A atriz e diretora mineira, Yara Novaes, recebeu há alguns anos de seu pai uma caixa que permaneceu fechada por alguns anos. Ao decidir abri-la, Yara se surpreendeu com uma foto de sua bisavó, uma senhora negra que estava vestida de sinhá no final do século XIX. A descoberta ficou adormecida até a atriz receber o convite para participar do CenaWeb e montar o “(Des)memória”.
O jogo é uma novidade para Yara Novaes que utiliza do artifício para investigar seus antepassados, entender a história e o processo de embraquecimento da sua família. A linguagem dos games tem o objetivo de promover uma interação com os espectadores, eles conseguem montar o quebra-cabeça com a trajetória familiar da diretora narrada por ela mesma. ‘No teatro jogamos o tempo todo um jogo que não acontece somente no palco e que se completa através de um pacto com quem está assistindo’, Yara Novaes, que ressalta as muitas possibilidades dramatúrgicas que este novo universo trouxe.
(Des)memória: Uma peça-jogo online
O jogador ou espectador tem acesso a várias pistas durante a experiência do “(Des)memória” que o levarão a alguns diálogos, depoimentos, narrações da própria diretora. Além disso, há a cenas gravadas em endereços importantes não só para Yara, mas é como se tivéssemos acesso a um tour por Minas Gerais. Lá conhecemos a sede do grupo teatral Espanca!, a praça Minas Gerais, no centro de Mariana, vemos o local em que aconteceu o rompimento da barragem em 2015 e também entendemos que esse acontecimento afetou muito a população preta e evidenciou o racismo estrutural no Brasil.
São muitas questões que nos deparamos em “(Des)memória” que, aliás, é um neologismo presente no poema da também diretora e atriz mineira, Elisa Santana. O game ajuda a refletirmos sobre a importância dos nossos ancestrais, o quão é fundamental conhecermos a nossa própria história e ajuda-nos a pensar sobre o racismo presente até os tempos atuais.
A peça-jogo ficará em cartaz gratuitamente no site do Teatro em Movimento até o dia 10 de março. O projeto tem incentivos do Ministério do Turismo, do Instituto Unimed-BH e da Cemig. A idealização do projeto e direção de “(Des)memória” é de Yara Novaes.