural. A partir dessa comparação, pode-se entender para quem é “A Crônica Francesa”: cinéfilos, diletantes, cultos, imortais da ABL, assinantes da Quatro Cinco Um e frequentadores do Sala Cecília Meireles. Em suma, não é para todo mundo.

Indo contra essa ideia de elevação cultural e moral, “A Crônica Francesa” mostra uma cidade suja, cheia de ratos, prostitutas e crimes. Essa contradição é irônica e hilária, sendo, de longe, um alívio no meio de tanto nariz em pé e bons modos. É com esse tipo de gracejo que Anderson não perde a audiência, mas a conquista definitivamente. Sua linguagem floreada acaba pesando nos “capítulos”, dando a impressão que eles se arrastam nos últimos minutos, o que é cansaivo mas não necessariamente ruim.

A muitíssimo bem-vinda, mas torta, evolução

Como todo filme, é necessário fazer uma análise justa, ao invés de rasgar seda gratuitamente. Os cinematografia do Anderson é como um toda elitista, isso não é novidade para ninguém, mas além disso, nela falta representatividade. Em quase todos os seus filmes (até então), existiu uma quase total inexistência de atores afro americanos, nativos americanos, asiáticos, latinos, etc.

Quando estes estavam presentes (vide, The Darjeeling Limited), os atores e atrizes são tratados como objetos no plot, sendo responsáveis apenas por movimentar o enredo, muitas vezes desprovidos de personalidade ou mesmo de diálogos. Pior ainda, existe uma constante “orientalização” que fetichiza as culturas não euro centradas. Em “Ilha dos Cachorros”, Anderson foi criticado fortemente por essa visão branca e fetichizada da cultura japonesa.

Remando contra essa hegemonia, “A Crônica Francesa” têm alguns atores não brancos, entre eles Jeffrey Wright e Stephen Park. Essa pequena representatividade demonstra uma guinada na forma que Anderson dirige e monta o seu elenco. O momento para elencos não diversos nunca esteve aqui, mas aparentemente a indústria só entendeu agora, ainda que esteja empurrando com a barriga uma revolução mais sólida.

Considerações finais

Afinal, como deveria ser um filme do Wes Anderson? Esperamos uma trilha sonora retrô, um batalhão personagens idiossincráticos e emocionalmente ausentes, um design de produção obcessivamente detalhado, tons pastéis, conflitos emocionais frios, e tanto tanto mais. “A Crônica Francesa” apresenta todos os itens dessa checklist e ainda assim respira com a novidade.

Finalmente, apesar dos probleminhas, uma história fascinante e envolvente se desenvolve nos 108 minutos de duração. O saudosismo por uma França que nunca existiu é criado, acalentado e entregue à audiência, que ao fim sonha em pegar um avião e se mudar para Ennui-sur-Blasé; mas que se contentaria em pelo menos comprar edições antigas do French Dispatch no eBay.

Ademais, veja mais

O rock eletrônico do Duo gaúcho El Negro

Crítica | ‘Mary Está Feliz’ na Filmicca é profundo, surreal e twitter

Crítica | ‘Sing 2’ traz música e humor em história simples e divertida

Tags:a crônica francesaa cronica francesa criticaa cronica francesa resenhaBill Murraycinema americanocinema francêsFrances McDormandfrench dispatchJeffrey WrightOwen Wilsontilda swintonwes anderson
Compartilhe este artigo
Facebook Copie o Link Print
Felipe Novoa's avatar
PorFelipe Novoa
Follow:
Crítico/fotógrafo. Atualmente focando na graduação em jornalismo e escrevendo muito.
Nenhum comentário

Deixe um comentário Cancelar resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Gravatar profile

Vem Conhecer o Vivente!

1.7kSeguidoresMe Siga!

Leia Também no Vivente

Elenco de A Porta ao Lado Foto Desiree do Valle
CinemaCríticaEntrevistasNotícias

Crítica | ‘A Porta ao Lado’ debate monogamia e as vontades individuais

Alvaro Tallarico
3 Min Leitura
The day after calipso, veja o curta-metragem completo no Vivente Andante.
CinemaNotícias

The Day After Calipso | Assista ao microfilme

Alvaro Tallarico
2 Min Leitura
Meu Nome É Maria
CinemaCrítica

Crítica: ‘Meu nome é Maria’ mostra a perda do brilho de uma estrela

André Quental Sanchez
8 Min Leitura
logo
Todos os Direitos Reservados a Vivente Andante.
  • Política de Privacidade
Welcome Back!

Sign in to your account

Username or Email Address
Password

Lost your password?